Ministério Público vai a justiça para obrigar governador do Ceará a devolver cachê pago a Ivete Sangalo
BRASIL – Escândalo Ministério Público vai a justiça para obrigar governador do Ceará a devolver cachê pago a Ivete Sangalo O Estado do Ceará pagou R$ 650 mil de cachê à cantora Ivete Sangalo para que ela fizesse um show na inauguração de um hospital em Sobral, base eleitoral do governador Cid Gomes (PSB), na sexta-feira passada. Segundo o procurador federal a verba foi retirada do Fundo Municipal de Saúde (FMS), e questiona a legalidade e a moralidade de se gastar verba destinada a saúde com promoção política. Foto: Dom Lobo/Prefeitura de Sobral Postado por Toinho de Passira A polêmica referente à contratação do show da cantora baiana Ivete Sangalo pelo Governo do Estado do Ceará agora tem um novo ingrediente. O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou na tarde desta quinta-feira uma ação contra o governador Cid Gomes, pedindo que ele seja condenado a devolver o dinheiro aos cofres públicos. O cachê da cantora foi de R$ 650 mil. Ela fez o show de inauguração de um hospital no município de Sobral, no último dia 18. O procurador da República Oscar Costa Filho solicita que a restituição seja feita com os recursos financeiros do próprio governador. Segundo ele, a verba foi retirada do Fundo Municipal de Saúde (FMS). — O que ele vem fazendo são privilégios. Isso viola o princípio da moralidade administrativa. Nós vivemos hoje uma verdadeira crise de atendimento nas emergências dos hospitais públicos, que não têm estrutura. É um desrespeito com os pacientes que estão nas filas — argumenta o procurador, que recentemente ingressou com uma outra ação, solicitando a criação de leitos. Ele pede também que a Justiça determine a abstenção por parte do governador de utilizar recursos públicos vinculados direta ou indiretamente à saúde pública para a realização de eventos festivos. A assessoria de imprensa do governo do estado informou que ainda não houve notificação oficial em relação à ação civil pública, mas adiantou que o dinheiro utilizado para pagar o show da cantora foi proveniente da Casa Civil, e não do FMS. Para o Ministério Público de Contas (MPC), é preciso averiguar a legalidade em torno do valor. Segundo o procurador-geral do MPC, Gleydson Alexandre, contratações recentes do show de Ivete feitas por instituições públicas custaram entre R$ 400 e R$ 500 mil. Para justificar o cachê, o Governo havia apresentado dois exemplos de contratação da cantora. — O problema é que um deles foi há mais de um ano e o outro foi o da penúltima festa de ano-novo de Fortaleza. Nós sabemos que cachê de festa de réveillon não deve ser usado como referência porque normalmente os artistas aumentam o valor. Além disso, a legislação diz que é preciso apresentar três exemplos recentes da contratação do artista para servir como base, e isso não ocorreu — argumenta o procurador. Já no ano passado ele havia entrado com uma representação junto ao TCE para que fosse feita uma vistoria nas contas. Na semana passada, o então presidente interino do Tribunal, Pedro Timbó, arquivou o processo. Após esse episódio, o MPC ingressou com um recurso na última segunda-feira e agora aguarda a avaliação pelo pleno, que é esperada para o dia 5 de fevereiro. — A partir desse resultado é que vou tomar as providências cabíveis — sublinhou Gleydson Alexandre. Vale ressaltar que a polêmica em torno do cachê de Ivete Sangalo foi motivo de um ácido embate entre ele e o governador Cid Gomes, que chegou a classificá-lo como “um garoto que deseja aparecer e fica criando caso”. A declaração gerou muita polêmica e provocou a reação da Associação Cearense do Ministério Público (ACMP) e da Associação Nacional do Ministério Público de Contas (Ampcon), que publicaram nota repudiando a atitude do governador. “As declarações feitas por ele são desrespeitosas em relação ao Ministério Público de Contas (MPC) e demonstram que o chefe do Executivo estadual não tem o menor respeito pelas instituições democráticas (...) Ademais, o direito de recorrer do MPC é assegurado constitucionalmente e será exercido toda vez que a decisão combatida estiver contrária ao interesse público, à Constituição ou à jurisprudência dos Tribunais Superiores”, defendeu-se o procurador, em nota. No que tange ao show da cantora Ivete Sangalo, o governo do estado também informou não ter recebido nenhuma notificação sobre o recurso ajuizado pelo MPC. Foto: André Teixeira/G1 MAIS POLÊMICAS |
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