Lula nega os afagos a Kadhafi
BRASIL Lula nega os afagos a Kadhafi “Nenhum farsante escapa da vala comum reservada aos falsificadores da História” – diz o colunista Augusto Nunes referindo-se a negativa de Lula de que chamou Kadhafi de “amigo e companheiro” num discurso num jantar em Trípoli, julho de 2009
Foto: Roberto Stuckert/Presidencia da República
Augusto Nunes “Não fale uma sandice dessas”, irritou-se o ex-presidente Lula com Denise Chrispin Marin, correspondente do Estadão em Washington. “Conheço as pessoas e sei como me referi a elas”, continuou, decidido a ampliar a coleção de momentos inverossímeis registrados na entrevista coletiva desta quarta-feira. Ao saber que o palestrante aprendiz está pronto para pacificar a Líbia – é só Dilma Rousseff chamar –, a jornalista lembrou que em dezembro de 2003, num jantar em Tripoli, Lula qualificou Muammar Kadafi de “companheiro e amigo”. E então o ator canastrão incorporou o ofendido de araque para garantir que não disse o que disse. Não parou por aí. “Jamais falaria isso por uma razão muito simples: porque eu tenho discordância política e ideológica com Kadafi”, recitou sem ficar ruborizado. Ou porque é muito gentil ou porque a perplexidade a emudeceu, Denise desperdiçou uma boa chance de emparedar o embusteiro. Deveria ter registrado que os afagos verbais em Tripoli foram confirmados pelo nicaraguense Daniel Ortega e pelo argelino Mohamed Ben Bella, presentes ao jantar. Foram também testemunhados pelo tradutor sem o qual Lula não sabe o que se passa ao redor. Melhor ainda seria recordar ao amnésico seletivo que as carícias retóricas murmuradas em Tripoli foram reprisadas há um ano e meio em Sirte, na 13ª Reunião de Cúpula da União Africana. E desmontar a farsa com a leitura em voz alta da reportagem do enviado especial Andrei Netto, publicada pelo Estadão em 2 de julho de 2009. Um dos trechos reproduz a derramada saudação a Kadafi feita por Lula: “Meu amigo, meu irmão e líder”, discursou o convidado de honra, mirando com olhar de noiva o psicopata anfitrião. O restante do palavrório deixou claro que aquilo não fora um escorregão de palanqueiro sem compromisso com a verdade. Lula estava lá para reafirmar a solidariedade do governo brasileiro a estadistas incompreendidos. Elogiou abjeções mundialmente desprezadas, louvou celebrou a generosidade de assassinos, louvou o fervor democrático de liberticidas, festejou o patriotismo de corruptos de carteirinha e reiterou a admiração pela biografia infame do ditador da Líbia. Mais de sete anos depois de Tripoli, menos de dois depois de Sirte, o companheiro, amigo, irmão e liderado de Kadafi resolveu proclamar inexistentes o acasalamento promíscuo e as cenas de cumplicidade explícita. É tarde. E é impossível. Espertalhões bem mais sagazes que Lula também tentaram substituir fatos amplamente documentados por mentiras convenientes. Nenhum dos farsantes foi muito longe. Todos acabaram vencidos pela verdade. Todos jazem na vala comum reservada aos falsificadores da História. *Alteramos título e crescentamos subtitulo foto e legenda ao texto original subt |
Um comentário:
Ele pode até negar, mas a internet está ai pra DESMENTÍ-lo e provar.
O discursp em questão está no site da Presidência, versão impressa.
"Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita à Líbia
Trípoli - Líbia, 09 de dezembro de 2003
Companheiro e amigo Kadafi, presidente da Líbia,
Ilustríssimo companheiro Duhalde, ex-presidente da Argentina,
Nosso querido amigo Mandela,
Nosso companheiro e amigo Daniel Ortega,
Meus amigos do governo da Líbia,
Meus companheiros do meu governo do Brasil,
Meus companheiros deputados e senadores que chegaram atrasados,
Meus companheiros governadores dos estados brasileiros,
Meus ministros,
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