29 de dez. de 2011

Jader Barbalho, o ficha suja, toma posse no Senado

Jader Barbalho, o ficha suja, toma posse no Senado

BRASIL - SENADO
Jader Barbalho, o ficha suja, toma posse no Senado
Jader Barbalho, a sub-reptícia raposa velha, consegue, depois de uma batalha judicial, tomar posse no senado. Chega cheio de energia para fazer o que sempre soube: tirar todo proveito possível do seu mandato, em causa própria. Seus aliados preferenciais, quase cumplices, são: o alagoano Renan Calheiros e o maranhense, presidente do Senado José Sarney. Sua chegada faz a expectativa do índice de corrupção no senado disparar. Impune, apesar de já ter sido algemado pela PF e dormido na cadeia, agora eleito ele se diz humilde enquanto exibe prepotência digna dos que parecem estar acima da lei. Para quem não o conhece, basta dizer que sempre exercendo cargos públicos, conseguiu até o ano 2000 fazer o seu patrimônio crescer, sem explicação plausível, cerca de 60.000%.

Foto: Jonas Pereira/Agência Senado

Jader na entrevista coletiva, após a posse.

Postado por Toinho de Passira
Fontes:O Globo, Agência Brasil, Ultimo Segundo, Veja, Congresso em Foco

O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) tomou posse ontem (29) como Senador da Republica. Chegou fazendo críticas à Lei da Ficha Limpa, que o impediu de tomar posse até ontem. Muitos pensam que Jader Barbalho estava impedido de tomar posse devido a sua extensa ficha suja de corrupto. Mas o detalhe que atravancava sua pretensão de posse, depois de ter sido o candidato ao Senado mais votado no Pará, 1,8 milhão de votos, era o fato dele ter renunciado ao senado em 05 de outubro de 2011.

Na ocasião Jader usou a renúncia para impedir que o processo por quebra de decoro parlamentar instaurado contra ele pelo Conselho de Ética tivesse sequência e, em caso de cassação, quase certa, inabilitá-lo para o exercício de funções públicas por oito anos.

Para impedir esse tipo de manobra, a Lei da Ficha limpa torna inelegível, o político que usar desse recurso.

Jader acabou beneficiado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal que reconheceu que a Lei da Ficha Limpa não tinha validade nas eleições de 2010, pois não havia cumprido o determinado na Constituição Federal, que determina que toda lei relativa à eleição deve ser promulgada um ano antes do pleito.

Foto: Arquivo

Jader Barbalho algemado, a histórica foto mostra o paraense, cercado por policiais federais, tentando disfarçar as algemas com um livro, que tinha um título muito sugestivo: "Tempos Muitos Estranhos", de Doris Kearns Goodwin, que retrata o período vivido por Franklin e Leonor Roosevelt durante a Segunda Guerra Mundial.

Na volta ao Senado, ele terá como colega nomes como o senador Pedro Taques, ex-procurador da República e integrante da força-tarefa do Ministério Público responsável por ter feito Jader ficar na cadeia por 10 dias, em fevereiro de 2002, sob acusação de integrar uma quadrilha que teria desviado R$ 4 bilhões da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).

A Senadora Marinor Brito, que estava no Senado no lugar de Jader Barbalho, tentou um último recurso na justiça, tentando impedir a posse do seu adversário, por meio de um mandato de segurança que teve a liminar indeferida pelo Carlos Ayres Britto, presidente em exercício do STF. Ela contestava os trâmites da convocação do Congresso para realizar a posse durante o recesso parlamentar.

O Site Congresso em Foco, informa que o recém empossado senador Jader Barbalho vai receber pelo menos cerca de R$ 50 mil do Senado após sua posse durante o recesso parlamentar.

A conta, de acordo com a Secretaria-Geral da Mesa Diretora, engloba a ajuda de custo paga no fim do ano, o proporcional do salário de dezembro e o valor da convocação extraordinária. De acordo com o órgão, o cálculo é feito a partir da diplomação pela Justiça Eleitoral. O peemedebista foi diplomado em 16 de dezembro pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA).

Inicialmente, a cerimônia estava marcada para três dias depois. No entanto, Jader conseguiu antecipar e receber o diploma de senador antes do previsto. Desta forma, garantiu que tomasse posse como um dos representantes do Pará durante o recesso parlamentar.

A desdita de Jader começou em 2000, quando ele travou um intenso debate com o senador baiano Antônio Carlos Magalhães, então presidente da casa.

Na sua edição de 25 de outubro de 2000, Veja trazia Jader na Capa, sob o título: O Senador de 30 milhões de reais.

A reportagem assinada por Alexandre Oltramari dizia:

Nos últimos 34 anos, Jader Barbalho só não ocupou cargos públicos durante onze meses. Mas, apesar da labuta na política, conseguiu erguer uma fortuna surpreendente.

Existem dois Jader Barbalho. O mais conhecido é o Jader Barbalho político: senador pelo Pará, influente em Brasília, presidente do maior partido do país, o PMDB. O outro, mais obscuro, é o Jader Barbalho empresário, dono de prédios comerciais, fazendas, gado, terrenos, rádios, jornal, televisão, avião. O político é íntimo dos números: lembra-se da quantidade de votos que recebeu nas eleições mais longínquas, da data em que se elegeu para este ou aquele mandato. Já o empresário é uma lástima com números: não sabe quanto custou sua televisão, não lembra quanto pagou por esta ou aquela fazenda. É compreensível que o político seja minucioso com os números de sua carreira, pois Jader Barbalho certamente se empenhou para ser um político de tanto sucesso: já exerceu quatro mandatos parlamentares, foi governador duas vezes, ministro outras duas e hoje é senador.

O que chama a atenção é que seja tão desmemoriado com os números de sua vida empresarial, pois Jader Barbalho deveria ter sido um esmerado empreendedor, um incansável negociante, para ter tanto dinheiro: seu patrimônio atual chega a 29,7 milhões de reais – o que equivale a 16,5 milhões de dólares, dinheiro com o qual se vive como milionário em qualquer lugar do planeta.

...

Na última declaração de renda do senador, à qual VEJA teve acesso, seu patrimônio está cotado em 2,6 milhões de reais. É isso mesmo? "Deve ser. É o que está lá", diz ele.

É um valor baixíssimo porque seus bens estão listados pelos valores históricos – que são muito inferiores aos valores reais. Atualizado, seu patrimônio pula para 29,7 milhões de reais. No mínimo. E se diz "no mínimo" por duas razões. Primeiro, porque VEJA atualizou os valores apenas dos bens que encontrou. Aqueles que não foram achados acabaram contabilizados pelo valor histórico – é o caso de uma empresa em Goiás, que não foi localizada, e entrou no cálculo de seu patrimônio de 1990 pelo equivalente a apenas 9 centavos de real.

A segunda razão é que não se sabe o patrimônio verdadeiro das empresas do senador. Exemplo: na sua declaração de pessoa física, Jader informa que é dono da Fazenda Rio Branco, a 100 quilômetros de Belém. Acontece que a Fazenda Rio Branco, registrada como empresa, tem outras duas fazendas (que não estão na declaração de Jader) e também um avião King Air, prefixo PT-OZP, contratado por leasing com o Banco Safra (que também não aparece na declaração de Jader).

É uma pena que as declarações do senador não registrem os valores reais de seus bens – o que, diga-se, não é nenhuma ilegalidade. Mas é pena porque, sendo assim, os auditores da Receita Federal não têm a chance de conhecer o esforço monumental do senador para entrar na seleta galeria dos ricos.

Em 1974, Jader Barbalho tinha um patrimônio modestíssimo. Resumia-se a uma casa, um punhado de jóias e um automóvel. Tudo, somado, chegava, em valores atuais, a 61.200 reais. De lá para cá, porém, o pé-de-meia transformou-se numa fortuna. Até 1995, ano em que se separou da mulher, Elcione, e dividiu os bens com ela e os dois filhos, Jader e Helder, o patrimônio do senador cresceu nada menos que 60.000%.

Foto: Waldemir Barreto/Agencia Senado

Com o Senado em recesso desde o dia 22, a Mesa Diretora da Casa convocou oito senadores para dar posse a Jader Barbalho. A cerimônia foi conduzida pela primeira vice-presidente, senadora Marta Suplicy (PT-SP) e contou com a presença dos senadores João Vicente Claudino (PTB-PI), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Cícero Lucena (PSDB-PB), Waldemir Moka (PMDB-MS), Gim Argelo (PTB-DF) e do líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR).

Jucá, aliás, foi o principal representante do PMDB que deu as boas vindas a Jader Barbalho. Para o líder governista, ele será um aliado importante da presidenta Dilma Rousseff no Senado. “É mais um membro para a base do governo e um aliado do PMDB que vai ajudar”, declarou Jucá.

Jader Barbalho já foi presidente do Senado e líder do PMDB na Casa antes de renunciar ao mandato de senador. Até o ano passado, exercia o mandato de deputado federal pelo Pará. O primeiro discurso do novo senador só deve ocorrer na primeira sessão ordinária do Senado Federal, em fevereiro, quando os parlamentares retornarem do recesso.

Fazendo-se de independente e mandando recado para o governo, dizendo que quer ser cortejado, o senador Jader Barbalho afirmou, na entrevista coletiva que apesar de integrar a base aliada, “não terá dificuldade de divergir” do governo federal em votações na Casa. “Em princípio eu acompanho o meu partido”, disse Jader, em entrevista coletiva. “Evidentemente que isso não me impedirá, absolutamente, de eventualmente vir a divergir (do governo). Afinal de contas, devo o meu mandato exclusivamente ao povo do Pará”.

Quando Jader foi preso em 2002, uma multidão de curiosos aglomerou-se na frente da Polícia Federal, aguardando a saída do então ex-senador beneficiado com um habeas corpus. Um vendedor de cachorro quente, lamentando a soltura do preso ilustre improvisou um cartaz: "Tenha um breve retorno. O seu lugar é aqui".

Foto: Beto-Barata/Agência Estado





Durante a entrevista coletiva do pai, o filho de Jader, Daniel Barbalho, de 9 anos, mostrou a língua para os fotógrafos, como o seu pais costumeiramente faz para o povo brasileiro


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