OPINIÃO - Mubarak, o ditador que nos amava
OPINIÃO Mubarak, o ditador que nos amava No final, a recusa dos manifestantes em ceder selou o destino de Mubarak. Mas o Ocidente ficou ao lado do líder quase até o final, apesar dele ter transformado seu país em um Estado policial, perseguido a oposição, eliminado dissidentes e saqueado sua economia. Por 30 anos, os parceiros de Mubarak no Ocidente o apoiaram enquanto ele governava o Egito com mão de ferro.
Foto: Associated Press Postado por Toinho de Passira Os analistas não cansam de comentar que o movimento libertário egípcio, inspirado no sopro que veio da Tunísia, pode influenciar todo o comportamento político do Oriente Médio, do mundo árabe mulçumano e expandir os anseios populares por liberdade, até por outras regiões do planeta, onde quer que um ditador esteja de chicote na mão cerceando a legítimo direito do povo de escolher os seus governantes de forma direta e democrática. O ocidente, porém, está entre perdido e envergonhado por ter apoiado e fortalecido durante estes 30 anos, Hosni Mubarak. A revista alemã Spiegel, diz na edição que vai as bancas hoje, que “O ocidente perde seu tirano favorito”, realçando a promiscuidade política dos líderes ocidentais para com o ditador. Presidentes americanos, chefes de Estado franceses, primeiros-ministros britânicos e alemães – todos mantinham um relacionamento estreito com o presidente egípcio. Fechavam os olhos sobre a sua atuação interna, esmagando o seu povo, desde que continuasse como fiador do plano de paz com Israel, usasse sua influência no mundo árabe em defesa dos interesses ocidentais e combatesse com veemência e dedicação o terrorismo dos extremistas islâmicos. Segundo a revista Spiegel, a família Mubarak desfrutava de alta estima na Alemanha. Em 2004, a Universidade de Stuttgart concedeu a “cidadania honorária” da universidade à esposa do presidente, Suzanne Mubarak, por seu compromisso social e sua dedicação aos direitos das crianças e mulheres. O apreço pela habilidade diplomática de Mubarak permaneceu alto até recentemente. Na pauta dos encontros entre o chefe de governo egípcio e as democracias ocidentais, o tema “direitos humanos” aparecia como um item de protocolo, sem a importância devida, só para constar, nada que pudesse representar realmente uma pressão verdadeira por exigência de reformas internas. Foto: Reuters Os presidentes americanos sucederam-se durante esses 30 anos apoiando, fortalecendo e cortejando Mubarak. Enquanto foi ditador, o chefe de governo egípcio conviveu prestigiado por seis presidentes americanos, desde Jimmy Carter, seguido de Ronald Reagan, passando por George H. W. Bush (pai), Bill Clinton e George W. Bush (filho). Fotos: Associated Press/DPA O presidente Bush considerava o regime linha-dura do Egito útil na luta contra os suspeitos de terrorismo e aqueles que os apoiavam. Fala-se até em operações da CIA, o órgão de inteligência americana, feita por encomenda para Mubarak. Foto: Eric Feferberg/AFP/Scanpix Nicolas Sarkozy, de todos os chefes de Estados comprometidos com Mubarak é o que está passando o maior vexame. Mesmo no pronunciamento que fez quando soube da renuncia, elogiou o ditador dizendo que o gesto de Hosni Mubarak foi "uma decisão corajosa e necessária". Foto: Getty Images Muito flexível, a moral política internacional, parece não se importar mesmo, com as ditaduras, desde que não seja no seu país e que o ditador seja seu amigo. |
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