28 de abr. de 2012

Dissidente chinês cego abriga-se na embaixada dos EUA

CHINA
Dissidente cego, abriga-se na embaixada dos EUA
A audaciosa fuga do ativista cego chinês Chen Guangcheng, de uma prisão domiciliar para a embaixada dos Estados Unidos, em Pequim, ameaça ofuscar um encontro de dois dias, na China, entre autoridades chinesas e norte-americanas. Está programado que a secretária de Estado, Hillary Clinton, estará em Pequim, a partir desta terça-feira, num esforço diplomático, para tentar distender algumas das tensões políticas e econômica entre os dois países.

Foto: www.chinaaid.org/European Pressphoto Agency

O ativista dissidente chinês Chen Guangcheng, com esposa e filha. Entre as informações desencontradas, há a notícia que ele, apesar da fuga, não pretende pedir asilo político nos Estados Unidos: quer permanecer na China para continuar sua campanha pelos direitos democráticos e do Estado de Direito

Postado por Toinho de Passira
Fontes: BBC Brasil, Veja, The New York Times, Reuters, Chinaaid , The Washington Post

Embora os governos da China e dos Estados Unidos mantenham silêncio quanto ao paradeiro do dissidente cego Chen Guangcheng, que fugiu de prisão domiciliar há quase uma semana, ativistas informaram neste sábado que ele se encontra "sob proteção americana" e que não tem intenção de pedir asilo político.

O grupo de direitos humanos ChinaAid disse à imprensa internacional que há negociações em curso entre Pequim e Washington e que o ativista deseja permanecer na China e continuar seus esforços pró-democracia.

"Ele acredita que a China está em um período de mudanças intensas e que não estamos muito distantes da última mudança fundamental", disse a ativista Hu Jia ao jornal americano The Washington Post neste sábado.

"Ele me disse que não quer pedir asilo político aos EUA. Pelo contrário, ele quer ficar na sua terra e continuar a lutar", acrescentou.

Em entrevista à BBC ainda na sexta-feira, a ativista disse ter-se encontrado com o dissidente na Embaixada dos EUA em Pequim, mas a informação não foi confirmada pelo governo americano.

A fuga do dissidente chega dias de uma visita da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, ao país. Ela vem pedindo que o país liberte o ativista.

Um dos ativistas mais famosos da China, Chen Guangcheng fugiu da prisão domiciliar no domingo passado e divulgou um vídeo dirigido ao primeiro-ministro do país, Wen Jiabao.

Ele cumpria sentença de prisão domiciliar desde que foi libertado da prisão, em 2010.

No vídeo que posto na internet pelo site de notícias sobre dissidentes Boxun, baseado nos Estados Unidos, Chen pede que Wen Jiabao investigue e processe autoridades locais que, de acordo com ele, teriam espancado membros de sua família.

O dissidente também pede garantias de segurança para sua família e faz um apelo ao governo chinês para que enfrente e puna a corrupção no país.

As autoridades da China foram alvo de críticas da comunidade internacional devido ao tratamento dado ao dissidente, que é cego. A filha de Chen chegou a ser proibida de frequentar uma escola e vários amigos ou simpatizantes do dissidente que tentaram visitá-lo teriam sido espancados.

O caso de Chen ficou famoso no mundo todo.

Chen Guangcheng é conhecido como o "advogado descalço". Ele perdeu a visão durante a infância, mas não completou estudos jurídicos formais, pois pessoas cegas não tem permissão de frequentar universidades na China.

Ele acusou autoridades locais de terem coagido mais de 7 mil mulheres de sua província a se submeterem a abortos ou esterilizações.

O ativista também prestou assessoria jurídica a fazendeiros em disputas de terras e fez campanha pela melhora no tratamento de pessoas portadoras de deficiências.

Especialistas em política externa dos EUA disseram que a situação coloca os Estados Unidos em uma posição diplomática nada invejável, principalmente ás vésperas da reunião para tratar de assuntos estratégicos e econômicos.

Apesar dos americanos estarem reclamado há tempo e repetidamente sobre o tratamento abusivo dispenasado a Chen, pelo governo chinês, a administração Obama não gostaria de enfrentar a empreitada de negociar os termos das condições de vida de Chen na China, que será interpretado por Pequim, como uma intolerável interferência nos assuntos internos do país.

Ao mesmo tempo, a diplomacia norte-americanos não se sentirá confortável em ver Chen, ser detido outra vez, assim que deixar a embaixada, como já está acontencendo com várias pessoas que o ajudaram durante sua fuga.

"Este é um momento crucial para a política diplomática dos direitos humanos dos EUA", disse Bob Fu, presidente da Texas Christian do ChinaAid, em um comunicado.

"Por causa da grande popularidade de Chen, o governo Obama deve manter-se firme em apoiá-lo sob o risco de perder credibilidade como um defensor da liberdade e do Estado de direito. Se há uma razão para que dissidentes chineses reverenciam os EUA, é para um momento como este."

Frank Jannuzi, chefe do escritório da Anistia Internacional em Washington disse que os maus tratos do passado sugere que Chen não deve ser devolvido sem um compromisso do governo chinês em respeitar os seus direitos. Ele acrescentou: "Se ele quer sair do país deve ser uma escolha sua não uma imposição do governo dos EUA ou da China."

Para os americanos e chineses o melhor é que essa situação fosse normalizada antes da chegada de Hillary Clinton, do secretário do Tesouro Timothy F. Geithner e de outras autoridades americans à Pequim, mas com a coplexidade do caso e o curto prazo que se dispõe dificilmente isso ocorerá.


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