18 de jan. de 2013

Vaquinha petista, por Merval Pereira, para O Globo

BRASIL - Mensalão
Vaquinha petista
PT não faz autocrítica e continua apoiando condenados no mensalão. Mesmo que grupos dentro do partido defendam sua refundação, como o governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro,iIntegrantes do PT organizam jantar para arrecadar fundos para pagar multas dos condenados no julgamento do mensalão, endossando assim os crimes praticados. Essas atitudes refletem uma realidade política: o partido continua nas mãos daquela cúpula que foi condenada no processo do mensalão.


Senha convite para o evento realizado nesta quinta-feira (17), fazendo alusão Ação Penal 470, como foi julgado o mensalão no STF. Segundo o site do PT-DF esse é apenas a primeiro de uma série de atividades planejadas pelos petistas brasilienses para arrecadar recursos. O

Postado por Toinho de Passira
Texto de Merval Pereira, para O Globo
Fontes: Blog do Noblat, Juventude Petista DF

untos, os 25 réus condenados pelo mensalão terão que pagar uma multa de mais de R$ 22 milhões, a preços de 2003 a 2005 que serão ainda atualizados pela inflação. A cúpula do PT condenada no processo deve junta cerca de R$ 1,8 milhão de multas, assim distribuídos: José Dirceu, R$ 676 mil; José Genoino, R$ 468 mil; Delúbio Soares, R$ 325 mil; e João Paulo Cunha, R$ 370 mil.

Um grupo de militantes denominado Juventude Petista do DF, que tem Delúbio como mentor (não é ironia, é verdade), começou ontem à noite, com um jantar em uma galeteria brasiliense, com convites que variavam de R$ 100 a R$ 1.000, movimento para angariar doações a fim de ajudar a pagar essas multas.

É uma solidariedade partidária que seria natural, não fossem as acusações contra esse grupo de petistas condenados.

A “juventude petista” se mobilizar, assim como alguns petistas de grosso calibre, como o governador de Sergipe, Marcelo Deda, dá a manifestações como essa, que pretendem replicar pelo país, tom de apoio oficial aos condenados.

O PT não apenas não fez autocrítica como continua apoiando os condenados no processo do mensalão.

É uma atitude meramente política, para tentar dar a impressão de que houve um julgamento parcial, de exceção. O PT faria melhor se tratasse de sua vida esquecendo esse episódio, que só faz marcá-lo negativamente. Ao contrário, sua atitude aprofunda essa ligação com os condenados e com os próprios crimes cometidos no mensalão.

É um absurdo que o PT como partido incorpore essas práticas criminosas de fazer política com o apoio tácito aos condenados. O PT perde a cada dia a oportunidade de se refundar, embora alguns petistas importantes como o governador Tarso Genro, do Rio Grande do Sul, defendam essa necessidade, e não é de hoje.

Mas não é esse o espírito geral do partido, que continua dominado pelo grupo do ex-ministro José Dirceu, considerado “o chefe do esquema criminoso” e condenado por formação de quadrilha e corrupção ativa pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Essas atitudes refletem uma realidade política: o partido continua nas mãos daquela cúpula que foi condenada no processo do mensalão.

O triste papel dessa “juventude petista” repete a atuação de entidades estudantis chapas-brancas como a União Nacional dos Estudantes (UNE), que desde a chegada do PT ao poder apoia os projetos do Palácio do Planalto, em troca de benesses variadas, entre as quais uma verba de R$ 40 milhões para a construção de uma nova sede na Praia do Flamengo, no Rio.

Vários desses “benefícios” oficiais estão sob investigação do Tribunal de Contas da União (TCU).

O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, integra uma corrente minoritária no PT, Mensagem ao Partido, que tem em torno de 40% dos delegados, e quer que o partido passe por uma “profunda renovação”, de métodos e de práticas políticas.

Genro faz todas as ressalvas do mundo sobre o julgamento, critica a utilização da tese do “domínio do fato” para a condenação de José Dirceu, mas alerta: “Tendo ocorrido ilícitos penais ou não, os métodos de composição de maiorias e de formação de alianças que nós utilizamos foram os mesmos métodos tradicionais que os partidos que nós criticávamos adotavam.”

Esses “métodos tradicionais” herdados da República Velha teriam que ser substituídos, e o governador do Rio Grande do Sul diz que a maneira como Dirceu está enfrentando a condenação “é equivocada” porque “tende a estabelecer uma identidade dos problemas que ele está enfrentando com o problema do PT, com o conjunto, e trazendo para a sua defesa o partido como instituição”.

Essa “identidade forçada dele em conjunto com o partido” é uma coisa “que não existe”, afirma Genro.

Exista ou não, o fato é que o partido é dominado pela facção Construindo um Novo Brasil, que une Lula e José Dirceu, e não tem o menor pudor de defender os condenados pelo mensalão, uma mácula permanente na história do Partido dos Trabalhadores.
*Acrescentamos subtítulo, ilustração e legenda a publicação original

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