Irã: Recorde em execuções de prisioneiros
Irã
Recorde em execuções de prisioneiros Num oportunismo mórbido, com as atenções voltadas para as manifestações, no Egito e na Tunísia, uma população carcerária inflada e a proximidade do aniversário da Revolução Islâmica, o regime iraniano viu a situação ideal para executar 97 pessoas no período de um mês Postado por Toinho de Passira A ONG “International Campaign for Human Rights in Iran” noticiou no seu site, que na segunda-feira 7 de fevereiro de 2011, 10 prisioneiros foram secretamente enforcados dentro da prisão em Vakilabad. Sem precisar o número, a ONG afirma ter informações que mais execuções teriam ocorrido nas prisões de Birjand e de Taibad. A maioria dos executados foi condenado pelo arbitrário sistema judicial iraniano por tráfico de drogas, alguns deles eram de cidadania afegã. A rotina das execuções cria uma burocracia mórbida, quando são emitidos às vésperas certificados de óbito dos preso, enquanto esses ainda estão vivos. Este comportamento oficial não fere apenas a lei iraniana, mas também agride a lei islâmica Sharia. De acordo com a lei islâmica, se uma pessoa sobrevive a uma execução (sob condições estipuladas), ela obterá a liberdade. Ao que se sabe durante um período de seis semanas entre 20 de dezembro de 2010 e 31 de janeiro de 2011, o governo noticiou a ocorrência de 121 execuções em todo o país, acredita-se, porém, que o numero seja bem maior. Há denuncias permanentes de violações dos direitos dos prisioneiros, desrespeitados até na hora de morrer. As execuções ocorrem sem que sejam informados, como a manda a lei iraniana, os advogados, os familiares e o próprio condenado. Os prisioneiros executados são informados sobre sua iminente execução apenas algumas horas antes. O dia 19 de dezembro de 2010 entrou para a história do Irã com a execução de 22 pessoas em apenas 24 horas. Trata-se de uma das datas com as estatísticas mais elevadas no que se refere à aplicação da pena de morte no país. Com a dificuldade de se obter dados oficiais em um regime tão fechado, os números levantados por organizações internacionais que defendem os direitos humanos são a única fonte de informação sobre o que se passa na República Islâmica. Se continuar neste ritmo, o Irã terá realizado mais de 1.000 execuções até o fim de 2011. E o motivo não é apenas a rotineira tirania do regime, conforme apontam analistas ouvidos pelo site de VEJA. Um conjunto de fatores provocou o aumento alarmante das execuções: o mundo voltado para os conflitos no Egito e na Tunísia, a proximidade do 32º aniversário da Revolução Islâmica e um problema doméstico: uma população carcerária inflada. Com as crises políticas nos países árabes, o governo do Irã pôde executar prisioneiros de maneira silenciosa, sem chamar a atenção da imprensa. Ainda assim, a Organização das Nações Unidas (ONU) chegou a se manifestar sobre o assunto e declarou perplexidade. A entidade disse que, em vez de atender aos apelos da comunidade internacional, as autoridades iranianas ampliaram o uso da pena de morte por meio de uma Justiça obscura. A ocasião também foi oportuna para os opressores mostrarem que os iranianos devem, sim, temer o regime. De acordo com Mina, há muitas pessoas desempregadas no Irã, os índices de pobreza e o preço dos alimentos aumentaram, e a população está insatisfeita. “O regime tem medo de uma nova revolução e tenta mostrar com as execuções que é ele quem manda. Essa é uma política muito bem marcada”, afirma a iraniana Mina Ahadi, porta voz do Comitê Internacional contra a Execução e do Comitê Internacional contra o Apedrejamento. Foto: Arquivo O 32º aniversário da Revolução Islâmica no Irã, comemorado no dia 11 de fevereiro, é uma data tensa, em que a oposição costuma organizar manifestações contra o regime. As tentativas do governo de frear esses protestos são diversas. Em 2010, a velocidade da internet foi reduzida em todo o país, o acesso às contas de e-mail foi dificultado e forças policiais foram espalhadas pelas ruas, agredindo líderes opositores. Dezenas de manifestantes ficaram feridos. Foto: |
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