30 de abr. de 2011

Raposas assumem controle do galinheiro ético do senado

BRASIL - SENADO
Raposas assumem controle do galinheiro ético do senado
Alguns dos mais expressivos integrantes do bloco dos suspeitos, investigáveis e investigados senadores brasileiros tomaram de assalto o Conselho de Ética do Senado Federal. Ao invés de julgadores e investigadores, grande parte desses novos integrantes, estariam melhor acomodados do outro lado: o banco dos réus. O acintoso acontecimento entra para a crônica politica como um ato extremo de cinismo e ousadia. A sociedade brasileira, que perdeu completamente a capacidade de indignação, não se manifestou.


Por instinto, as raposas são ardilosas, traiçoeiras e inescrupulosas, são capazes de tudo para alcançar seus sórdidos objetivos

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Folha de São Paulo, Estadão, Veja - Abril, Estadão, Agência Brasil, APP, Wikipedia

Quando obrigado a instalar o novo Conselho de Ética do Senado Federal, a velha raposa maranhense, José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado federal, resolveu anular, de vez, qualquer iniciativa do órgão, encarregado de investigar e julgar senadores que por ventura tenham cometidos abusos de poder, atos criminosos, ou tenham se comportado de forma desonrosa.

Tradicionalmente o Conselho de Ética sempre foi acusado de nunca funcionar. Acusam-no de minimizar os desmandos dos senadores, acobertar suas traquinagens, compreender estranhas promiscuidades com o crime e supostos atos de corrupção e nunca levando a efeito um processo que pudesse condenar os membros do senado, embora, nos últimos anos, motivos e chances não tivessem faltado.

Mesmo assim, todo cuidado é pouco, raposas como Sarney, sempre põe os bigodes de molho, não dando chance para o azar.

“O Conselho de Ética estava desativado havia cerca de dois anos, quando a bancada oposicionista renunciou coletivamente em protesto contra o arquivamento de todos os processos relativos ao "escândalo dos atos secretos" que envolviam José Sarney”.

Onze nebulosos processos foram para a lixeira. O presidente do Conselho de Ética, o amigo e correligionário de Sarney, o senador João Alberto, mandou arquivar, sem investigar, todas as acusações que pesavam contra o amigo, usando da prerrogativa de não haver nada que o impedisse, pois até então, não havia sido elaborado um regimento interno, para funcionamento do órgão.

A oposição acusa o senador João Alberto de ser portador da síndrome do arquivamento compulsivo e cinismo desenfreado. Por isso, Sarney o reconduziu ao cargo, e ele depois de empossado presidente do Conselho de Ética, disse que ia se conduzir com “independência”.

Segundo se especulou, para reativar o Conselho, o presidente do senado José Sarney, tratou de mancomunar-se com o não menos investigado senador Renan Calheiros, raposa das Alagoas.

Com efeito, escalaram a dedo os 15 senadores que terão assento efetivo no órgão. Foi uma seleção primorosa. Todas as precauções foram tomadas, para que os nomeados fosse o que de melhor havia nas bancadas dos investigados e suspeitos.

Partem do raciocínio de que gente investigada, não gosta de investigar ninguém. Seguindo esse raciocínio, conseguiram nomear entre os 15 senadores que terão assento efetivo no Conselho, oito que estão pendurados, em processos ou inquéritos no Superior Tribunal Federal (STF) ou encontram-se envolvidos em acusações com alguma falcatrua. Não é genial?

Puseram raposas rapineiras, com culpa no cartório, para tomar conta do galinheiro.

Não podia ser diferente, a velha raposa maranhense, José Sarney, usou toda a sua experiência do seu currículo de investigado, evitando que novas acusações tomassem folego, quer contra ele, ou qualquer companheiro desencaminhado.

Por outro lado, a raposa alagoana, Renan Calheiros, líder do PMDB, foi mais ousado, apressou-se em nomear-se integrante efetivo do Conselho de Ética. Um golpe de mestre de duplo efeito: enquanto zela para que ninguém lhe investigue, pode sorri ameaçador para os inimigos, que possam eventualmente cair em suas mãos para serem julgados.

Renan, também tem experiência de investigado pelo Conselho de Ética, cinco processos foram elaborados enquanto ele exercia o cargo de presidente do Senado, em 2007.

Uma dessas acusações apontava que uma empreiteira suspostamente pagava, em seu lugar, uma pensão alimentícia, para custear as despesas de uma filha concebida fora do matrimônio.

A situação ficou tão periclitante, que para reduzir a pressão, aconselhado pelo próprio Sarney, Renan foi forçado a renunciar à presidência do Senado. Há época, Renan era acusado, a usar de dossiês, contra os que o acusavam, chantageando-os para ser absolvido. Surpreende que agora ele volte como o mais poderoso membro efetivo do Conselho de Ética.

Mas ele não está só, encontrará no conselho, também como membro efetivo, outra raposas de fino trato, como o senador Romero Jucá (RR), líder do Governo no Senado, que tem uma extensa folha corrida de investigação de corrupção, obscuros escândalos e suposto enriquecimento ilícito.

Outro destaque é o senador Gim Argello (PTB-DF), aquele que se viu obrigado a renunciar à presidência da Comissão Mista de Orçamento, descoberto manipulando verbas parlamentares em benefício de "laranjas". Argello também é investigado em inquérito que tramita no STF por ter alugado computadores por valor superfaturado quando era deputado distrital em Brasília.

No mesmo patamar está o senador Edison Lobão Filho, do PMDB do Maranhão, afinal há muitas semelhanças entre lobos e raposas, chegou ao Senado sem um único voto, na vaga de suplente do pai, o ministro Edison Lobão, das Minas e Energia. Como empresário, é acusado de ser sócio oculto de uma distribuidora de bebidas que sonegou milhões de reais em impostos e de manter uma emissora clandestina de TV no interior do Maranhão.

Por tudo isso, não será impróprio chamar de alcateia ou raposada, o novo Conselho de ética do Senado. Por sinal a enciclopédia ensina que as raposas sul-americanas são falsas, “elas estão mais para o gênero vulpes”, da estirpe dos lobos e cachorrões.

O pior é que esses inescrupulosos animais veem, o povo brasileiro, como imprudentes e submissas galinhas que lhe servirão de repasto.

Em qualquer democracia do mundo, uma manobra como essa faria a oposição levar multidões em protesto as praças. Por aqui, o povo anestesiado com a escalada da impunidade, sem lideranças éticas motivadoras e confiáveis, abaixa a cabeça e curva-se a essa matilha organizada.

Até quando?


QUEM JULGARÁ AS RAPOSAS? - Renan Calheiros, Romero Jucá, Gim Argello e Edison Lobão Filho, novos membros do Conselho de Ética do Senado, cuidando para garantir impunidades


Um comentário:

Ajuricaba disse...

Essa composição foi uma afronta às pessoas de bem desse país. Eu chamei de "O Conselho de Mãe Joana". Só tem bandido.