Michelle Bachelet vence em segundo turno e volta triunfalmente à presidência do Chile
CHILE - Eleições Michelle Bachelet vence em segundo turno e volta triunfalmente à presidência do Chile “O apoio (a Bachelet) não é um apoio de partidos políticos, mas da população”, segundo a cientista política chilena Pamela Figueroa Foto: GettyImages / BBC Postado por Toinho de Passira Michelle Bachelet vai voltar ao Palácio de La Moneda após uma vitória acachapante sobre a rival conservadora Evelyn Matthei. A líder da centro-esquerda teve 62,15% dos votos, ainda que a eleição tenha sido marcada pela alta abstenção - apenas 41,6% dos eleitores compareceram, na primeira eleição chilena em que não havia obrigatoriedade de comparecimento dos eleitores. Bachelet chegou a presidência do Chile em 2006, após ser ministra da Saúde e depois ministra da Defesa no governo Ricardo Lagos. “O apoio (a Bachelet) não é um apoio de partidos políticos, mas da população”, segundo a cientista política Pamela Figueroa, tentando explicar o sucesso da candidata, dizendo que essa popularidade vem sobretudo das classes populares, em razão de suas políticas para as crianças, a maternidade e de inclusão social. Decisões como a de nomear um ministério com metade de homens e metade de mulheres também supreendeu a classe política, acostumada a dividir o gabinete segundo as forças que compunham a coalizão governista. Apesar de momentos críticos, como as manifestações de estudantes secundaristas que abalaram os primeiros meses de seu governo, Bachelet terminou o governo com 80% de popularidade. Experiência na ONU Em setembro de 2010, Bachelet tornou-se a primeira diretora-executiva da ONU Mulheres, a nova agência das Nações Unidas para a igualdade de gênero. Bachelet se afastou da política chilena e colocou suas energias no cargo, que exercia em Nova York. Em 2013, Bachelet regressou ao Chile e anunciou o que todos já esperavam: seria a candidata à presidência. Novo discurso, novo programa Bachelet voltou ao Chile com um novo programa de governo, incorporando algumas das principais queixas dos movimentos sociais nos últimos anos. A principal demanda é uma reforma radical do sistema de educação. Bachelet prometou um sistema público que seja gratuíto e tenha qualidade. Alguns dos principais líderes do movimento estudantil, que saíram às ruas no governo Sebastián Piñera, se candidataram ao Parlamento na coalizão de Bachelet. Entre eles, Camila Vallejo e Karol Cariola. “Bachelet teve a capacidade de perceber de maneira muito concreta o que estava acontecendo na sociedade chilena. Talvez tenha sido a distância, por estar em Nova York”, afirma o sociólogo Manuel Garretón, da Universidade do Chile. Bachelet também incorporou a seu programa demandas de movimentos ambientais, gays e indígenas. Também diz estar aberta a uma nova lei sobre o aborto e ao debate sobre o casamento gay. Personalidade Além do capital politico, Bachelet usou outra arma para derrotar Matthei: seu carisma. Com sorriso fácil, Bachelet tem ainda a seu favor “a modéstia, a capacidade de escutar as pessoas, nunca com uma palavra hostil em suas respostas”, diz Garretón. Sua história pessoal também comove os chilenos. Seu pai, Alberto Bachelet, um general da Força Aérea, morreu na prisão logo após o golpe contra o presidente Salvador Allende. Bachelet e a mãe foram enviadas a um centro de detenção e em seguida para o exílio. Mas a sua personalidade nem sempre foi vista com bons olhos. Em alguns momentos, ela foi tachada como fraca. No primeiro turno, o candidato Marco Enríquez-Ominami disse que as eleições não eram “um concurso de simpatia”. A derrocada da direita Além dos méritos pessoais, Bachelet contou com a baixa popularidade e a crise interna da direita chilena. Os partidos Renovação Nacional (RN) e União Democrática Independente (UDI) não conseguiram capitalizar o fato de ter no Palácio de La Moneda o primeiro presidente de centro-direita desde o retorno da democracia. Bachelet impôs à direita o pior resultado eleitoral desde o retorno das eleições. A própria Evelyn Matthey disse que só “um milagre” conseguiria mudar os resultados no segundo turno. Agora, a direita terá quatro anos para planejar sua volta ao La Moneda. O único consolo, neste momento, é que não há reeleição no Chile e o nome de Bachelet não estará nas cédulas de votação da próxima eleição. |
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