13 de fev. de 2012

Ilha inglesa quer ajuda do Brasil para ter banda larga

BRASIL- SANTA HELENA
Ilha inglesa quer ajuda do Brasil para ter banda larga
Moradores da ilhota de Santa Helena, território ultramarino britânico, onde Napoleão ficou exilado, estão numa barulhenta campanha querendo que o cabo submarino de fibra ótica que vai ligar a África ao Brasil, seja desviado e passe por lá. A ideia não tem viabilidade econômica, vai custar caro, além de mudar e atrasar o projeto original. Eles esperam que as empresas e os países envolvidos façam isso por humanismo.

Foto: Earth Image

Jamestown, a estranha capital de Santa Helena

Postado por Toinho de Passira
Fontes: BBC Brasil, News Africa, Conect St. Helena, ZD Net

Habitantes da remota ilha de Santa Helena, no Oceano Atlântico, estão fazendo uma campanha para que o cabo submarino de fibra ótica que vai ligar a África ao Brasil, o South Atlantic Express, seja desviado e passe pelo local.

Para isso, o território ultramarino britânico onde Napoleão ficou exilado vai precisar de apoio financeiro e de uma parceria com uma empresa de telecomunicações brasileira ou sul-africana, que aceite atuar como "provedor de internet" para a ilha.


Ilha de Santa Helena, no meio do nada, entre a África e o Brasil

"Haveria oportunidades fantásticas para a população da ilha, tanto sociais como econômicas", disse à BBC Brasil o líder da campanha, Christian von der Ropp.

O projeto do South Atlantic Express, liderado pela empresa sul-africana eFive e pela GlobeNet, no Brasil, prevê a ligação entre Fortaleza, Luanda, em Angola, e Cidade do Cabo, na África do Sul, através de cabos de fibra ótica submarinos com cerca de 10 mil quilômetros de comprimento e capacidade de 12,8 Tbps.

As companhias dizem que a conexão submarina vai aumentar a conectividade entre América do Sul e África, e suprir parte do aumento na demanda de transmissão de informações criada pela Copa do Mundo, em 2014, e pela Olimpíada de 2016, no Brasil.

Von der Ropp afirma que, se o projeto for modificado para englobar também a ilha, Santa Helena se beneficiaria imensamente.

O ativista argumenta que o acesso a banda larga levaria mais recursos para a educação, ajudaria no diagnósticos e tratamento de doenças - já que o hospital mais próximo fica a 2 mil quilômetros de distância - e aumentaria a ligação cultural da ilha com a Grã-Bretanha, através do acesso à mídia.


A pintura de Francois-Joseph Sandmann, retratando o exílio de Napoleão na Ilha de Santa Helena.

Turismo e negóciosSegundo a campanha Conect St. Helena a principal vantagem da conexão à internet de alta velocidade seria econômica.

"Poderiam ser abertos negócios baseados na internet, centrais de telemarketing... Vários habitantes que migraram para a Grã-Bretanha e Estados Unidos dizem que voltariam à Ilha de Santa Helena e abririam uma empresa, se houvesse a conexão de banda larga. Além disso, haveria muitos benefícios para a indústria de turismo."

Hoje, um único satélite fornece toda a conexão de internet e telefonia internacional da ilha.

Segundo Von der Ropp, a velocidade máxima de 10 Mbps é reservada para apenas alguns poucos usuários, enquanto o restante da capacidade de transmissão é dividida por todos os outros usuários da ilha, resultando em uma conexão lenta, "comparável à velocidade dos modems analógicos do fim dos anos 90".

Além disso, os preços seriam muito altos.

"Em mercados ocidentais, a média de consumo de dados por assinante de banda larga ficaria entre 10 e 20 GB mensais. No entanto, consumir um volume de 10 GB em Santa Helena em um mês custaria 790 libras (R$ 2,1 mil)", diz o website da campanha.

CustoA mudança no trajeto do cabo para incluir a Ilha de Santa Helena aumenta o comprimento do cabo em apenas 100 quilômetros, segundo os organizadores da campanha, mas envolve custos que chegam a casa dos milhões de dólares.

O presidente da empresa eFive, Lawrence Mulaudzi, disse à BBC Brasil que já aceitou alterar a rota dos cabos, apesar das dificuldades logísticas que isso adicionaria ao projeto.

O morador Christian von der Ropp idealizador da campanha.
Os organizadores da campanha tentam agora conseguir apoio financeiro do governo britânico e da União Europeia, além de patrocinadores privados, para cobrir os custos da mudança de trajeto.

O fato de Santa Helena ter apenas 4,2 mil habitantes faz com que o projeto não tenha apelo comercial para as empresas.

"Santa Helena poderia ter um papel pioneiro. Seria um evento sem precedentes a indústria de telecomunicações escolher ligar estes cabos a uma ilha tão remota e com uma comunidade tão pequena, puramente por razões sociais e de caridade", diz Von der Ropp.

"A ilha pode virar um exemplo de como o desenvolvimento social e econômico pode ser criado através da conexão com cabos submarinos, mesmo em regiões desconectadas, com comunidades carentes, que não oferecem perspectivas de grandes lucros."

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