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8 de mai. de 2013

The New York Times: “A partir da selva, Brasil quer estender sua influência”

BRASIL – Na Imprensa Internacional
The New York Times: “A partir da selva,
Brasil quer estender sua influência”
Uma ampla reportagem ilustrada, sobre o Centro de Instrução de Guerra na Selva do Exército Brasileiro ganhou destaque na capa do portal do jornal americano The New York Times. Para o jornal o centro é parte da “ambição brasileira de espalhar sua influência no mundo em desenvolvimento”. O correspondente Simon Romero esteve na base de Marechal Rondon, e relata o difícil treinamento de nove semanas que forma militares de elite, prontos para atender aos interesses geopolíticos do Brasil, extensivo a militares de países como Senegal, Angola, Argentina, Guiana, Suriname e França.

Foto: Mauricio Lima/The New York Times

Um soldado brasileiro pratica rapel a partir de um helicóptero, como parte do treinamento de guerra na na selva, um curso oferecido pelo Exército Brasileiro na Amazônia.

Postado por Toinho de Passira
Reportagem de Simon Romero, para The New York Times
Fontes: The New York Times , UOL, Terra

O major José Maria Ferreira sorria enquanto listava as ameaças à sobrevivência humana na mata fechada que cerca a base militar remota na Amazônia brasileira.

Ele começou com as piranhas, que espreitam os rios, e as serpentes, como a temida surucucu, a mais longa cobra venenosa do hemisfério ocidental. Depois, passou para as criaturas silenciosas, como a formiga-cabo-verde, chamada de "bullet ant", em inglês, e encontrada em colônias na base das árvores. Sua ferroada, de acordo com as vítimas, dói tanto quanto um tiro e dura pelo menos 24 horas.

Ampliando seu sorriso, Ferreira então descreveu a leishmaniose, a doença que faz a carne necrosar e é causada por picada de mosca da areia, as febres transmitidas por mosquitos como malária e dengue e, finalmente, a rabdomiólise, uma condição causada por exercício extremo. Leva a danos renais e à quebra dos músculos esqueléticos; as vítimas podem identificar seu início quando a urina tem cor marrom escura.

Foto: Mauricio Lima/The New York Times

O curso permite a formação de uma eficiente força militar especializada pronta para fazer valer a soberania sobre a Amazônia brasileira

"Ficamos preocupados quando isso acontece", disse Ferreira, 42, porta-voz do Centro de Instrução de Guerra na Selva, que está entre as instituições mais exigentes do tipo nos trópicos. "A cor marrom significa 90% de chance de morte".

Estranhamente, dezenas de soldados das unidades militares de elite do Brasil, assim como membros de forças de operações especiais do mundo todo, brigam pelas vagas nos cursos do centro, que está emergindo como pilar da ambição brasileira de espalhar sua influência para o mundo em desenvolvimento, em especial para a América Latina e a África.

Os cursos duram cerca de nove semanas, e os instrutores submetem os soldados a uma série de tarefas penosas. Os soldados precisam superar longas caminhadas pela floresta, nadar pelas águas infestadas de jacarés e piranhas e sobreviver por dias sem ração, caçando e colhendo sua própria comida.

Foto: Mauricio Lima/The New York Times

O programa foi criado em 1964, por um oficial brasileiro, que participou de um curso semelhante no Panamá, ministrado pelo Exército USA, adaptado às condições das florestas tropicais brasileiras.

Os instrutores também privam os soldados de sono, gritam insultos e, quando percebem sinais de fadiga, forçam-nos a lutar entre si.

Por todo o tempo, os soldados dormem (quando podem) em redes penduradas no meio da selva, frequentemente ensopados por chuvas torrenciais ou atormentados pelos estridentes alaridos dos macacos que parecem capazes de furar os tímpanos.

"Tem sido uma experiência muito, muito cansativa", diz o tenente Djibil Toure, 26, um dos quatro oficiais da unidade de operações especiais do exército senegalês enviada para participar do curso neste ano.

O contingente senegalês desistiu depois de fracassar em um teste no qual os participantes precisavam atravessar um trecho de água com o equipamento completo, com a mochila e o rifle que juntos pesam mais de 45 kg. Mas eles permaneceram como observadores, pois o Brasil concordou em ajudar o exército senegalês a melhorar sua capacidade de guerra na mata.

Depois do fim do curso, os assessores militares brasileiros planejam ir para o Senegal, segundo Toure, onde sua unidade está decidida em combater uma insurgência teimosa, o Movimento de Forças Democráticas da Casamansa.

Foto: Mauricio Lima/The New York Times

O treinamento visa enfrentar os desafios do tráfico de cocaínas, o desmatamento ilegal, a mineração irregular, de ouro e diamantes e a ameaça de incursões de rebeldes da Colômbia.

Para o Brasil, a oportunidade de treinar soldados africanos vai ajudar a elevar seu perfil do outro lado do Atlântico, enquanto as relações comerciais crescem entre o Brasil e os países africanos. Além do Senegal, Angola começou a enviar soldados para o centro, conhecido como Cigs, por suas iniciais em português.

O Brasil também disponibilizou os cursos para países em seu próprio hemisfério, e a Argentina, Venezuela, Guiana e Suriname enviaram participantes. Até a França, que mantém tropas na Guiana Francesa, uma região além-mar que faz fronteira com o Brasil na Amazônia, e os Estados Unidos ocasionalmente enviam soldados para treinamento.

O Cigs nasceu em 1964, depois que um oficial brasileiro que participou de um curso similar operado pelo Exército norte-americano no Panamá procurou criar um centro de instrução adequado às condições da floresta brasileira.

Algumas inovações incluem a substituição de mulas e cavalos por búfalos de água asiáticos, que foram introduzidos décadas atrás na bacia do rio Amazonas e se adaptaram bem à floresta úmida, e uma faca de combate desenvolvida para o centro, que é ofertada simbolicamente aos soldados que completam o curso.

Foto: Mauricio Lima/The New York Times

As ameaças à sobrevivência humana aqui são inumeráveis: piranhas, jararaca, e a formiga-cabo-verde, cuja picada, dói, por 24 horas, tanto quanto ser baleado

Treinar uma força militar que permita que o Brasil afirme sua soberania sobre a região amazônica, cerca de 60% da qual está no Brasil e vem se urbanizando rapidamente, continua sendo a prioridade do centro. O programa se concentra nos desafios impostos pelo tráfico de cocaína, desmatamento ilegal, mineração não autorizada de ouro e diamante e a ameaça de incursões por guerrilheiros da Colômbia em busca de abrigo.

Além disso, o Centro de Instrução de Guerra na Selva também apoia os esforços do Brasil em aumentar o perfil militar brasileiro, participando mais ativamente das missões da ONU, como no Haiti e na Força Interina da ONU no Líbano. O centro ajuda a reposicionar as forças armadas, depois de um longo tempo de governo militar, de 1964 a 1985, quando os soldados foram implicados em abusos de direitos humanos.

A tarefa de preparar soldados para missões no Brasil ou no exterior, em grande parte, é da responsabilidade do coronel Mario Augusto Coimbra, principal instrutor do centro.

Coimbra, que se descreve como especialista no uísque Jack Daniel`s, recentemente passou férias no Texas caçando porcos selvagens e exibe em seu escritório uma coleção de facas de combate, particularmente kukris nepalesas.

Foto: Mauricio Lima/The New York Times

Rambo, provavelmente, seria reprovado.

"O Rambo não conseguiria completar esse curso", disse Coimbra, 44, homem parrudo cujo celular toca como um helicóptero decolando. "Porque ele é individualista; para sobreviver na selva, você precisa ser uma equipe".

Ainda assim, até mesmo as equipes formadas no curso inevitavelmente vão sendo podadas. Dos 100 participantes deste ano, restavam apenas 53 ainda na metade do curso. Médicos e psicólogos monitoram constantemente os soldados, pedindo sua remoção quando parecem cansados demais ou adoentados. A última fatalidade foi em 2008, quando um soldado desmaiou ao nadar.

Além dos oficiais senegaleses, soldados da Guatemala, Equador e França participaram do curso neste ano.

Em recente tarde, muitos dos participantes pareciam desolados, com olheiras profundas, quando receberam ordens para correr em formação, sob a chuva incessante. Seus nomes foram retirados dos uniformes e são identificados por números.

O número 14, tenente Caio Nicoli Calggario, do Espírito Santo, no Sudeste do Brasil, parecia exausto ao falar sobre o curso. Ele disse que a pior fase foi a de sobrevivência, quando alguns soldados comeram larvas encontradas no coqueiro de babaçu.

"Dormi 10 minutos na noite passada", disse ele, olhando para o chão. "É difícil caçar quando você está cansado".


Tradução: Deborah Weinberg, para UOL

26 de mai. de 2012

Meio veto desagradou ambientalistas e ruralistas

BRASIL – Meio Ambiente
Meio veto desagradou ambientalistas e ruralistas
Dilma guardou para o ultimo dia possível à divulgação de que iria vetar parte do controverso “Código Florestal”, aprovado pelo Congresso Brasileiro. Havia uma campanha nacional e internacional pedindo pelo veto completo da Lei. Os ambientalistas queixam-se que a legislação beneficiava e indultava desmatadores estimulando a derrubada da floresta. Os críticos, de ambos os lados, reclamam que o governo fez um anúncio cheio de intenções, sem que concretamente comprovasse a extensão da sua decisão, o que só ocorrerá com a publicação do veto e da Medida Provisória prometida, no Diário Oficial de segunda-feira.

Foto: José Cruz/Agência Brasil

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, e o ministro da Agriculltura, Mendes Ribeiro, anunciam veto em 12 itens e 32 modificações no texto do Código Florestal, feitos pela presidenta Dilma Rousseff

Postado por Toinho de Passira
Fontes: G1, BBC Brasil, Reuters, Greepeace, The Guardian, Finacial Times

O governo federal anunciou nesta sexta-feira uma série de vetos ao Código Florestal aprovado em abril no Congresso.

De acordo com o anúncio, feito pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a presidente Dilma Rousseff determinou 12 vetos e 32 modificações no texto da lei. Entre as modificações estão 14 recuperações do texto aprovado anteriormente pelo Senado Federal, 13 ajustes ou adequações e cinco novos dispositivos.

Entre elas estão recompor o texto previamente aprovado pelo Senado, não anistiando o desmatador, preservar o pequeno proprietário e responsabilizar a todos pela recuperação ambiental.

"Todos terão que recuperar tudo o que foi desmatado ou suprimido de vegetação no passado", disse a ministra, em entrevista coletiva.

"Este não é o código dos ambientalistas, e não é o código dos ruralistas. É o código daqueles que acreditam que o Brasil pode produzir mantendo o respeito ao meio ambiente", acrescentou o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho.

Segundo foi informado Dilma cortou da legislação, aprovada pelo Congresso, todo o artigo que regulariza propriedades que destruíram sua vegetação nativa. Também retirou a possibilidade de Estados e municípios definirem as áreas de proteção perto de rios em regiões urbanas, além de classificar mangues, topos de morro e encostas como áreas que devem ser preservadas.

O prazo para análise da legislação ambiental se encerrava nesta sexta.

Imagina-se que as mudanças, a serem promovidas por Medida Provisória, tornaram o texto mais parecido com o que havia sido aprovado pelo Senado, no fim do ano passado.

Uma das principais alterações ocorreu no artigo que trata da reflorestação em margens de rios. O governo retomou a versão aprovada no Senado, que obriga donos de terra a recompor a mata ciliar em níveis que variam conforme a largura do rio.

Desde que o projeto chegou ao Planalto, há três semanas, ONGs ambientalistas e artistas pressionavam Dilma a vetá-lo integralmente, argumentando que ele estimularia futuros desmatamentos.

O Código ainda pode passar a valer na totalidade, pois, veto pode ser derrubado em uma sessão mista do Congresso, desde que tenha votos da maioria absoluta dos deputados (257) e dos senadores (41), mas as chances de isso acontecer são pequenas, pela grande base de apoio ao governo, que conta ainda que não há votos suficientes do Senado para derrubar o veto.

A versão atual do Código Florestal data de 1965. Tanto ambientalistas como ruralistas argumentam que a legislação precisa ser reformada para se adequar às mudanças ocorridas no país desde então. A reforma desse Código Florestal controverso está em discussão no Congresso há mais de dez anos e provocou diversos embates durante sua tramitação.

Foto: Greenpeace Brasil

Uma revoada de guarás sobre a Reserva Biológica do Lago do Piratuba, Amapá

A presidente optou por editar uma Medida Provisória sobre o tema, porque de imediato a MP tem força de lei a partir de sua publicação, ou seja, seus efeitos são imediatos. Mas o governo pode enfrentar turbulências na Câmara, que tem uma expressiva bancada ruralista, e já impôs duas derrotas ao Planalto, aprovando textos que flexibilizavam e ampliavam as ocupações em áreas de proteção ambiental.

Entre os insatisfeitos, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), um representante ruralista, classificou a edição da Medida Provisória como uma "afronta" e um "desrespeito" ao Congresso Nacional. Caiado afirmou que aguarda a publicação da medida para entrar com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a inconstitucionalidade da medida.

Os mais moderados estão aguardando a publicação dos artigos vetados e o conteúdo da MP, que só acontecerá na próxima segunda-feira, com a publicação no Diário Oficial da União, para se posicionarem.

Vários segmentos da sociedade manifestaram-se contra o no Código Florestas. Hoje, 25, em artigo assinado publicado no site do jornal britânico The Guardian, o cineasta Fernando Meirelles pedia à presidente Dilma Rousseff que vetasse os pontos do Código Florestal que, segundo ele, ameaçam a sobrevivência da Amazônia.

"Nunca antes a sobrevivência da floresta dependeu tanto de uma só pessoa. Mas é nesta posição em que a presidente do Brasil, Dilma Roussef, se encontra. O Congresso brasileiro aprovou um código florestal que coloca a Amazônia e outras florestas sob ameaça", escreveu o cineasta, diretor de Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel, entre outros.

Meirelles afirma ainda que, se aprovado pela presidente, o código permitiria a madeireiras e fazendeiros que cortem 190 milhões de acres de floresta.

"Este projeto de lei seria uma catástrofe não só para o Brasil, mas para todo o mundo e nosso futuro. O Brasil abriga 40% da última floresta tropical remanescente no mundo - um pulmão que fornece um quinto do nosso oxigênio. Então, por que o Congresso passou uma lei destruidora como esta? E por que Rousseff apenas não o vetou imediatamente? Simples: os agricultores e a indústria madeireira têm forte influência no Congresso e este poderoso lobby afirma que a legislação é um entrave ao desenvolvimento no Brasil" - comenta Meirelles, no seu artigo.

Foto: Greenpeace Brasil

AMAZONIA - Rio Araguari. Ao fundo, as matas do Parque Nacional das Serras do Tumucumaque

O pessoal do Greenpeace também expressou insatisfação no seu site:

”Dilma precisava vetar o texto e iniciar um novo processo, começando por eliminar o desmatamento e com base técnica e social desde o início.

“O governo fez hoje um anúncio vazio. E esse nada apresentado é o retrato do governo, que durante dois anos não deu as caras enquanto o Código Florestal era retalhado pelo Congresso”, afirma Marcio Astrini, da campanha Amazônia do Greenpeace. “Dilma falhou com o povo brasileiro.”

Desde que o processo começou, há dois anos e meio, a presidente ignorou os avisos de diversos setores da sociedade, de que uma lei tão importante não pode ser reescrita sem a participação de todos. Ela aceitou que um dos maiores tesouros do país – a floresta e a decisão constitucional de protegê-la pelo bem comum e futuro – fosse destruída pelo interesse de apenas um setor da sociedade.

Tanto é que, apenas quando o texto saiu no Congresso, o governo foi ver exatamente quantos seriam beneficiados pelo projeto de lei. Quanta surpresa: percebeu que 81% das propriedades são pequenas, e que elas ocupam apenas 16% da área agrícola do país – e que, portanto, o código escrito no Congresso falhava em proteger os pequenos produtores, pois fora escrito para proteger os grandes. Como se todos não soubessem disso.

Nesses quase 18 meses de Presidência, essa não foi a única omissão nem pecado ambiental de Dilma. Seu governo não criou, até agora, um palmo sequer de unidades de conservação. Mas diminuiu o tamanho de várias, sobretudo na Amazônia, para plantar nelas grandes hidrelétricas e projetos de mineração. Dilma solapou poderes do Ibama, órgão que fiscaliza crimes ambientais, e ainda permitiu o ataque da bancada ruralista a terras indígenas.

Como se vê a insatisfação geral continua.


2 de mai. de 2012

Megaoperação militar na Amazônia

BRASIL
Megaoperação militar na Amazônia
A Amazônia brasileira está sendo palco de uma megaoperação, denominada Ágata 4, realizada pelas nossas Forças Armadas, com o objetivo de combater o narcotráfico, garimpos ilegais e desmatamento irregular na fronteira norte da região. O governo brasileiro comunicou antecipadamente o volume e alcance da operação aos países vizinhos para evitar equívocos e temores. A região é considerada o ponto fraco da Amazônia, por ter 5.500 km de fronteira seca.

Foto: Agência Força Aérea/Sgt. Johnson

Helicopetero da Força Áerea patrulhando a selva durane a operação AGATA 4

Postado por Toinho de Passira
Fonte: BBC Brasil

O governo brasileiro inicia nesta quarta-feira uma megaoperação para combater narcotráfico, garimpos ilegais e desmatamento irregular na fronteira norte da Amazônia. O Exército chegou a enviar um representante a países vizinhos para esclarecer eventuais temores com a operação.

A ação, denominada "Agata 4", levará 8.700 militares para a fronteira do Brasil com Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Serão usados ainda 11 navios, nove helicópteros e 27 aviões.

A região é considerada o ponto fraco da Amazônia, por ter 5.500 km de fronteira seca e poucas guarnições das Forças Armadas.

O general José Carlos De Nardi, encarregado de esclarecer aos países vizinhos os objetivos da operação AGATA 4
A perspectiva de intensa movimentação de tropas próximo à fronteira causou apreensão nos países vizinhos.

Porém, segundo o general José Carlos De Nardi, chefe do Estado Maior Conjunto do Ministério da Defesa, a ação não é uma demonstração de força. Equipes diplomáticas visitaram os governos vizinhos para assegurar que a manobra não tem caráter hostil.

"Eu fui à Venezuela, à Guiana e ao Suriname para explicar o sentido da operação [de combater a criminalidade do lado brasileiro da fronteira]. Não é um problema de defesa da pátria", disse De Nardi.

Segundo ele, a ação ocorrerá apenas em solo brasileiro e visa fortalecer a presença do Estado em uma das regiões mais remotas do país.

Contudo, apesar de oficialmente não ter objetivo geopolítico, a operação Agata também não é um mero exercício militar. "É uma operação real, os militares levarão munição real e podem ocorrer tiros reais", disse o general.

A realização da "Agata 4" foi uma determinação da Presidente Dilma Rousseff. Três ações semelhantes já foram realizadas no centro-oeste e no sul em 2011 e mais duas devem ocorrer ainda em 2012.

Foto: Agência Força Aérea/Sgt Joa

O primeiro Hospital de Campanha da Força Aérea Brasileira, instalado numa balsa, participa pela primeira vez de uma operação de combate

O objetivo da operação será destruir garimpos e pistas de pouso ilegais, além de "sufocar" o tráfico de maconha e cocaína que possui rotas de entrada no Brasil pelo norte da fronteira.

Segundo o Ministério da Defesa, a operação "Agata 3", realizada em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia em 2011, bloqueou a passagem de criminosos pela fronteira e causou aumento do preço das drogas no mercado negro.

A estratégia do governo é represar o tráfico de drogas, madeira e metais preciosos durante 20 ou 30 dias e depois encerrar a operação.

Como se sabe que a tendência é que os criminosos preparem então grandes carregamentos logo após a retirada dos militares, a Polícia Federal, com ajuda da Abin (agência brasileira de inteligência), deflagará, logo em seguida, a Operação Sentinela que fará incursões pontuais na região para fazer prisões e apreender cargas ilegais.

Foto: Reuters

O Exércio Brasileiro na Operação Agata 3 que aconteceu em novembro 2011


25 de jan. de 2012

No Brasil, receio de retrocesso na proteção da Amazônia

OPINIÃO
No Brasil, receio de retrocesso na proteção da Amazônia
Uma reportagem publicada na edição desta quarta-feira pelo jornal “New York Times” afirma que o Brasil teve "grandes avanços" nos últimos anos no combate ao desmatamento da Amazônia, mas desde que a presidente Dilma Rousseff foi eleita presidente, há sinais de mudanças na atitude do governo em relação à preservação da floresta.

Foto: Damon Winter/The New York Times

Desmatamento no Brasil, impulsionado em grande parte pelo desmatamento para o gado, como em Mato Grosso, acima, tem diminuído. Mas tem havido uma mudança, para pior, no governo do presidente Dilma Rousseff.

Alexei Barrionuevo.
Fontes:The New York Times, BBC Brasil

O Brasil tem feito grandes progressos nos últimos anos na redução do desmatamento da Amazônia e mostrando ao mundo que leva a sério a proteção da floresta tropical nativa.

A taxa de desmatamento caiu em 80 por cento nos últimos seis anos, como o governo reservando cerca de 150 milhões de hectares para a preservação - uma área quase do tamanho da França – reprimindo com força policial os desmatadores ilegais.

. A ex-ministra do meio ambiente, Marina Silva, se tornou respeitada internacionalmente como defensora da Amazônia. Ela concorreu à presidência em 2010 pelo Partido Verde, e ganhou 19,4 por cento dos votos.

Mas desde que Dilma Rousseff foi eleita presidente no final de 2010, tem havido sinais de uma mudança de atitude do governo em direção à Amazônia. A medida provisória permite agora que a presidente possa diminuir as terras reservadas para a preservação. O governo está concedendo mais flexibilidade para grandes projetos de infraestrutura durante o processo de licenciamento ambiental. E uma proposta daria poder de veto do Congresso Brasileiro sobre o reconhecimento de territórios indígenas.

"O que está acontecendo no Brasil é o maior retrocesso que jamais poderia imaginar no que diz respeito às políticas ambientais", disse Marina Silva, que agora dedica seu tempo à defesa do meio ambiente.

Agora, um projeto de lei pretende renovar o Código Florestal de 47 anos de idade, uma peça central da legislação ambiental, um teste ainda mais sério que revela a postura de Dilma em relação ao meio ambiente.

O debate sobre a lei revelou a gritante falta de conexão entre uma população que está cada vez mais favorável à conservação da Amazônia e Congresso onde os interesses agrícolas no norte rural do país e nordeste ainda prevalecem. Surpreende saber que o Brasil vai sedir a realização de uma conferência das Nações Unidas sobre o desenvolvimento sustentável no Rio de Janeiro em junho próximo.

Antes de tomar posse em janeiro passado, Dilma prometeu vetar qualquer revisão do Código Florestal que concedeu anistia aos proprietários que já haviam desmatado ilegalmente. Mas seu governo negociou uma versão do código, aprovado pelo Senado em dezembro, que daria anistia aos agricultores que infringiu a lei antes de 2008 - desde que eles concordassem em plantar novas árvores. Está previsto novo debate no Congresso sobre a legislação, mais uma vez, em março, com Dilma possuindo o poder de veto final.

Foto: Associated Press

Marina Silva, campanha em defesa da amazônia.

A luta sobre o Código Florestal tem alimentado a luta secular sobre desenvolvimento versus conservação no Brasil, um país que carrega o peso da pressão internacional para proteger a Amazônia do desmatamento, porque, qualquer alteração, poderia afestar as condições climáticas em escala mundial.

Rousseff, uma ex-ministro da Energia, até agora apontou uma postura mais pró-desenvolvimento, os ambientalistas dizem que, deslocando o equilíbrio da administração de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, que nomeou Marina Silva, para Ministro do Meio Ambiente.

Agricultura representa 22 por cento do produto interno bruto do Brasil. Os chamados ruralistas no Congresso dizem que o código antigo é que limita o potencial agrícola do Brasil e que precisa de atualização para permitir que mais terras fiquem disponiveis para a produção.

Os ambientalistas contra-argumentam que já existe terra suficiente para dobrar a produção e que as alterações propostas abriria a porta a um aumento no desmatamento.

Em maio passado, a Câmara aprovou uma anistia mais ampla para aqueles que tinham ilegalmente desmatado, causando revolta nos ambientalistas e cientistas. Os deputados se recusaram a receber um grupo de respeitados cientistas brasileiros que emitiu um relatório condenando as alterações.

"Na Câmara, houve pouca consulta aos cientistas", disse Carlos Nobre, cientista do Instituto de Pesquisas Espaciais do Brasil, que é especialista em questões climáticas. Ele disse, que os cientistas "demoraram muito tempo para perceber que os congressistas queriam mudar radicalmente o Código Florestal, criando uma ampla e irrestrita licença para desmatar."

Foto: Paulo Santos/Reuters

O governo tem usado batidas policiais, como no estado do Pará, sobretudo, para encontrar desmatadores ilegais

Marina Silva, que nasceu na Amazônia, renunciou em 2008 depois da oposição dos governadores ruralistas a restrições sobre o desmatamento ilegal, ela havia implementado. Mas ela instituiu uma politica eficaz de controle de desmatamento, que os ambientalistas aprovam. O governo Lula, usou imagens de satélite, ações policiais e elaboração de uma lista negra dos piores crimonosos.

"Os ruralistas têm pressionado bastante para mudar o Código Florestal porque o governo realmente começou a aplicar a politica instituida por Marina Silva", disse Stephan Schwartzman, diretor de política florestal tropical do Fundo de Defesa Ambiental em Washington.

A votação na Câmara mostrou como o norte e o nordeste menos desenvolvidos estão fortemente representados no Congresso do Brasil, uma relíquia da ditadura militar.

"A representação proporcionalmente distorcida, tem mostrado que os ambientalistas têm muito menos poder no Congresso do que têm na opinião pública", disse Gilberto Câmara, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que monitora o desmatamento na Amazônia.

Dias após a votação da Câmara em maio passado, uma pesquisa feita pelo Datafolha mostrou que 85 por cento dos brasileiros desejam que o código reformado deve priorizar florestas e rios, mesmo que seja à custa da redução da produção agrícola.

Depois de semanas de debate, o projeto de lei do Senado aprovou em dezembro foi um pouco mais palatável aos ambientalistas. Ao invés de anistia total para o desmatamento ilegal passado, a versão do Senado permite que os agricultores replantar para evitar multas. A legislação agora vai voltar para a Câmara.

"Temos que conciliar a geração de renda com sustentabilidade", disse Izabella Teixeira, a atual Ministra do Meio Ambiente, após a votação.

Para Marcos Jank, presidente da Brazilian Sugarcane Industry Association, uma das principais razões para alterar o código é legalizar inumeras propriedades na amazonia, pois a falta de títulos de terra é que estão dificultando o rastreamento de atividade ilegal.

"Quando você tem um Código Florestal que legaliza títulos de terra, então que tem o efeito de redução do desmatamento, e não aumentá-lo", disse ele.

Dilma, promessas de campanha que não estão sendo cumpridas
O governo afirma que o código irá reflorestar cerca de 60 milhões de hectares, em grande parte na Amazônia, que o Ministério do Meio Ambiente chama de "o maior programa de reflorestamento do mundo." Mas quem vai pagar por todas essas novas árvores? E o governo vai cumprir os requisitos de replantio?

"Os pequenos produtores não têm dinheiro para replantar", disse Jank, disse. "É preciso desenvolver programas para ajudá-los."

Há também questões sobre o tamanho das áreas a serem isentas da obrigação legal de preservar 80 por cento das árvores nas propriedades da Amazônia. A nova lei isentaria "pequenas" propriedades de até quatro "módulos fiscais", que na Amazônia são quase 100 hectares contínuos.

"Isso é uma grande propriedade em qualquer parte do mundo", disse Nobre disse. "Eu vejo grande risco aqui se esta definição for mantida."

Apesar das preocupações, não há como negar que o desmatamento no Brasil, impulsionado em grande parte pelo desmatamento para pastagem de gado ineficiente, tem sido uma tendência descendente. Além disso, uma nova geração de satélites durante os próximos dois anos dará ao Brasil acesso a imagens de sete satélites, duas vezes mais eficiente que as atuais.

Gilberto Câmara, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e outros cientistas estão prevendo que a Amazônia brasileira tem a chance até 2020 para se tornar um "sumidouro de carbono", se a quantidade de floresta que está sendo replantada é maior do que o montante a ser desmatadas.

"A presidenta Rousseff é extremamente ciente disso." "Quando eu disse isso ela quase caiu da cadeira." – disse Câmara.

Mas para que isso aconteça, "tem de haver financiamento do governo muito forte e apoio para as pessoas a recuperar a floresta", disse ele.
*Acrescentamos subtítulo, fotos e legendas ao texto original

15 de set. de 2010

As secas na Amazônia pioram a cada ano

BRASIL – MEIO AMBIENTE
As secas na Amazônia pioram a cada ano
Em algumas regiões da Amazonia passaram 100 dias sem chover. Os rios batem recordes de baixo nível de água. Todo o eco sistema das águas das florestas, da fauna e do caboclo amazonense está comprometido. Como os rios são as estradas da região e os barcos não conseguem navegar com o baixo nível das águas, começam a faltar alimentos, combustível e remédios nas localidades mais distantes, onde até as aulas estão sendo suspensas, por falta de merenda escolar.

Foto: Euzivaldo Queiroz/A Crítica/AE)

O baixo nível dos rios prejudica a navegação e o abastecimento de comunidades. No igarapé de Educandos, no centro de Manaus, barcos aparecem em meio à terra devido à baixa das águas.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Estadão, O Globo, D24AM, O Globo

Uma das maiores secas dos últimos anos registrada na Amazônia atingiu a navegação, abastecimento e transporte de algumas comunidades da região, de acordo com informações da Agência Nacional de Águas (ANA). Por causa da falta de chuva, os rios Javari, Juruá, Japurá, Acre, Negro, Purus, Iça, Jutaí, Solimões e Madeira, que têm papel fundamental para o transporte e o abastecimento de alimentos, medicamentos e combustíveis, estão com níveis abaixo da média.

Em razão disso, a Capitania dos Portos da região proibiu o transporte por barcos de alimentos e passageiros no período noturno e ameaça suspender por tempo indeterminado o transporte de veículos pesados pelas balsas, o que pode prejudicar o abastecimento de alimentos e outras mercadorias essenciais, como combustíveis, nos Estados de Rondônia e, principalmente, do Acre.

Além da proibição, a população necessita percorrer grandes distâncias para obter água de boa qualidade, já que, em muitos casos, a qualidade da água disponível está comprometida devido à mortandade de peixes, segundo a ANA.

Dados da estação telemétrica de Tabatinga (AM) indicam queda acentuada no nível do Rio Solimões na cidade, a mais baixa desde 1982, quando começou a ser aferida, o que dificulta a navegação até Tefé, fazendo com que, por razões de segurança, a navegação seja limitada ao período diurno.

Cidades no Peru já sentem os efeitos do baixo nível de água no Rio Amazonas, como é chamado o Solimões antes de entrar em território brasileiro. No Brasil, a seca isolou quatro municípios no interior do Amazonas abastecidos pelo Purus e pelo Juruá, afluentes do Solimões. Além disso, a Defesa Civil emitiu estado de alerta para 25 cidades.

Foto: Reuters

O pior, é que quando os rios e igarapés baixam, como se pode comprovar nessa foto, vê-se que os rios amazonenses estão excessivamente poluídos, com resíduos plásticos e lixo

No Porto de Manaus, o nível do Rio Negro estava em 20,67 metros no último dia 8, mas vem baixando dia a dia. A menor cota já registrada no Porto foi de 13,64 metros, em 1963.

Foto: Reuters
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Estacionamento de barcos no leito seco do rio Manaquiri (imagem de dezembro do ano passado)

Pelo menos três mil estudantes de 35 escolas da Zona Rural do município de Manaquiri (a 65 quilômetros de Manaus) podem ficar sem aula por conta da vazante dos rios.

A estiagem, além de dificultar a locomoção dos alunos, também deve afetar o transporte da merenda escolar.

Na região, já são 70 quilômetros de rios e igarapés atingidos. Em alguns lugares não dá para ver a água, como nas comunidades de Janauacá e Inajá, distante a três horas via fluvial da sede do município, onde os moradores correm risco de contrair doenças transmitidas pela água suja da seca.

“Estamos com dificuldades para transportar a merenda escolar e também o material didático. Além destes entraves, a água potável está escassa. Problemas maiores enfrentam os moradores das áreas mais distantes, que precisam andar horas, por leitos de lagos e igarapés secos para conseguir comprar água e alimentos”, relatou a secretária de Educação de Manaquiri, professora Raimunda Nonata Cordeiro, ao acrescentar que as únicas fontes disponíveis são as cacimbas e os poços artesianos construídos nas comunidades.

As cidades de Juruá, Envira, Eirunepé, Ipixuna e Guajará, todas na calha do Juruá, também devem ter as aulas paralisadas. De acordo com a Associação Amazonense de Municípios (AAM), até ontem. sete municípios haviam decretado estado de emergência por ocasião da vazante, são eles Benjamin Constant, São Paulo de Olivença, Tabatinga, Guajará, Ipixuna, Envira e Itamarati.

Foto: Reuters

No ano passado, a estiagem no município de Manaquiri provocou uma das maiores catástrofes ambientais, com a morte de toneladas de peixes no rio que leva o nome da cidade. Na ocasião, vários quilômetros das margens do rio Manaquiri cobertas por uma cama de peixe podre, uma desastre ecológico incomensurável, causando um inusportável odor de podridão e deixando a água sem condições de consumo humano. incomensúravel.


21 de ago. de 2010

Belo Monte será 'uma vergonha'?

BRASIL
Belo Monte será 'uma vergonha'?
*Belo Monte vai custar quase uma Itaipu e mais vai gerar anualmente menos de um quarto do que Itaipu produz. É o pior projeto na história de aproveitamentos hidroelétricos no Brasil. Uma vergonha para a engenharia brasileira. Uma espoliação aos cofres públicos, uma agressão a natureza, uma vitória das empreiteiras. Não é por acaso que o Greenpeace a apelidou de “Belo Monte de Merda”. Essa é mais uma herança maldita do governo Lula.

Foto: Reuters

*Uma vista aérea da aldeia da tribo Bacajá , da etnia Chicrin, nas margens do rio Bacajá, um dos afluentes do rio Xingu, a 220 km de Altamira, Pará. Natureza, homens e bom senso, agredidos pela presença inconveniente da improdutiva e desnecessária da quarta maior barragem do mundo, em tamanho, mas uma das menos produtivas do país.

Washington Novaes
Fonte: Estadão

O projeto de implantação da Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, torna ainda maior a perplexidade diante da indiferença, surdez mesmo, com que os órgãos do governo federal envolvidos no projeto recebem as numerosas exigências de esclarecimentos que a sociedade tem feito.

Na sexta-feira da semana passada, enquanto índios, ribeirinhos, pequenos agricultores e pescadores, além de especialistas da Universidade do Pará, manifestavam sua inconformidade com o projeto - e chegavam, os acadêmicos, a afirmar que ele não é necessário nem mesmo em termos de energia -, anunciava o Ministério de Minas e Energia (amazônia.org, 13/8) que o contrato de concessão para a "usina de 11.233 MW" pode ser assinado ainda este mês, ou seja, antes mesmo que o Ibama conceda a licença de instalação.

Também se anunciava que o contrato de concessão com 11 construtoras - agora incluindo três das maiores do País - "terá seu valor reduzido em cerca de R$ 4 bilhões, para R$ 15 bilhões" (Estado, 15/8). Ou seja, o valor estimado da obra já passou de R$ 9 bilhões para R$ 15 bilhões, para R$ 19 bilhões, para R$ 30 bilhões e agora retorna a R$ 15 bilhões.

Que precisão! Quanta confiabilidade desperta no cidadão que paga impostos e no contribuinte dos fundos sociais que bancarão os custos!

Em artigos anteriores neste espaço já foram mencionados muitos argumentos que questionam a obra. A começar pela sua desnecessidade, deduzida de estudo da Unicamp/WWF que mostra a possibilidade de o Brasil poder ganhar metade da energia que consome hoje se fizer programas de conservação e eficiência energética, redução das perdas nas linhas de transmissão e repotenciação de geradores antigos.

A subestimação dos custos ambientais, sociais e financeiros da obra na licitação. A superestimação - apontada por um painel de 38 especialistas - do potencial da usina, onde a produção poderá cair para apenas 1 mil MW na estiagem. A destinação de praticamente toda a energia ao setor de eletrointensivos exportados, que exige subsídios.

O próprio Ipea, que pertence ao governo federal, em seu Boletim Regional, Urbano e Ambiental de julho de 2009, questiona projetos como esse, que não contribuem "para reduzir desigualdades regionais e sociais, não internalizam todos os custos, contribuem para o inchaço de cidades desprovidas de infraestruturas, para o desflorestamento, para perdas da diversidade biológica e cultural, para redução do fluxo hídrico, para a geração de contaminantes do solo, da água e do ar".

Nada disso comove. O ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão chegou a atribuir a "intenções demoníacas" tais questionamentos. E o presidente da Empresa de Pesquisas Energéticas, Maurício Tolmasquim, continua a afirmar (Estado, 28/7) que o País precisa agregar 63 mil MW à sua potência instalada, em cinco anos - embora o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues diga (Estado, 11/6) que o Brasil desperdiça energia equivalente a três usinas de Belo Monte com o não-aproveitamento do bagaço de cana.

Agora, mais um grave questionamento. A edição de junho/julho de 2010 do Jornal do Instituto de Engenharia de São Paulo traz, em duas páginas, uma "Opinião" na qual afirma que "a construção do referido aproveitamento hidrelétrico está longe de ser do interesse nacional". Com base em números expostos pelo engenheiro Walter Coronado Antunes, ex-presidente da Sabesp e ex-secretário de Obras e Meio Ambiente do Estado, mostra o boletim que em anos de vazões mínimas, nos meses de julho a dezembro, estas podem ficar entre 444 m3 e 1.417 m3 por segundo; nos anos de vazão média, nesses mesmos meses, elas podem situar-se entre 1.066 m3 e 3.730 m3 por segundo.

Surge o primeiro problema, já que é preciso manter vazão mínima de 1 mil m3/segundo no leito original do Rio Xingu para "assegurar a sobrevivência das populações ribeirinhas indígenas e não indígenas ali radicadas". Para tanto será indispensável que funcionem seis máquinas da casa de força complementar, com o uso de vazão total de 1.920 m3/segundo. Mas as vazões previstas tanto para anos de vazão média quanto de vazão mínima não asseguram a manutenção do fluxo mínimo do rio necessário para aquelas populações.

Chega-se a um quadro complicado: "Nos anos de vazões médias a casa de força complementar, nos meses de agosto a novembro, será obrigada a gerar energia com todas as suas turbinas, a plena carga, para manter as vazões aceitáveis ambientalmente no trecho morto da Grande Curva do Rio Xingu"; nesses meses "a casa de força principal não terá água para funcionar nenhuma turbina (estarão parados os 18 grupos de turbinas-geradores, no total de 11 mil MW)"; por isso, "nos anos em que ocorrerem vazões mínimas, Belo Monte será desastroso; durante oito meses a água não será suficiente para acionar a plena carga nem mesmo a casa de força complementar; ficarão paradas todas as unidades geradoras da casa de força principal, com 11 mil MW de potência instalada, durante esses oito meses"!

E a "conclusão final" é de que, com o custo de implantação de Belo Monte chegando a pelo menos três quartos do custo de implantação da Usina de Itaipu, mas gerando "apenas um quarto da produção anual de Itaipu (...), não é possível viabilizar-se a construção do aproveitamento hidrelétrico de Belo Monte, em razão da sua baixíssima produtividade, sem que o Tesouro Nacional seja levado a investir, a fundo perdido, por meio das empresas públicas que compuserem a parceria público-privada que for vencedora do leilão e operação do pior projeto de engenharia da história de aproveitamentos hidrelétricos do Brasil e talvez da engenharia mundial. Uma vergonha para nós, engenheiros".

É grave, muito grave. Não podem continuar sem resposta os questionamentos. Principalmente este, partindo de um órgão que expressa pensamento da engenharia.


*Acrescentamos subtítulo, foto e legenda, ao texto original

1 de set. de 2009

Amazônia perdeu em julho 836,5 km²

Desmatamento
Amazônia perdeu em julho 836,5 km²
Área equivalente à metade do município de São Paulo

Foto: Reuters

A mata devastada sendo substituída por uma estéril savana

Fontes: O Globo, Último Segundo, G1, Estadão

O desmatamento na Amazônia em julho atingiu pelo menos 836,5 quilômetros quadrados (km²) de floresta, 157% a mais que o registrado em julho de 2008, quando o desmate foi de 323 km². Os dados são do relatório do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A área de floresta derrubada equivale à metade do município de São Paulo.

O Pará se manteve na liderança do desmatamento, com 577 km² de derrubadas (quase 70% do total registrado em julho). No mesmo período, Mato Grosso derrubou 123,8 km². O Amazonas aparece em seguida, com 47 km² a menos de florestas. No Maranhão, os novos desmatamentos atingiram 37,6km² e, em Rondônia, 34,5 km².

O desmatamento medido pelos satélites em Roraima foi de 8,3 km²; em Tocantins, de 5,3 km²; e no Acre, de 3 km². Com menos nuvens que nos meses anteriores, em julho os satélites conseguiram observar 77% da Amazônia Legal. Apenas o do Amapá não foi monitorado, pois apresentou um índice de cobertura de nuvens de 96% no período.

A devastação ficou concentrada principalmente na região dos municípios de Novo Progresso e São Félix do Xingu, ambos no Pará, e na região leste do estado, na fronteira com o Maranhão. Nos outros estados, o desmate foi disperso.

Enquanto isso, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, (foto) fingiu comemorar a queda de 56% no desmatamento da Amazônia no mês de julho entre 2004 e 2008. Ao comentar os dados do Deter divulgados pelo Inpe, Minc disse que neste ano a Amazônia terá o menor desmatamento da história.

- Este será, com certeza absoluta, o menor desmatamento dos últimos 21 anos - disse Minc, que, no entanto, disse que o Brasil ainda está no "purgatório" e que ainda se tira muita madeira da região amazônica.

Segundo o presidente do Ibama, Roberto Messias, só este ano o órgão apreendeu cerca de 1.000 caminhões lotados de madeira ilegal por mês. Minc reclamou que entre a intenção e a ação ainda há uma distância enorme.

Polemizando, ele disse que todo mundo, inclusive a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), presidida por sua desafeta, senadora Kátia Abreu, é a favor do desmatamento zero, desde que não seja o seu desmatamento que esteja na mira.

- Desmatamento zero virou igual camiseta do Che Guevara. Agora vai lá tirar madeireira. Querem cortar meu pescoço. Todo mundo é a favor do desmatamento zero desde que não seja o seu desmatamento e sim o desmatamento dos outros - observou.

23 de jun. de 2009

Greenpeace também desmente Lula

Greenpeace também desmente Lula
Depois do Presidente da França, agora o pessoal do Greenpeace diz que não é verdadeira a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando diz que a medida provisória (458) não “incentiva a grilagem de terra no Brasil".

Fomontagem Toinho de Passira sobe foto de Roosewelt Pinheiro/Abr e Reuters

Lula quer ver o circo e a floresta pegando fogo

Fonte: Portal Terra

O presidente Lula num desses discursos em favor da destruição da Amazonia, que vem emitindo últimamente, considerou que "as ONGs não estão dizendo a verdade quando dizem que a medida provisória (458) incentiva a grilagem de terra no Brasil".

O Greenpeace em nota, rechaçou a fala do presidente, dizendo que com essa afirmação o nosso presidente está chamando de mentiroso não só os ambientalistas, mas a senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PT-AC), toda a bancada do PT no senado, 36 procuradores do Ministério Público Federal que atuam na Amazônia e centenas de empresários que repudiaram publicamente o conteúdo da medida provisória.

De acordo com a organização, a medida provisória abre brechas para anistiar quem já grilou, incentiva novas invasões de terras públicas na Amazônia e premia o desmatamento. "

A MP proposta pelo governo já era ruim na sua origem e ficou pior ainda depois que o congresso adicionou artigos que permitem que as pessoas que não vivem nas terras sejam beneficiadas, que fixa carência de apenas três anos para a venda das terras e possibilita que empresas sejam donas das terras na Amazônia", diz Marcio Astrini, do Greenpeace.

"Resolver o problema fundiário na Amazônia é fundamental para promover a justiça social e combater o desmatamento. O que questionamos é como a regulamentação está sendo conduzida", diz Astrini.