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22 de out. de 2012

CGU: Delta superfaturou, em R$ 76 milhões, obra de Transposição do São Francisco

BRASIL - Corrupção
CGU: Delta superfaturou, em R$ 76 milhões,
obra de Transposição do São Francisco
Auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) mostrou que o orçamento das obras do lote 6 da transposição do Rio São Francisco, sob responsabilidade da Delta Construções, inflou em R$ 76 milhões. A empreiteira está envolvida no escândalo nacional de superfaturamento do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Diz também que as planilhas que deveriam ser elaboradas pelo Ministério da Integração Nacional – sob o comando do pernambucano, Fernando Bezerra Coelho (PSB) -, eram apresentadas pela própria Delta.

Foto: Priscila Buhr/JC Imagem

A matéria diz que o trecho de 39 quilômetros, em Mauriti (CE), está abandonado, em processo de deterioração, e o relatório alerta para danos ao erário.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Estadão, Blog do Jamildo

As obras de transposição do Rio São Francisco a cargo da Delta Construções tiveram o orçamento indevidamente inflado em R$ 76 milhões. A constatação é da Controladoria-Geral da União (CGU), que concluiu em julho auditoria sobre os serviços da empreiteira no lote 6 do empreendimento. Hoje abandonado, o trecho de 39 quilômetros, em Mauriti (CE), está em processo de deterioração, o que, segundo o relatório, aumenta o risco de danos ao erário.

Conforme a auditoria, as obras - contratadas em 2008 ao custo total de R$ 223,4 milhões - ficaram mais caras por causa do superfaturamento de serviços, pagamentos sem cobertura contratual e da superestimativa de planilhas que deveriam ser elaboradas pelo Ministério da Integração Nacional, mas, num trâmite considerado atípico, eram apresentadas pela própria empreiteira e, em alguns casos, aprovadas. Do prejuízo total apurado, R$ 13,6 milhões já foram pagos e outros R$ 63,1 milhões foram evitados pela fiscalização, segundo a controladoria.

A CGU determinou a abertura de sindicância para apurar a responsabilidade de servidores do ministério nas irregularidades, além da revisão de projetos e de um encontro de contas para a devolução de valores pagos a maior.

A Delta detêm 99,5% do consórcio responsável pelo lote 6, cujo contrato se encerrou em agosto deste ano, com R$ 130,5 milhões pagos e 40% dos serviços feitos. O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), anunciou a rescisão do vínculo com a Delta. O andamento das obras dependerá de uma nova licitação.

Ministro Bezerra Coelho(PSB), curinga de Eduardo Campos, responsabilizado por ter pago a obra superfaturada, sem cobertura contratual e com superestimativa de planilhas.
As conclusões sobre a transposição do São Francisco são uma amostra do trabalho em curso na CGU, que fiscaliza mais 11 obras da Delta, no valor de R$ 2,28 bilhões, a maioria nos Ministérios das Cidades e dos Transportes. A construtora é investigada pela Polícia Federal e a Comissão Parlamentar de Inquérito do Cachoeira por favorecimento em contratos públicos e envolvimento com a organização de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

FALHAS - De acordo com a CGU, deficiências nos projetos básico e executivo, além de falhas na fiscalização do Ministério da Integração, levaram à maioria dos prejuízos constatados na auditoria, realizada entre maio e julho deste ano.

O planejamento traçado pelo ministério não correspondia à realidade das obras, o que levou a sucessivos aditivos contratuais para a alteração de preços e quantitativos. Paralelamente, as irregularidades praticadas pela empresa não eram acusadas pelos fiscais.

Só numa das planilhas encaminhadas pela Delta ao ministério, a superestimativa era de R$ 49 milhões. A aprovação do valor estava em curso na pasta, mas foi barrada com o início da auditoria.

A CGU também apurou superfaturamento de R$ 12,1 milhões na movimentação de terra, necessária para a abertura do canal da transposição. Ao fazer inspeção in loco, verificou que o governo pagou em duplicidade por parte desses serviços.

Além disso, aditivos contratuais foram firmados com base em preços de mercado, mas sem levar em conta descontos pactuados, o que gerou um sobrepreço de mais R$ 5,5 milhões.

O ministério ainda analisou proposta para aumentar o valor de serviços de manutenção do canteiro de obras em R$ 4 milhões, o que, para a CGU, se deu de forma irregular. Houve ainda o pagamento de R$ 1 milhão por itens que não estavam cobertos pelo contrato com a construtora.

Diante da perspectiva de uma rescisão contratual, diz a auditoria, a Delta descumpriu o cronograma, dando prioridade à execução dos serviços mais lucrativos. Segundo a auditoria, as irregularidades cometidas pela construtora se deram num contexto de fiscalização deficiente pela Integração Nacional. O ministério contratou empresas para gerenciar e supervisionar os trabalhos no local, o que não foi feito a contento.

“As obras vinham sendo executadas em desacordo com o projeto executivo, sem a avaliação devida das causas que estariam levando a essa situação”, conclui a CGU no relatório.

8 de set. de 2012

CPI DO CACHOEIRA: O esconderijo do laranja da Delta

BRASIL – CPI do Cachoeira
O esconderijo do laranja da Delta
VEJA desta semana revela que uma operação foi montada para ninguém chegar perto de Bruno de Freitas. Ele pode revelar o propinoduto da empresa no Rio de Janeiro.

Fotos: Oscar Cabral/Ed Ferreira/AE

LIGAÇÃO PERIGOSA - Da favela para o condomínio Terra Nossa: Bruno (à esq.) tem muito que contar sobre seus negócios com a Delta de Cavendish (à dir.)

Postado por Toinho de Passira
Texto de Leslie Leitão
Fonte: Veja

O paradeiro do contínuo Bruno Estefânio de Freitas, 20 anos, paira como um mistério na favela do Muquiço, Zona Norte do Rio de Janeiro, de onde ele evaporou sem deixar rastros há cerca de um mês. VEJA sabe para onde Bruno foi levado. Ele está instalado em uma confortável casa de condomínio fechado em Jacarepaguá. Atualmente, divide-se entre esse e outro endereço, onde vive sob permanente escolta de seguranças e de onde só sai mantendo-se invisível por trás dos vidros fumê dos carros.

Mas por que tamanho empenho para fazer o contínuo desaparecer de circulação? A resposta emerge das próprias investigações. Bruno é peça-chave na rede de laranjas e fantasmas aos quais a construtora Delta repassou quase 1 bilhão de reais para irrigar campanhas e bolsos de políticos de todo o país. Recém-saído da adolescência e hoje desempregado, o rapaz consta como dono de uma pujante empresa de terraplenagem que, entre março de 2011 e maio de 2012, recebeu 33 140 000 reais da Delta.

VEJA revelou em julho que ele entrara no radar do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Ministério da Fazenda, ao chegar a uma agência bancária na Barra da Tijuca, com escolta armada, e sacar de uma só vez 5 milhões de reais.

A CPI que investiga o bicheiro Carlinhos Cachoeira, enroladíssimo no esquema, está ciente da existência de Bruno - o único, entre vários laranjas já identificados, a ser flagrado com a mão na massa. Na semana passada, chegou-se a discutir sua convocação. Mas, em vez de darem o passo decisivo para revolver o lamaçal de corrupção, os deputados e senadores optaram por suspender os trabalhos até o fim do primeiro turno das eleições municipais.

Nas últimas três semanas, VEJA rastreou os passos do contínuo, que foi instalado com pai, mãe e irmãos em uma casa de quatro quartos, piscina e churrasqueira no Condomínio Terra Nossa, vizinhança onde os altos muros garantem a privacidade. Segundo um funcionário, há pouco mais de um mês um homem passou de carro pela portaria perguntando se havia casas para alugar. “Eu disse que tinha duas. Poucos dias depois, ele voltou com o caminhão de mudança acompanhado desse rapaz, o Bruno.”

Desde então, o vaivém de veículos no lugar aumentou muito. Em 12 de agosto, Dia dos Pais, Bruno foi visto circulando ali a bordo de um Gol preto, com um homem ao lado e mais dois carros atrás. “Parece um esquema profissional de escolta”, diz um vizinho. Há duas semanas, ele não é mais visto no condomínio. Tem passado a maior parte do tempo na outra casa próxima que o esquema de corrupção pôs à sua disposição.

No casarão do Terra Nossa, VEJA encontrou a mãe de Bruno, Sandra, que se assustou ao ser questionada sobre quem estaria escondendo seu filho: “Pelo amor de Deus, não pergunta nada porque eu não posso responder”. Proprietário do imóvel, o engenheiro panamenho Roberto Castrejón Cedeño afirma que o aluguel é pago em dia.

“Não sei nada dessa história de laranja. Antes de fechar o negócio, chequei as informações do locatário e concluí que era uma pessoa idônea”, limita-se a dizer Castrejón. Tivesse se dado ao trabalho de visitar a sede da empresa da qual Bruno é sócio, a MB Serviços de Terraplanagem, em Saquarema, a 100 quilômetros do Rio, teria chegado a outra conclusão. No local funciona uma consultoria financeira onde ninguém nunca ouviu falar do contínuo. Além da Delta, a MB não tem nenhum outro “cliente”.

As respostas à maioria das questões que envolvem o nome do laranja estão ao alcance da CPI. O próprio quadro societário da MB fornece uma pista. Um dos sócios, Marcelo Astuto, é parceiro em outra empresa do operador de mercado financeiro Horácio Pires Adão, processado em 2005 junto com ninguém menos do que o dono da Delta, Fernando Cavendish - por fraudes no fundo de pensão dos funcionários da companhia de águas e esgotos do estado do Rio, Cedae.

O fato de ter ido a um banco e sacado milhões comprova que Bruno tem participação ativa no bando e, se resolver falar, pode implicar muita gente. “Temos informações de que ele não é um mero laranja, mas sim um operador do esquema do PMDB no Rio”, afirma o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), membro da CPI. Com os trabalhos em Brasília suspensos, o contínuo, que trocou de endereço duas vezes em um mês, ganha tempo para submergir de novo.


16 de jun. de 2012

Parlamentares da CPMI, almoçaram, em Paris, “por acaso”, com o “investigado” Cavendish

BRASIL – Corrupção – CPMI Cachoeira
Parlamentares da CPMI, almoçaram, em Paris,
“por acaso”, com o “investigado” Cavendish
“Como todo mundo sabe, Paris é uma cidade pequena onde todo mundo se esbarra. Portanto, nada mais natural que o senador Ciro Nogueira, do PP, e o deputado Mauricio Quintela, do PR, que por acaso são membros da CPI do Cachoeira, encontrarem casualmente num restaurante da Avenue Montaigne com o empreiteiro Fernando Cavendish" (da investigadíssima construtora Delta)- ironiza Merval Pereira no seu Blog

Foto: Divulgação

ACASOS E COINCIDENCIAS: - Vista de Paris a partir do terraço do Restaurante Maison Blanche, na Avenue Montaigne, a mesma onde aconteceu o tal almoço “casual”, “acidental”, “fortuito” e “imprevisto”

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Blog do Josias de Souza, Blog do Merval, Blog do Garotinho

Josias de Souza comenta no seu blog que o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL), integrantes da CPI do Cachoeira, avistaram-se com o presidente licenciado da Delta Construções, Fernando Cavendish, num restaurante de Paris. Deu-se em abril, durante a Semana Santa.

Nesta quinta (14), votou-se na CPI o pedido de convocação de Cavendish. Foi rejeitado. Placar apertado: 16 a 13. O senador Ciro votou contra o depoimento. O deputado Maurício ausentou-se da sessão. Quer dizer: o comportamento de ambos influiu no resultado.

O encontro do sócio majoritário da Delta com congressistas fora veiculado em 31 de maio no blog do deputado Anthony Garotinho (PR-RJ). Sem citar nomes, ele anotara: “Alguns deputados federais e pelo menos um senador almoçaram com Fernando Cavendish na Semana Santa, em Paris. Alguns inclusive são Membros da CPI do Cachoeira-Delta”.


A nota no Blog do Garotinho

Inconformado com o desinteresse da CPI em ouvir Cavendish, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) foi ao microfone. Insinuou a presença na comissão de uma “tropa do cheque para defender o Cavendish”. Abespinhado, Cândido Vaccarezza (PT-SP) levantou-se da cadeira. Dirigindo-se a Miro, declarou:

“Não assaque acusações genéricas. Se Vossa Excelência acha que tem um deputado que é da bancada do cheque, vire pro deputado e diga: é fulano. Eu não sou da bancada do cheque. Não sou!”

Miro não se deu por achado. Conversara com Garotinho. Pedira os nomes que o colega sonegara na nota que havia pendurado em seu blog. Garotinho não informou. Mas assegurou que o encontro de Paris ocorrera.

Dando-lhe crédito, Miro encaminhou à direção da CPI um requerimento. Quer saber quais parlamentares almoçaram com Cavendish e se o voto deles influiu no resultado da votação desta quinta. Citou uma missão oficial à África.

De fato, a missão ocorreu. Sete congressistas voaram para Kampala, na Uganda, para representar o Parlamento brasileiro na 126ª Assembleia Geral da União Interparlamentar. A viagem foi custeada pelo erário. O encontro aconteceu entre os dias 30 de março e 5 de abril.

Além de Ciro Nogueira e Maurício Quintella Lessa, integraram a comitiva Hugo Napoleão (PSD-PI), Átila Lins (PSD-AM), Alexandre Santos (PMDB-RJ), Iracema Portela (PP-PI) e Eduardo Fonte (PP-PE). No voo de volta, aproveitando-se do sacrossanto recesso da Semana Santa, alguns parlamentares fizeram escala em Paris.

Foi nessa passagem pela capital francesa que Ciro e Maurício avistaram-se com Cavendish. Acompanhou-os o deputado pernambucano, Eduardo Fonte (PP- PE), que não é membro da CPI. Nessa época, já crepitava nas manchetes dos jornais o escândalo Cachoeira e as ramificações da quadrilha com a empreiteira Delta.

Ouvido, Ciro Nogueira confirmou o encontro parisiense. Tratou-o como coisa fortuita. “Conheço Cavendish, tenho relação com ele há uns cinco anos. Mas nada que envolva doação de campanha. Nós só o cumprimentamos. Foi um encontro totalmente casual.”

O nome do restaurante? O senador disse que não se recorda. Lembra-se apenas do nome da rua: Avenue Montaigne. De resto, veio-lhe à memória um detalhe prosaico: acompanhados das respectivas mulheres, os parlamentares encontraram um Cavendish de namorada nova, “muito bonita.”

Na sessão em que a CPI refugou o pedido de convocação do presidente licenciado da Delta, coube a Ciro fazer um dos discursos de “encaminhamento” da votação. Se o encontro de Paris foi “casual”, a fala do senador foi providencial.

Ciro Nogueira soou assim na CPI: “Será que o doutor Fernando Cavendish vai chegar aqui e vai falar, vai entregar qualquer tipo? Não vai. Ou nos preparamos para a arguição dessas pessoas, ou nós vamos ser desmoralizados, como nós fomos ontem e anteontem [nas aguições dos governadores Marconi Perillo, de Goiás, e Agnelo Queiroz, de Brasília]”.

Reza a Constituição que as CPIs têm poderes análogos aos do Judiciário. Podem quebrar sigilos, intimar e interrogar pessoas. Em certas situações, podem até dar voz de prisão a depoentes que faltarem com a verdade.

Levando-se a analogia a limites extremos, os membros de uma CPI deveriam se abster de participar de decisões que envolvam “amigos”, como fazem os magistrados nos casos em que se declaram impossibilitados de julgar.

Na melhor hipótese, Ciro Nogueira teria rendido homenagens ao bom senso se houvesse privado a CPI do seu voto. Numa hipótese melhor ainda, pouparia a comissão do risco da pantomima abstendo-se de participar de uma investigação que tem na Delta do “amigo” Cavendish uma de suas ramificações mais promissoras.

Além de não convocar Cavendish, a CPI derrubou o pedido de oitiva de Luiz Antonio Pagot, ex-diretor-geral do Dnit, o órgão que mais brindou a Delta com contratos para execução de obras do PAC.

Pagot já disse e repetiu que tem o que dizer e deseja falar. Porém, numa reunião em que até Andressa Mendonça, a mulher de Carlinhos Cachoeira, foi convocada a depor, a CPI informou, por 17 votos a 13, que não tem interesse em ouvir o ex-mandachuva do Dnit.

Em articulação coordenada por Miro, um grupo de congressistas insurretos tenta viabilizar o depoimento de Pagot. Se der certo, ocorrerá em sessão informal e paralela. Algo inusitado, que, confirmando-se, levará às manchetes a criação de uma espécie de ‘CPI do B’. A autodesmoralização da CPI oficial já é evidente. Resta saber até que ponto os congressistas estão dispostos a permitir que o melado escorra.

Veja o vídeo do requerimento de Miro Texeira e a carapuça do petista Cândido Vaccarezza


11 de mai. de 2012

Planalto nega ter dado aval à venda da Delta

BRASIL
Planalto nega ter dado aval à venda da Delta
Governo afirma não ter interferido na compra da construtora, que já tem novo presidente. Não esquecer que Delta Construções é alvo de processo administrativo na CGU e tem explicações a dar a CPMI que apura os negócios do bicheiro Carlinhos Cachoeira

Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Atráves de nota o governo, diz que 'são falsas' ilações de que operação teve aval do governo

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Veja, Blog do Noblat

O Palácio do Planalto negou nesta sexta-feira que o governo federal tenha interferido ou dado consentimento à holding J&F, controladora do frigorífico JBS, para adquirir a construtora Delta. Reportagem do jornal Folha de S. Paulo informa que o empresário José Batista Júnior, um dos controladores do frigorífico, confirmou que o governo foi consultado e deu sinal verde para a compra da empreiteira sob o argumento de se evitar a paralisia de obras. A empresa também negou interferência do Planalto no negócio.

"Em relação às negociações sobre a mudança do controle da Delta Construção, o governo federal reitera que não interfere em operações privadas. São falsas as ilações de que a operação teve aval deste governo”, diz nota da Secretaria de Comunicação da Presidência.

Alvo de processo administrativo na Controladoria-geral da União (CGU) desde o último dia 24, a Delta será presidida agora pelo ex-presidente da usina de álcool e açúcar Renuka, Humberto Farias. O ex-presidente, Fernando Cavendish, deixou a empresa após suspeitas de que a construtora estaria envolvida no esquema de corrupção de políticos, troca de favores e lavagem de dinheiro do bando coordenado por Cachoeira.

“Caso a CGU conclua pela condenação [da Delta], a empresa estará impedida de ser contratada pela administração pública”, informa o Planalto.

Depois da informação de indícios do comprometimento de setores do governo goiano e da construtora com o esquema coordenado por Cachoeira, o relator da CPI instalada no Congresso, deputado Odair Cunha (PT-MG), defendeu a importância de ouvir, por exemplo, o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu.

A convocação do ex-dirigente da empreiteira já foi aprovada pela CPI e ele deve prestar depoimento no dia 29 de maio. “Confirmou nossa percepção de que há uma relação muito intensa entre o Carlos Cachoeira e o Claudio Abreu, reafirmando a tese de que ele seria sócio oculto, com uma relação muito permanente entre eles a partir da Delta Centro-Oeste”, declarou Odair Cunha após o segundo depoimento da comissão de inquérito, nesta quinta-feira.

Por ora, não foi aprovado requerimento para a oitiva de Fernando.

Diante dessa notícia Ricardo Noblat reagiu no seu Blog:
Que conversa mole, dona Dilma!

Lorota pura, essa de que o governo não se meteu e nem se meterá na venda da Delta, a empreiteira com o maior número de obras do Programa de Aceleração do Crescimento, e suspeita de ter como um dos seus donos o bicheiro Carlinhos Cachoeira, no momento preso.

Um governo capaz de mandar os bancos baixarem os juros - e de ser obedecido; uma presidente disposta a enquadrar seus ministros na base do grito - e de provocar medo; governo e presidente ficariam alheios a uma operação de tal porte? Com tantas implicações? Onde entra dinheiro público?

Menos, dona Dilma!



7 de mai. de 2012

Pernambuco é o berço da Delta e de Cavendish

PERNAMBUCO
Pernambuco é o berço da Delta e de Cavendish
A Delta Construções S/A. empresa envolvida na CPI do bicheiro Carlinhos Cachoeira nasceu em terras pernambucanas e cresceu, 50 anos atrás, à sombra de obras do governo pernambucano. Fernando Cavendish Soares, o afastado Presidente do Conselho de Administração da Delta, é filho de um dos fundadores da empresa e nasceu em Recife em 17 de junho de 1963

Foto: Divulgação

Canteiros de obra da Delta espalhados pelo território pernambucano, a maioria realizando obras do PAC

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Delta Construções, JC Online, JC Online, Blog de Olho no Trânsito, Contas Abertas, Delta R7, Blog do Josias de Souza, Coluna Felipe Patury – Revista Época

Segundo o jornalista Giovanni Sandes, em matéria publicada neste domingo, no Jornal do Comércio, “Pernambuco é a terra da Delta”, pois a construtora que nasceu por aqui, e desde suas origens , tem um vínculo antigo e entranhado com o poder público em Pernambuco. A empreiteira só virou a sexta maior do Brasil porque, há 50 anos, foi adotada pela extinta Telecomunicações de Pernambuco (Telpe). Décadas depois, em meio ao atual escândalo em que está envolvida, Pernambuco aparece como um importante contratador num destacao capítulo dessa história.

A empreiteira é acusada de cometer irregularidades graves por Controladoria Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU) e Polícia Federal. Além de estar na mira da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

”Curioso é que tudo só está aparecendo agora, depois do crescimento meteórico da Delta, maior executora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), criado em 2007 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.”

A Delta Construções foi montada por ex-servidores do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, entre eles o engenheiro pernambucano, Inaldo Soares, pai do atual presidente do conselho de administração da Delta, o recifense Fernando Cavendish.

“Em seus primeiros trabalhos, um grupo de quatro a cinco pessoas saía diariamente em um caminhão de material pré-misturado, conhecido como asfalto frio, para tapar buracos nas estradas próximas, prestando serviços ao governo estadual. Anos depois, a partir do contrato firmado com a Telpe, operadora de telefonia do Estado, a Delta teve seu primeiro grande impulso para o sucesso. Em um período de cinco anos, realizou obras em praticamente todos os bairros de Recife e em quase todo o Estado de Pernambuco”, registra a própria Delta, no documento dos seus 50 anos de existência.

Foto:Divulgação Alerj

A Delta estava no consórcio que reformava o Maracanã, afastou-se após o escândalo

Com o tempo, sob o comando de Cavendish, em 1994, a empresa decidiu estender seus tentáculos para além de Pernambuco e do Nordeste, mudando sua sede e seu foco para o Rio de Janeiro, atrás de contratos federais, como os da Petrobras.

Sua participação em Pernambuco foi inexpressiva por um período, comparada com a sua atuação no resto do país. Nos governos Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Mendonça Filho (DEM), ela obteve modestos contratos no valor de R$ 5,5 milhões.

Mas com o surgimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), gestado em 2007, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da então Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff a Construtora saltou de um faturamento com o estado de Pernambuco, de R$ 2 milhões, em 2005, para R$ 105 milhões, ano passado.

Segundo Giovanni Sandes, o governador Eduardo Campos demorou muito a se preocupar com o escândalo que envolvia a Delta, e só “anunciou a abertura de uma auditoria especial nos contratos da empreiteira com órgãos das Secretarias de Transporte e Cidades depois da ampliação das denúncias envolvendo a Delta. Porém, conforme revelou o JC, a auditoria poderia começar pelo Canal do Jordão, no Jordão Baixo. A obra já recebeu nove aditivos e, segundo o governo, ficará pronta este mês. Porém, as imagens e a população mostram outra coisa: uma construção de péssima qualidade e com aspecto de desgaste.

Problemas nas obras da Delta não são exatamente novidade. Ela é responsável, por exemplo, do lote 6 da transposição do Rio São Francisco, em Mauriti, Ceará, o trecho do canal que ficou famoso no Brasil por ter placas quebradas onde a obra supostamente estaria acabada.

O problema é que, muito antes de Pernambuco anunciar a abertura de uma auditoria especial pela Controladoria Geral do Estado, o Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou irregularidades graves na duplicação de 50 quilômetros da BR-104, realizada por um consórcio da Delta com a Queiroz Galvão e Galvão Engenharia. A obra começou em dezembro de 2008, programada para terminar em janeiro de 2011, mas está prometida para dezembro deste ano.

O contrato desta obra é problemático desde a licitação. Segundo o TCU, o consórcio recebeu R$ 3,2 milhões a mais do que o devido, entre outras irregularidades graves: critério de medição inadequado, sobrepreço por quantidades erradas e duplicidade, mudanças relevantes de tipo e qualidade de materiais, ausência ou inadequação de prestação de contas e até inexistência de aditivo formalizado.

Foto: Pedro Romero/JC

Denuncia de fratura no asfalto e precariedade no acostamento, na parte concluída e ainda não inaugurada da BR 104, próximo a Caruaru

O Tribunal multou gestores do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER-PE) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), determinou redução do contrato de R$ 308 milhões para R$ 304 milhões e a repactuação de mais R$ 14 milhões nos itens irregulares.

O surpreendente é que mesmo depois dessa intervenção saneadora do TCU, os custos da obra continuaram subindo, pelas últimas divulgações ela vai acabar custando R$ 353 milhões, R$ 49 milhões a mais que previu o calculo do TCU.

Segundo a Secretaria de Transporte, os aditivos atendem “às cláusulas contratuais de atualização financeira e prorrogação de prazos.”, informou a matéria do Jornal do Comercio. Ah! Tá!

Isso sem contar, que segundo o levantamento do Contas Abertas, a obra pela qual a Delta recebe o maior montante de recursos do governo federal é a de integração do Rio São Francisco com as bacias dos rios Jaguaribe, Piranhas e Açu e Apodi, na região nordeste. A ação é desenvolvida pela Secretaria de Infraestrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional, que tem a frente o ministro pernambucano, Fernando Bezerra Coelho. Nessa iniciativa, já foram pagos este ano 16,4 milhões de reais à empreiteira.

Foto: Divulgação

O recifense Fernando Cavendish Soares, 49 anos, filho de Inaldo Soares, fundador da Delta Construções, é formado em Engenharia Civil pelas Faculdades Integradas Veiga de Almeida do Rio de Janeiro. Desde 1º de dezembro de 1990 foi admitido como Presidente do Conselho de Administração da Delta Construções S/A.

Segundo o site da Delta, durante sua gestão, a Delta foi responsável por diversas obras em distintos segmentos da engenharia e construção por todo território nacional. Foram feitas obras em rodovias estaduais e federais, na construção do Estádio Engenhão, e atualmente a reforma do Maracanã.

Depois das denuncias de envolvimento da empresa com Carlinhos Cachoeira e de aparecer dançando agachado com o governador Sérgio Cabral num farra em Paris, Cavendish resolveu afastar-se da direção da empresa e até já negocia a sua venda.

Acuada pelas denúncias, a Delta já começou um movimento de abandono de grandes obras, como a sua participação nos consórcios que tocam a reforma do Maracanã, a construção da TransCarioca e do polo petroquímico de Comperj.

Com 25 mil empregados diretos e 5 mil indiretos, a empresa tenta agora evitar o efeito dominó que atingirá outros projetos. Segundo o Blog de Josias de Souza: “Após deixar a presidência da Delta Construções, Fernando Cavendish decidiu vender a empresa. A operação que resultará na transferência do controle acionário encontra-se em avançado estágio de negociação.Participa da operacionalização do negócio Henrique Meirelles, o ex-presidente do Banco Central nos dois governos de Lula.


6 de mai. de 2012

Dilma e o fantasma da Delta

OPINIÃO
Dilma e o fantasma da Delta
“De posse do relatório da CGU, expondo a farra da Delta nas obras do PAC, o que fez Dilma Rousseff? Eleita presidente, assinou mais 31 contratos com a Delta”.

Fotomontagem de Toinho de Passira

Guilherme Fiuza
Fonte: Coluna do Guilherme Fiuza - Revista Época (edição 728)

Dilma Rousseff pediu à sua assessoria um “pente fino” nos contratos da construtora Delta com o governo federal. A presidente da República quer saber se há irregularidade em alguma dessas obras. O Brasil assiste embevecido a mais uma cartada moralizadora da gerente. Mas o ideal seria ela pedir à sua assessoria, antes do pente fino, uns óculos de grau. Se Dilma não enxergou o que a Delta andou fazendo com seu governo, está correndo perigo: pode tropeçar a qualquer momento num desses sacos de dinheiro que atravessam o seu caminho, rumo às obras superfaturadas do PAC.

Como todos sabem, até porque Lula cansou de avisar, Dilma é a mãe do PAC. Por uma dessas coincidências da vida, a Delta é a empreiteira campeã do PAC. Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), as irregularidades nas obras tocadas pela Delta vêm desde 2007. A mãe do PAC teve pelo menos cinco anos para enxergar com quem o seu filho estava se metendo. E a Delta era a principal companhia do menino, andando com ele pelo Brasil afora num variado roteiro de traquinagens. Mas as mães de hoje em dia são muito ocupadas, não têm tempo para as crianças.

Felizmente, sempre tem uma babá, uma vizinha, uma amiga atenta para abrir os olhos dessas mães distraídas. Dilma teve essa sorte, em setembro de 2010. A CGU, que vive controlando a vida alheia – uma espécie de bisbilhoteira do bem –, deu o serviço completo: contou a Dilma e Lula (a mãe e o padrasto) que o PAC vinha sendo desencaminhado pela Delta. Superfaturamento, fraudes em licitações, pagamento de propinas e variadas modalidades de desvio de dinheiro público – inclusive com criminosa adulteração de materiais em obras de infra-estrutura – estavam entre as molecagens da empreiteira com o filho prodígio da então candidata a presidente.

De posse do relatório da CGU, expondo a farra da Delta nas obras do PAC, o que fez Dilma Rousseff? Eleita presidente, assinou mais 31 contratos com a Delta.

Talvez seja bom explicar de novo, para os leitores distraídos como a mãe do PAC: depois da comunicação à administração federal sobre as irregularidades da Delta, a empreiteira recebeu quase R$ 1 bilhão do governo Dilma. Agora a presidente anuncia publicamente que passará um pente fino nesses contratos, e a platéia aplaude a faxina. Não só aplaude, como dá novo recorde de aprovação a esse mesmo governo Dilma (64% no Datafolha), destacando o quesito moralização. Infelizmente, pente fino não pega conto-do-vigário.

Mas o show tem que continuar. E já que o público está gostando, a presidente se espalha no picadeiro. Depois da farra da Delta, que teve seu filé mignon no famigerado Dnit (Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes), Dilma diz que quer saber se a faxina no órgão favoreceu Carlinhos Cachoeira. Tradução: depois de ter que demitir apadrinhados de seus aliados porque a imprensa revelou suas negociatas, Dilma quer ver se ainda dá para convencer a platéia de que o escândalo foi plantado pelo bicheiro. É claro que dá: se Lula repete por aí que o mensalão não existiu (e não foi internado por causa disso), por que não buzinar a versão de que o caso Dnit foi uma criação de Cachoeira?

Pelo que indicam as escutas telefônicas da Polícia Federal, o bicheiro operava com a Delta na corrupção de agentes públicos. Dilma e o PT são candidatos a vítimas desse esquema – daí Lula ter forçado a CPI do Cachoeira. O problema na montagem dessa literatura é que a Delta, mesmo depois da revelação do esquema e da prisão do bicheiro, continua recebendo dinheiro do governo Dilma – R$ 133 milhões só em 2012, e através do Dnit...

A atribulada mãe do PAC não notou a Delta, não percebeu Cachoeira, engordou o milionário esquema deles no Dnit durante anos por pura distração, e agora vai moralizar tudo isso com o seu pente fino mágico. Na próxima rodada das pesquisas de opinião, o vigilante povo brasileiro saberá reconhecer mais essa faxina da mulher destemida, dando-lhe novo recorde de aprovação.

Nesse ritmo, a CPI do Cachoeira vai acabar concluindo que até o escândalo do mensalão foi provocado pelo bicheiro (essa tese já existe). E Dilma conquistará para o PT o monopólio da inocência.


*Acrescentamos subtítulo e fotomontagem ao texto original