5 de dez. de 2011

PERNAMBUCO: Trabalhadores mortos começam a ser enterrados

PERNAMBUCO – LUTO
Trabalhadores mortos começam a ser enterrados
As primeiras vítimas do acidente envolvendo um ônibus e uma carreta que matou 34 trabalhadores pernambucanos no interior da Bahia, neste sábado, começaram a ser sepultados hoje, em Buíque, município onde residiam a quase totalidades das vítimas. Os pernambucanos retornavam, após uma temporada trabalhando como cortadores de cana, em Jateí, no Mato Grosso do Sul, para passar as festas de fim de ano com a família.

Foto: Robson Mendes/Especial para NE10

Os destroços do ônibus, que estava com 45 trabalhadores e foi atingido pela carreta no interior da Bahia

Postado por Toinho de Passira
Fontes:Pop News, Jornal do Comercio, Diario de Pernambuco

Os 34 trabalhadores pernambucanos vítimas da colisão envolvendo um ônibus e uma carreta no quilômetro 583 da BR-116, na Bahia, neste final de semana, começaram a ser enterrados hoje, na cidade de Buíque, a 258 quilômetros do Recife. 17 entre as vítimas fatais são do pequeno município, próximo à cidade de Arcoverde, no sertão pernambucano.

Os pernambucanos regressavam, após uma temporada como cortadores de cana, na cidade Jateí, no Mato Grosso do Sul, onde havia ido trabalhar, para passar as festas de fim de ano com a família.

Os governos dos estados da Bahia e de Pernambuco organizaram uma verdadeira força-tarefa para identificar, em tempo recorde, os corpos. Ontem, secretários pernambucanos foram deslocados para prestar assistência jurídica e social aos parentes das vítimas.

A matéria do Diário de Pernambuco diz que a Prefeitura de Buíque já decretou luto e feriado municipal. Difícil seria continuar a vida normal diante de uma tragédia sem precedentes na pacata cidade. Buíque é uma cidade com apenas 52 mil habitantes, onde todo mundo se conhece.

A maioria dos mortos morava em bairros humildes da Zona Rural. As famílias estão desoladas. Muitas perderam até oito parentes de uma vez só e dependiam do dinheiro que esses trabalhadores mandavam do corte de cana no Mato Grosso do Sul. Agora, não sabem mais o que fazer.

Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem

O velório das primeiras vítimas que chegaram à Buíque

A viúva de José Edvaldo Pereira da Silva, Jailza Lúcia de Oliveira, conta que ele ganhava apenas R$ 90 por semana quando trabalhava tirando leite de vaca numa fazenda a poucos quilômetros de casa. Com quatro filhos para criar, o dinheiro era curto. Ele, então, decidiu seguir o conselho do namorado da filha mais velha e viajou para longe. No Mato Grosso do Sul, a renda mensal do agricultor chegava a R$ 1 mil. “Ele mandava, em média, R$ 500 para a gente. Este acidente foi terrível. Só Deus vai dar força para mim e para os meus filhos”, afirmou a também agricultora Jailza.

Dois dias antes de chegar, o marido ligou dizendo que tinha comprado brinquedos para os filhos. “Ele não teve tempo de entregar os carrinhos”, lamentou a mulher, com quem José Edvaldo era casado há 19 anos. Já a dona de casa Judite Moreira perdeu oito parentes no acidente. “Todos ajudavam a família. Aqui o salário é pouco. Eles tinham que sair para poder alimentar os filhos. Meus sobrinhos passavam seis meses, às vezes um ano no Mato Grosso e depois voltavam para casa”, contou. A irmã de Ivanildo Moreira da Silva, Maria de Lurdes Moreira, soube da morte do irmão pelo rádio.

“Estava ouvindo as notícias quando escutei o nome dele. É triste a pessoa esperar por um irmão e ele não chegar. Toda a família o aguardava ele para o Natal”, relembrou. Segundo Maria de Lurdes, Ivanildo era casado e tinha cinco filhos. Ele decidiu viajar porque estava desempregado. Nos últimos dias, estava feliz por poder passar as festas de fim do ano em casa. A agricultora Izaura Beserra também estava animada com a ideia de passar o Natal ao lado do marido, Severino Beserra Cavalcanti. Eles eram casados há 14 anos e tinham um casal de filhos. “Além do meu marido, perdi quatro primos e um cunhado neste acidente”, disse, triste.

O ônibus, que transportava os 45 trabalhadores, não tinha autorização para realizar esse tipo de viagem interestadual, por não oferecer os itens de segurança necessários. Mas os primeiros indícios indicam que foi o motorista do caminhão o responsável pelo acidente, por ter invadido a pista na contramão, atingindo o ônibus, que ficou destroçado, provocando a morte instantânea de dezenas dos passageiros.

O governador do Estado, Eduardo Campos foi até Buíque prestar solidariedade às famílias da vitimas. Eduardo Campos também informou que as secretarias do Governo do Estado estão fazendo um mapeamento para saber que tipo de ajuda caberá a cada uma das famílias. Esse levantamento vai dizer se elas já recebem auxílio de algum programa social. “Elas poderão receber até um salário mínimo de auxílio, dependendo de cada caso”, afirmou o govenador. Ele disse ainda que pediu para agilizar a liberação do dinheiro da Previdência Social das famílias.

O acidente expõe a situação da agroindústria da cana de açúcar de Pernambuco, que obriga trabalhares a migrarem para outros estados em busca de melhores condições de trabalho e salários.

Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem

O povo de Buique, em choque, com o trágico acidente que ceifou a vida de parentes e conterraneos.


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