2 de mar. de 2012

FOGO AMIGO: Disputa paralisa Banco do Brasil e Previ

OPINIÃO
FOGO AMIGO: Disputa paralisa Banco do Brasil e Previ
A lambança armada na disputa de poder entre executivos de primeiro escalão do Banco do Brasil (BB) e da bilionária caixa de previdência dos funcionários da casa - a Previ - parece ter levado ao limite a tolerância da chefe do governo com aquilo que ela própria costuma chamar, eufemisticamente, de "malfeitos". – diz o Estadão num editorial Intitulado de “A grande Lambança”. “O presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, é desafeto declarado do presidente da Previ, Ricardo Flores, que conta com o apoio de gente importante do PT. E a desafeição é recíproca. Engalfinharam-se, então, numa disputa pública que ultrapassou o limiar da baixaria ...”


Presidente do Banco do Brasil, Ademir Bendine e o presidente da Previdência, Ricardo Flores

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Editorial "Estadão", Veja

A disputa entre a cúpula do Banco do Brasil e da Previ (fundo de pensão dos funcionários do banco) começa a paralisar as atividades de ambos, aumentando a pressão para que o governo imponha logo um desfecho para o caso. O Planalto, que tentava pôr panos quentes na briga, já cogita demitir executivos.

Fontes disseram que a definição de negócios importantes tem ficado em segundo plano na medida em que a avaliação dos estragos causados pelo vazamento de informações sobre a briga entre Aldemir Bendine e Ricardo Flores, presidentes do BB e da Previ, respectivamente, tem tomado tempo dos executivos. "Está tudo parado. Essa confusão paralisa", disse uma fonte próxima à Previ. No BB, reuniões do alto comando têm sido quase diárias para discutir o assunto, revelou uma fonte ligada ao banco. A repercussão da disputa levou a presidente Dilma Rousseff a exigir que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, padrinho de Bendine, intervenha para resolver o assunto ainda nesta quarta-feira.

Demissão – No início da semana, parlamentares petistas tentavam manter Flores, próximo à ala paulista do partido e ao PMDB, no cargo. No início da tarde desta quarta-feira, no entanto, alguns já admitiam que ele seria afastado por ordem do Planalto. “Mas não deve ser o único”, disse uma fonte do partido, indicando que o PT estaria exigindo também a saída do atual vice-presidente de governo do BB, Ricardo Oliveira – ligado a Bendine e a Mantega e tido como um dos responsáveis pela briga ter chegado a este ponto.

Com o escândalo ganhando maior contorno, outras fontes admitiam a possibilidade de o desfecho do assunto vir com a demissão simultânea de Flores e de Oliveira ainda nesta noite. Uma fonte do governo negou, no entanto, que demissões fossem iminentes. Em vez disso, a presidente Dilma teria determinado o fim das disputas, considerando que o bom desempenho de BB e da Previ não justificaria uma atitude mais extrema.

Conflito se agrava – A briga ganhou contornos mais graves nesta terça-feira, após o Ministério da Fazenda mandar o BB abrir sindicância para apurar o vazamento de dados bancários do ex-vice-presidente da área internacional da instituição, Allan Toledo. Demitido em dezembro passado. Toledo é aliado de Flores. Ontem, reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo afirmou que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda, identificou movimentação atípica da ordem de 1 milhão de reais em conta de Toledo.

Toledo teria sido demitido, segundo fontes, por estar arregimentando apoio entre empresários e políticos para assumir a presidência do BB. Discussões sobre sucessão no comando do maior banco da América Latina vêm crescendo nos últimos meses. Com 48 anos de idade e quase 30 de empresa, Bendine tem preparado o caminho para ser sucedido por um de seus aliados: Paulo Caffarelli, que assumiu o lugar de Toledo, ou Alexandre Abreu, hoje na vice-presidência de novos negócios, antes ocupada por Caffarelli.

Em 2010, Bendine tentou, inclusive, emplacar Caffarelli para suceder Sergio Rosa no comando da Previ, mas teve de recuar após dossiês elaborados por lideranças políticas que acusavam o indicado de irregularidades anos antes. As acusações não foram comprovadas, mas Bendine foi obrigado a aceitar Flores no posto.

PT versus PMDB – Ainda segundo fontes, existe uma queda de braço entre petistas e peemedebistas dentro do banco. "Os principais postos estão sendo alvo de cobiça de setores do PT e do PMDB, que se aproveitam das disputas entre os grupos de Bendine e de Flores", afirmou a fonte, evidenciando o aparelhamento tanto da Previ quanto do BB.

Desde que assumiu o posto no começo de 2009, em meio à crise financeira global desencadeada meses antes, Bendine comandou a compra do banco paulista Nossa Caixa e deflagrou o processo de internacionalização do grupo, com a compra do argentino Patagônia e do Eurobank, nos Estados Unidos. O banco tem hoje cerca de 1 trilhão de reais em ativos. Já a Previ, que deve divulgar nos próximos dias seus resultados de 2011, tinha no ano anterior um patrimônio de 152 bilhões de reais e era considerado pela publicação norte-americana Pensions & Investments o 24º maior fundo de pensão do mundo.


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