14 de fev. de 2011

Ronaldo, fenômeno, dá adeus aos gramados

BRASIL -FUTEBOL
Ronaldo, fenômeno, dá adeus aos gramados
Chegou ao fim nesta segunda-feira uma das mais brilhantes carreiras da história do futebol. Aos 34 anos, Ronaldo não resistiu à intensa batalha diária contra os desgastes físicos acarretados pelas oito cirurgias ao longo da sua trajetória, e anunciou que não jogará mais profissionalmente. É o fim para aquele que eternizou a camisa 9 com um talento que, não por acaso, lhe rendeu o apelido de Fenômeno e se transformou em um mito mundial

Foto: Reuters

O jogador que mais marcou gols na história das Copas do Mundo. Foram 475 gols como profissional, desde 1993. Em 97 partidas que disputou com a camisa da seleção brasileira fez 62 gols, dos quais 15 em Copas do Mundo.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Globo Esporte, La Gazzeta dello Sport, Dail Mail, Ole, UEFA, L’Èequipe , FIFA

Foram 475 gols como profissional, desde 1993. Em 97 partidas que disputou com a camisa da seleção brasileira fez 62 gols, dos quais 15 em Copas do Mundo. O jogador que mais gols fez em Copas do mundo. - Estou aqui para falar que estou encerrando a carreira como jogador profissional. E dizer que essa carreira foi linda, maravilhosa e emocionante - declarou Ronaldo, ao abrir o seu emocionante pronunciamento.

Em uma concorrida entrevista coletiva no Centro de Treinamento Joaquim Grava, em São Paulo, o craque comunicou, exatamente às 13h02m, que não continuará atuando pelo Corinthians, clube com o qual tinha contrato até 31 de dezembro de 2011.

Ronaldo assombrou o planeta aliando velocidade e técnica de forma nunca vista antes, mas sucumbiu ao tempo e ao próprio corpo. Agora, se dedicará à família, à vida de empresário, a um projeto social e à fortuna que acumulou sendo um gênio da bola.

Ronaldo chegou ao centro de treinamento às 10h30m, acompanhado de dois dos seus quatro filhos - Ronald e Alex. Vestido com traje casual caminhou até o gramado onde os outros jogadores treinavam e parou a atividade. Por cerca de cinco minutos, discursou para companheiros, membros da comissão técnica e diretoria. No fim, todos o aplaudiram de pé e o abraçaram em uma cena comovente, que representa bem o respeito que todos têm por ele.

Foto: Marcos Ribolli / GLOBOESPORTE

Ronaldo chora ao anunciar sua despedida do futebol

- Todos sabem do meu histórico de lesões. Tenho tido, nos últimos anos, uma sequência de lesões que vão de um lado para o outro, de uma perna para a outra, de um músculo para o outro. Essas dores me fizeram antecipar o fim da minha carreira. Além disso, há quatro anos eu descobri, quando estava no Milan, que sofria de hipotireoidismo. É um distúrbio que desacelera o metabolismo e que, para controlá-lo, é necessário tomar alguns hormônios proibidos no futebol, por poder acusar doping. Imagino que muitos devam estar arrependidos por terem feito chacota sobre o meu peso, mas eu não guardo mágoa de ninguém.

O pronunciamento, que durou 45 minutos, foi recheado de emoção. Por diversas vezes, o craque precisou parar de falar para se concentrar e segurar as lágrimas. Várias partes do seu discurso foram pausadas, com interrupções para que pudesse respirar mais fundo. Num papel ele trazia algumas palavras que ensaiou em casa na noite passada, mas teve muita dificuldade em seguir o script. Ronaldo não conseguiu... e chorou.

Foto: Marcos Ribolli/GLOBOESPORTE

Antes do adeus oficial, Ronaldo se despediu dos companheiros de clube e foi muito aplaudido. Não me imaginava viver sem o Corinthians" - Ronaldo

- Foi uma carreira linda, vitoriosa, emocionante... Tive muitas derrotas, infinitas vitórias, fiz amigos e não lembro de ter feito um inimigo. Tenho muitos agradecimentos a fazer. A todos os clubes em que passei: São Cristóvão, Cruzeiro, PSV, Barcelona, Inter de Milão, Real Madrid, Milan... O Corinthians eu agradecerei logo mais. Quero agradecer a todos os jogadores que atuaram comigo e aqueles que jogaram contra, aos que foram leais e aos que foram desleais também. Agradecer aos treinadores com os quais tive boa relação e aos que eu tive divergências. E também agradecer aos patrocinadores que sempre acreditaram em mim.

Foto: Reuters

No ano 2000 Ronaldo assistindo o desfile de 7 de setembro ao lado do Presidente Fernando Henrique Cardoso

Para se distrair e tentar não deixar as lágrimas escorrerem, Ronaldo rabiscava um pedaço de papel, postava comentários no Twitter e brincava com os filhos, que estavam sentados numa cadeira ao lado. Alex, o caçula de 5 anos, chegou a se esconder embaixo da bancada, arrancando risadas do pai. Como prometido, o Corinthians teve um capítulo especial na hora do seu adeus.

- Tudo começou com um café da manhã com o presidente Andrés Sanches no Rio de Janeiro. Acreditei no projeto, demos um aperto de mão e eu falei para ele "pode trazer o contrato que eu assino até em branco se precisar". Reuters

Foto: Getty Images

Ao lado dos filhos Alex e Ronald, o Fenômeno falou e se emocionou durante 45 minutos. Muitos devem estar arrependidos por fazer chacota sobre o meu peso. Tenho hipotireoidismo e preciso tomar um hormônio que é proibido no futebol" - Ronaldo

Ronaldo foi apresentado como reforço do Corinthians em dezembro de 2008. Era o principal nome do projeto de reconstrução do clube, que acabava de voltar de um doloroso rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro, quando jogou a Segunda Divisão e retornava à elite. Pelo Timão, Ronaldo esteve em campo 69 vezes, marcou 35 gols e ganhou dois títulos em 2009: o Paulistão e a Copa do Brasil.

A perda de duas Libertadores, 2010 e 2011, foram os seus piores momentos. A última, inclusive, culminou numa reação violenta de parte da torcida. No retorno da Colômbia, onde o time foi eliminado ainda na primeira fase, o ônibus da delegação foi apedrejado, os atletas foram insultados e os muros do clube acabaram pichados. Ronaldo, claro, foi o principal alvo. Brasileiro Ronaldo

Foto: Getty Images

Ronaldo recebendo o título de melhor jogador do mundo, pela FIFA, em 2002, ao lado do francês Zinedine Zidane que ficou em terceiro lugar. Ronaldo foi eleito o melhor jogador do ano por três vezes, 1996, 1997 e 2002

- Tenho de fazer meu agradecimento a todos os brasileiros que choraram comigo quando eu chorei e que caíram comigo quando eu caí. Mas, dessa torcida brasileira toda, eu quero agradecer a do Corinthians. Nunca vi uma torcida tão vibrante, tão apaixonada e tão entregue ao seu time de futebol. É certo que em algumas vezes essa cobrança por resultado a torna agressiva e fora do controle. Mas eu não me imaginava viver sem o Corinthians. Agradeço ao Andrés, que é meu irmão, e digo que continuarei ligado ao clube da maneira que ele quiser. Muitas vezes vocês vão me encontrar torcendo pelo Corinthians no estádio. Aproveito e peço desculpas publicamente pelo fracasso no trajeto da Libertadores.


Ronaldo: 1993 no Cruzeiro, 44 partidas e 4 gols; 1994-1996 no PSV, 57 partidas e 54 gols; 1996-1997 no Barcelona, 49 partidas e 47 gols, 1997-2002 no Inter de Milão, 99 partidas e 59 gols.

Ao longo da carreira, ele balançou as redes 475 vezes, contando as passagens por Cruzeiro, PSV, Barcelona, Inter de Milão, Real Madrid, Milan, Corinthians e Seleção Brasileira. O Fenômeno foi também eleito três vezes o melhor jogador do mundo pela FIFA e deixa o futebol com o status de maior artilheiros das Copas do Mundo e com dois títulos da principal competição do planeta - em 1994 como reserva e em 2002 como estrela.


Ronaldo: 2002-2007 no Real Madrid, 177 partidas e 104 gols; 2007-2008 no AC Milan, 20 partidas, 9 gols; 2009-2011, no Corinthians, 69 partidas e 35 gols.

Já na condição de ex-jogador, o Fenômeno tem planejado o que fará da sua vida. Empresário, vai cuidar dos seus negócios. Em julho ele pretende reunir amigos para uma despedida oficial. E, em breve, anunciará a criação de um instituto social chamado "Criando Fenômenos". Acostumado a deixar para trás seus adversários, Ronaldo encerra sua carreira por causa de um obstáculo bem mais próximo, citado em uma frase emblemática:


Os joelhos de Ronaldo marcado por cirurgias radicais
- Perdi para o meu corpo.

O anúncio oficial da aposentadoria de Ronaldo virou assunto em sites de todo o mundo. Até a Fifa se rendeu ao ex-camisa 9 do Corinthians e exaltou a carreira do maior artilheiro das Copas do Mundo na manchete do site oficial: "Sempre um Fenômeno".

A página da Uefa também dá destaque ao final da carreira de Ronaldo, que passou por PSV, Barcelona, Inter de Milão, Real Madrid e Milan no futebol europeu. O site lembrou uma declaração do Fenômeno de que sua única decepção na vida foi não ter conquistado a Liga dos Campeões do continente.

A entrevista de Ronaldo desta segunda-feira ganhou manchetes nos sites dos principais jornais do mundo. Na Espanha, o "Marca", de Madri, dá destaque à frase "Perdi para o meu corpo"

Em Barcelona, o "Sport" destacou a declaração "É a minha primeira morte", que o Fenômeno usou ao lembrar uma frase do ex-meia Falcão. O italiano "La Gazzeta dello Sport" traz fotos e vídeos da carreira do camisa 9 e também o depoimento de Massimo Moratti, presidente do Inter de Milão que contratou o craque em 1997.

Captura da tela do Site da FIFA

"Sempre um Fenômeno", diz Fifa sobre o adeus do maior artilheiro das Copas do Mundo

- Ronaldo foi o maior centroavante da história. Tenho muito afeto e carinho. O site do jornal português "Record" diz que o ídolo deu "ponto final a uma carreira fenomenal". Na França, o "L'Equipe" exibiu uma foto de Ronaldo com a taça da Copa do Mundo de 2002 e destacou que a sala de imprensa do Corinthians estava lotada, com jornalistas até do lado de fora, para o anúncio oficial.

O "Daily Mail", da Inglaterra, chama o Fenômeno de "lenda brasileira" e lembrou que Ronaldo chorou bastante ao se despedir dos gramados. Mas, talvez, a melhor manchete tenha saído da Argentina: "O gol está triste", escreveu o "Olé", que colocou a notícia do camisa 9 como a principal do site na tarde desta segunda.

Foto: Getty Images

O DIA QUE RONALDO E O BRASIL PERDERAM: - Final da Copa do Mundo na França em 1998, o goleiro francês Fabien Barthez salta sobre Ronaldo para evitar o ataque da seleção brasileira, sobre o olhar de Lilian Thuram. Brasil perdeu para a França, pelo placar de 3 a 0 no fatídico dia 12 de julho de 1998, no estádio de Saint-Denis.


Um comentário:

Ana Maria disse...

Ja foi? Já foi tarde!

Abraço,
Ana Maria