11 de abr. de 2011

BRASIL – Economia: O IOF é a nova CPMF ?

BRASIL – Economia
O IOF é a nova CPMF ?
O governo eleva o imposto para esfriar o crédito e segurar o dólar. Unico efeito até aqui: aumento de arrecadação

Foto: Reuters

Mantega reinventando a CPMF?

Postado por Toinho de Passira
Fonte: Veja - 11/04/2011

No ano passado, os países emergentes receberam, juntos, mais de 900 bilhões de dólares em capitais externos, na forma de investimentos ou trocas comerciais, um valor recorde. O Brasil despontou como um dos destinos favoritos dessa onda migratória de dólares. A entrada de moeda estrangeira superou a saída em 24,4 bilhões de dólares no ano passado. Em 2011, esse movimento ganhou força. Nos três primeiros meses, o ingresso foi de 35,6 bilhões de dólares. A consequência imediata desse fluxo é a desvalorização do dólar. Ao "mesmo tempo, cresce a quantidade de dinheiro em circulação, o que contribui para expandir o crédito e o consumo, aumentando a inflação.

Diante desse cenário, o governo tomou medidas tributárias que desestimulam a entrada de dinheiro especulativo no país e também o avanço nos financiamentos. Há duas semanas, elevou o imposto sobre operações financeiras (IOF) para empréstimos de bancos e empresas tomados lá fora. com prazo inferior a 360 dias. Na quarta-feira 6, prorrogou esse prazo para dois anos. No dia seguinte, decidiu dobrar a alíquota do imposto, de 1,5% para 3% ao ano, sobre todas as operações de crédito para pessoas físicas feitas no país, como empréstimos consignados e financiamentos.

Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a subida do IOF deverá reduzir a oferta de crédito. Com menos dinheiro disponível no mercado, a equipe econômica espera conter a escalada da inflação. O ministro, então, teria descoberto uma fórmula genial para, ao mesmo tempo, conter a desvalorização do dólar e resfriar o superaquecimento da economia. o problema é que, até o momento, as medidas não tiveram o efeito desejado. o preço do dólar caiu para o menor patamar ante o real desde agosto de 2008. Ao mesmo tempo, a inflação permanece acima do centro da meta oficial, de 4,5%.

Nos últimos doze meses, o índice acumula alta de 6,3%. Até agora, o único efeito prático das medidas governamentais foi o aumento da arrecadação. Incapaz de conter despesas, o governo elevou as alíquotas do IOF para continuar gastando. Antes da nova rodada de aumento das alíquotas, a Receita estimava que arrecadaria 31 bilhões de reais em IOF neste ano, 12 bilhões a mais que os 19 bilhões arrecadados com o tributo em 2009. Agora esse valor subirá. Essa foi então a maneira que o governo encontrou para tributar ainda mais os brasileiros - isso enquanto não consegue ressuscitar a CPMF.


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