31 de mai. de 2014

O problema ético do carro inteligente do Google

EUA - Tecnologia Futurista
O problema ético do carro inteligente do Google
O software que controla o veículo poderá escolher se preserva a vida do dono do carro ou dos demais envolvidos no acidente iminente? Quem será o responsável pela decisão?

Foto: Divulgação

Veículo tem apenas um botão e será guiado por meio de um smartphone

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Veja, The AtlanticGoogle Self-Driving Car Project

Se nos próximos anos o Google colocar nas ruas seu carro inteligente, os motoristas deixarão, pela primeira vez, de ter controle sobre o funcionamento dos veículos. Sem volante, pedais ou câmbio, o modelo em fase de testes é totalmente controlado por um sistema de software. Em um mundo em que carros tomam decisões a partir de dados coletados por inúmeros sensores, muitos acidentes provocados por falha humana poderão ser evitados. Contudo, a tecnologia certamente apresentará outras questões.

Imagine que ocorra uma situação em que uma colisão é inevitável — afinal, apesar de toda a inteligência contida no veículo inteligente, há na rua outros carros, pedestres etc. À frente do carro sem motorista, surge inesperadamente um caminhão na contramão em alta velocidade. Desviar também não parece uma boa opção: à esquerda há uma moto em direção contrária e, à direita, um grupo de crianças. Em todos os casos, não há tempo suficiente para frear. Se estivesse ao volante, o motorista provavelmente tomaria o caminho que provocasse o menor dano. E o carro inteligente, o que vai fazer?

O Google ainda não esclareceu de que maneira o carro sem motorista lidará com situações como essa. É provável que a decisão envolva um cálculo que leva em conta o risco envolvido em cada situação. Eis o primeiro dilema: o software poderá escolher se preserva a vida do dono do carro ou das demais pessoas envolvidas no acidente iminente? Há ainda, é claro, outras questões: o responsável por eventual acidente é o proprietário do carro ou seu fabricante?

Muita gente já começou a pensar nisso. Patrick Lin, diretor do grupo de pesquisa sobre ética e ciências emergentes da Escola Politécnica da Universidade Estadual da Califórnia, afirma que esse é apenas um dos dilemas com os quais a sociedade terá de lidar diante a aparição dos carros sem motorista. Ele acrescenta ainda que teremos de resolvê-los antes que esses veículos cheguem ao mercado. "Acreditamos que motoristas podem avaliar uma ampla variedade de situações dinâmicas (...) de forma ética e sábia. Carros autônomos são uma nova tecnologia e tão cedo não teremos registros sobre como eles respondem àquelas situações", escreveu Lin em artigo publicado em outubro de 2013 na revista americana The Atlantic.

Ainda não há leis para determinar como os carros autônomos deverão ser programados para atuar em incidentes de trânsito. Segundo Lin, conflitos éticos não deverão parar o avanço tecnológico nos veículos autônomos, mas devem servir como alerta para que regulações efetivas sejam criadas para orientar a correta programação dos veículos que chegarão às ruas nos próximos anos. "Devemos analisar com cuidado todas as opções antes de tomar uma decisão", escreveu Lin em artigo publicado pela revista Wired.

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