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24 de set. de 2014

Polícia Federal, em vão, tenta ouvir Lula há sete meses

BRASIL - Corrupção
Polícia Federal, em vão, tenta ouvir Lula há sete meses
Agentes apuram repasse de 7 milhões de reais da Portugal Telecom ao PT, que teria sido intermediado pelo ex-presidente; acusação partiu de Marcos Valério. Lula está fugindo da PF como o diabo foge da cruz.


ESCORREGADIO - Ex-presidente é “investigado” como suspeito de intermediar repasse de 7 milhões de reais da Portugal Telecom ao PT

Postado por Toinho de Passira
Reportagem de Natuza Nery, Andréia Sadie Fernanda Odilla
Fontes:  Folha de São Paulo, Veja

A Polícia Federal tenta há sete meses ouvir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas investigações instauradas, desde abril de 2013, a partir de novos depoimentos dados em 2012 pelo operador condenado no mensalão, o empresário Marcos Valério de Souza.

Segundo a Folha apurou, Lula foi convidado a ajudar na apuração em fevereiro deste ano. Não se trata, portanto, de intimação, ainda.

Apesar de reiterado algumas vezes, o convite ainda não foi atendido por temor de que o interrogatório seja vazado à imprensa - ainda mais em um ano eleitoral.

Pessoas próximas ao ex-presidente argumentam que o petista fez chegar à PF, por meio de representantes, o recado de que está disposto a colaborar com as investigações, mas teme que um depoimento agora seja explorado politicamente por adversários.

A delegada Andrea Pinho, responsável por apurar em Brasília denúncias feitas por Valério sobre um suposto envolvimento do ex-presidente no mensalão, negocia, sem sucesso, um encontro com o petista desde fevereiro.

Nos últimos meses, a cúpula da PF mostrou-se dividida em relação ao interrogatório de Lula.

Alguns acreditavam ser inócuo o depoimento do ex-presidente, que poderia recorrer ao direito de falar somente na Justiça caso as investigações se transformem em ações penais. Outros insistiam no seu comparecimento, argumentando ser possível assegurar sigilo absoluto em relação ao conteúdo das declarações prestadas.

Lula não foi intimado pela delegada e, se depender da vontade do comando da polícia, não o será. Na avaliação interna, tal medida seria exagerada.

Em setembro de 2012, Marcos Valério foi espontaneamente à PGR (Procuradoria-Geral da República) prestar novas declarações na esperança de ser beneficiado de alguma forma. Àquela altura, ele já havia sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão, mas as penas ainda não haviam sido definidas.

Valério acabou sendo condenado a mais de 40 anos de prisão por diversos crimes, entre eles lavagem de dinheiro. No depoimento de 2012, ele acusou, entre outras coisas, de Lula de saber da existência do mensalão e de ter se beneficiado pessoalmente do esquema.

Entre as alegações, afirmou ter repassado cerca de R$ 100 mil por meio de uma empresa de um ex-assessor de Lula para pagar despesas pessoais do então presidente em 2003.

Afirmou, ainda, que Lula e o ex-ministro Antonio Palocci intercederam junto à companhia Portugal Telecom para que a empresa repassasse R$ 7 milhões ao PT.

As declarações de Valério se transformaram em pelo menos dois inquéritos policiais, que tramitam em Brasília e Minas Gerais. Foram instaurados outros seis procedimentos no Ministério Público Federal para apurar as acusações do operador do mensalão. Desses, pelo menos dois já foram arquivados.

A delegada Andrea Pinho foi removida do cargo que ocupava na Superintendência da PF em Brasília em fevereiro, mas continuou à frente da investigação.

Procurado, o Instituto Lula não se pronunciou. Nem vai se pronunciar.

Agora Lula também vai desaparecer, como desapareceu Edison Lobão. Se todos os suspeitos desaparecerem, o Brasil vai ficar sem políticos.



Há pouco, em seu Blog, Ricardo Noblat, comentou: "Isso tem nome. Para dizer o mínimo, negligência, da parte da Polícia Federal. Ou cumplicidade".

E dedurou: "Lula estará, esta noite, a partir das 19h, na Praça da Bíblia - QNP 17, P Norte, Ceilândia, cidade satélite de Brasília".

Agora a PF não acha se não quiser.
*Acrescentamos subtítulo, foto, legenda e comentários adicionais à publicação original

15 de out. de 2013

Lula será intimado a depor sobre os depósitos do esquema do mensalão na campanha de 2002

BRASIL - Mensalão
Lula será intimado a depor sobre os depósitos do esquema do mensalão na campanha de 2002
A movimentação de contas bancárias no exterior segundo depoimento do publicitário Marcos Valério, a Procuradoria Federal, foram utilizadas pelo PT para receber doações ilegais que bancaram despesas da campanha presidencial na primeira eleição de Lula. Valério forneceu os números de três contas usadas para receber 7 milhões de dólares da Portugal Telecom. No Brasil a Usiminas teria feito doação que não foi contabilizada, nas contas apresentadas ao TSE.


Outdoor da campanha de 2002

Postado por Toinho de Passira
Post baseado na reportagem de Rodrigo Rangel e Hugo Marques
Fonte: Veja

Em setembro do ano passado, o empresário Marcos Valério, o operador do mensalão, apresentou-se voluntariamente à Procuradoria-Geral da República em Brasília e prestou um longo depoimento em que formalizava algumas revelações acachapantes sobre o maior escândalo de corrupção da história do país. O julgamento do processo contra os mensaleiros, entre eles o próprio Valério, estava em pleno curso no Supremo Tribunal Federal (STF). O empresário queria proteção e um acordo de delação premiada.

Entre as novidades, Valério contou que o ex-presidente Lula não só tinha conhecimento do mensalão como avalizou as operações financeiras clandestinas. Disse ainda que o dinheiro usado para subornar parlamentares também pagou despesas pessoais de Lula, inclusive quando ele já ocupava a cadeira de presidente da República. O depoimento deu origem a várias investigações. Uma delas, envolvendo uma suposta doação ilegal de dinheiro ao PT, agora vai ganhar reforço internacional.

A Polícia Federal pediu ajuda para rastrear a movimentação de contas bancárias no exterior que segundo o publicitário Marcos Valério, foram utilizadas pelo PT para receber doações ilegais que bancaram despesas da campanha presidencial de 2002.

Em seu depoimento, o operador do mensalão forneceu aos procuradores os números de três contas usadas para receber 7 milhões de dólares da Portugal Telecom, gigante do setor de telefonia que tinha negócios no Brasil e interesse em se aproximar do governo recém-empossado. Valério disse que a doação foi acertada por Lula, José Dirceu e o ex-ministro Antonio Palocci, e que ele cuidou pessoalmente da operação em Lisboa.

Para despistar eventuais curiosos, os depósitos teriam sido feitos por fornecedores da Portugal Telecom em Macau, um pedaço minúsculo de terra no sul da China colonizado pelos portugueses onde a influência de Lisboa se faz presente até hoje.

Valério afirmou que os 7 milhões de dólares depositados nas três contas serviram para pagar dívidas contraídas pelo PT na campanha que elegeu Lula. Essa parte do depoimento, cheia de detalhes sobre encontros no Brasil e no exterior entre os petistas e os dirigentes da empresa portuguesa, deu origem a uma investigação específica — justamente uma das mais avançadas.

Segundo a Veja, a Polícia Federal e o Ministério Público, como manda a regra em casos assim, fizeram o elementar: decidiram seguir o rastro do dinheiro. Primeiro, solicitaram à Justiça autorização para quebrar o sigilo das contas bancárias dos supostos beneficiários. Depois, a PF requereu ao Departamento de Recuperação de Ativos (DRCI), órgão ligado ao Ministério da Justiça, que acionasse os países envolvidos para conseguir acesso às informações sobre os titulares das contas, os saldos e detalhes da movimentação.

Com isso, a polícia espera descobrir, primeiro, se a história narrada por Valério de fato é verdadeira. Se confirmada, passa-se à etapa seguinte: identificar os depositantes e os destinatários finais do dinheiro.

Foto: Agência O Globo

Marcos Valério apresentou provas que podem incriminar o PT e Lula

Se, logo após as declarações de Marcos Valério, Lula e os envolvidos trataram de menosprezar" o potencial de estrago, agora o desenrolar do caso atemoriza o comando petista. No mês passado, coube ao próprio ex-presidente queixar-se a companheiros de partido, após ser informado de que o ex-ministro Antonio Palocci, seu assessor direto até hoje, fora intimado a depor no caso.

A reclamação chegou ao gabinete da presidente Dilma Rousseff, que acionou o ministro da Justiça. José Eduardo Cardozo. Por sua vez, Cardozo incumbiu o comando da Polícia Federal, a ele subordinada, de averiguar as providências adotadas pelos delegados encarregados dos inquéritos abertos a partir das declarações de Valério. Iniciou-se, então, uma força-tarefa informal para mapear o andamento das investigações. Os policiais incumbidos da empreitada — nem sempre fácil, já que alguns delegados mais refratários a interferência política resistem a dar informações — souberam que a missão tivera origem numa queixa feita por Lula a Dilma. Dois deles confirmaram o ocorrido a revista Veja.

Em breve, o próprio Lula deverá receber uma intimação para prestar esclarecimentos ao Ministério Público Eleitoral em Brasília, mas sobre outro episódio derivado das revelações de Marcos Valério: uma doação não declarada de 1 milhão de reais feita pela Usiminas também à campanha presidencial de 2002.

Em seu depoimento, Valério contou que ele intermediou a doação da siderúrgica, uma das maiores do país. Como? Segundo o publicitário, a Usiminas já era cliente de uma de suas agências, a SM PB, havia mais de quinze anos e o então presidente da companhia, Rinaldo Soares, "quis dar uma ajuda" à campanha de Lula.

Acompanhado de um de seus sócios, Cristiano Paz, Valério foi a São Paulo para uma reunião com Delúbio Soares, então tesoureiro do PT, e José Dirceu, chefão da campanha que depois viraria homem forte do governo e ganharia o título de chefe da quadrilha do mensalão. No encontro ficou combinado, de acordo com Valério, que o dinheiro seria repassado ao partido através de uma triangulação, para ocultar o negócio: fornecedores da Usiminas fariam pagamentos diretos a fornecedores da campanha e a pessoas indicadas pelos dirigentes petistas através da SMPB.

Como Valério aponta para a existência de crime eleitoral, essa parte do depoimento está sob análise da seção do Ministério Público que investiga irregularidades em campanhas. O promotor eleitoral do Distrito Federal, Mauro Faria de Lima, já pediu informações detalhadas das contas da campanha do presidente Lula em 2002, e confirmou que a doação de 1 milhão de reais da Usiminas não aparece lá.

Além de Lula, Valério será chamado a depor. A depender do desfecho do processo, Lula pode ser pessoalmente responsabilizado pelo crime eleitoral, cuja punição chega a cinco anos de prisão mais multa.

A suposta doação irregular da Usiminas não chega a ser propriamente uma novidade nos expedientes da companhia. Em 2007, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinou que fossem restituídos aos cofres da empresa 1 milhão de reais desviados para campanhas. Por coincidência, as doações também haviam sido feitas por intermédio de contratos de publicidade firmados com Marcos Valério.

5 de jun. de 2013

Marcos Valério não aceita acordo e esvazia acusações que envolveria Lula no mensalão

BRASIL - Corrupção
Marcos Valério não aceita acordo e esvazia
acusações que envolveria Lula no mensalão
Essa é a primeira vez que se investiga a possível participação do ex-presidente Lula no esquema do mensalão. Com a recusa de Valério em colaborar, as investigações, contra Lula vão acabar arquivadas. Lula então vai aparecer com aquela insuportável cara cínica de falso inocente caluniado, difamado e injuriado.

Foto: Marcelo Prates/Hoje em Dia/Folhapress

Empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, pivô do escândalo do mensalão, quando foi preso em dezembro de 2011

Postado por Toinho de Passira
Texto de Matheus Leitão, para Folha de S.Paulo
Fonte: Folha de S.Paulo

O empresário Marcos Valério de Souza recusou a oferta de delação premiada no inquérito que investiga a suspeita de envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-ministro Antonio Palocci com o esquema do mensalão.

Autor das acusações contra Lula e Palocci, Valério disse em depoimento em abril à Polícia Federal e ao Ministério Público, em Minas Gerais, que só aceitaria o acordo caso fosse beneficiado em todos os outros inquéritos criminais abertos contra ele.

A delação é um instrumento legal que estimula acusados a colaborar com investigações em troca de benefícios que vão da redução da pena até o perdão judicial.

Com a recusa de Valério --condenado pelo Supremo Tribunal Federal a mais de 40 anos de prisão por operar o mensalão--, a Folha apurou que aumentou o ceticismo dos investigadores em relação ao desenrolar da apuração.

A investigação contra Lula e Palocci começou após Valério ter declarado ao Ministério Público, em setembro do ano passado, que os dois petistas negociaram com Miguel Horta, então presidente da Portugal Telecom, repasse de US$ 7 milhões ao PT.

Essa é a primeira vez que se investiga a possível participação do ex-presidente no esquema do mensalão.

A tentativa de ouvir Valério em Minas foi a primeira iniciativa da delegada Andrea Pinho, a responsável na PF pelo inquérito. Mas, na maior parte do tempo, o empresário ficou calado.

DIFICULDADES

A Folha apurou que os investigadores definiram a apuração como difícil devido ao longo tempo passado desde a suposta reunião e pelo fato também de o empresário recusar a delação.

Ao prestar o depoimento em setembro, Valério fez outras acusações, pediu proteção e disse estar disposto a aceitar a delação premiada, que agora recusou.

As negociações entre o Ministério Público Federal e o empresário não prosperaram porque, na opinião do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, Valério queria apenas "melar o julgamento" do mensalão.

Segundo a Folha apurou, ao ser ouvido em abril ele não tirou a principal dúvida dos investigadores: descobrir quando exatamente teria acontecido a suposta reunião em que Lula, Palocci e Horta teriam tratado do repasse da Portugal Telecom ao PT.

No mensalão, Valério foi condenado no STF pelos crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, peculato e evasão de divisas.

A lei que trata da delação premiada prevê, por exemplo, que em casos de crimes como lavagem de dinheiro, o beneficiado pode ter a pena reduzida "de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto".

O juiz pode decidir pela concessão da medida a "qualquer tempo". Há casos de delações premiadas aceitas inclusive durante a execução da pena pelo acusado.

OUTRO LADO

Na ocasião da abertura do inquérito, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, afirmou não haver informação nova "em relação às publicadas há cinco meses", se referindo ao depoimento de Valério ao Ministério Público. Ele nega envolvimento de Lula com o mensalão.

À época, o advogado do ex-ministro Palocci, José Roberto Batochio, chamou o depoimento de Valério de "invencionice" e afirmou que o próprio Horta já havia negado publicamente qualquer pedido de ajuda financeira ao PT.

Na opinião de Batochio, a investigação da PF é sobre algo que não ocorreu.

9 de abr. de 2013

Policia Federal vai investigar denúncias de Valério contra Lula

BRASIL - Corrupção
Policia Federal vai investigar
denúncias de Valério contra Lula
Procuradoria da República no DF protocola pedido de abertura de inquérito contra o ex-presidente Lula, para apurar denúncias feitas pelo empresário Marco Valério, um dos condenados pelo STF, por ser operador do Mensalão .Isso significa que o procurador encarregado encontrou consistência nas acusações e documentação apresentada por Valério, que põe o ex-presidente como participe do mensalão.

Foto:Felipe Dana/AP

Pedido de abertura de investigação tem como base denúncias feitas por Valério contra Lula em setembro do ano passado

Postado por Toinho de Passira
Fonte: Congresso em Foco

A Superintendência da Polícia Federal confirmou, nesta segunda-feira (8), que vai abrir inquérito para apurar as denúncias feitas contra o ex-presidente Lula pelo empresário mineiro Marcos Valério Fernandes, um dos condenados no julgamento da Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal (STF) – o chamado mensalão.

Acusado por Valério de participar do esquema de compra de apoio parlamentar, Lula não estava entre os investigados no julgamento realizado no segundo semestre de 2012, que resultou na condenação de 25 réus e na absolvição de outros 12.



O pedido de abertura de inquérito foi protocolado hoje (8) pela Procuradoria da República no Distrito Federal. A partir da formalização do ofício, procedimentos de praxe serão realizados para que o inquérito tenha início, o que deve acontecer ainda nesta semana.

O pedido de abertura de nova investigação tem como base depoimento prestado por Marcos Valério à Procuradoria-Geral da República em setembro, ainda durante o julgamento daquela ação penal.

Na ocasião, o empresário envolveu o ex-presidente no caso, dizendo que ele não só tinha conhecimento do esquema de compra de apoio político no Congresso, por meio de dinheiro de bancos e empresas públicos e privados, como comandava tudo à distância.

Isso era possível, segundo Valério, por meio de interlocutores como o ex-ministro da Casa Civil de seu governo, José Dirceu, condenado a dez anos e dez meses de prisão em regime fechado, além do pagamento de multa de R$ 676 mil por corrupção ativa e formação de quadrilha.

Portugal Telecom

Em nota divulgada na última sexta-feira (5), a Procuradoria informou que a investigação vai ser dirigida a um suposto repasse de R$ 7 milhões da Portugal Telecom, em Macau, na China, ao PT, por meio de contas no exterior. O empresário acusou Lula de ter participado das negociações com o então presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta. A Procuradoria solicitou diligências à PF para identificar a data do encontro citado por Marcos Valério.

No sábado, por meio de nota, Dirceu esperneou criticando a posição da Procuradoria e disse que o mensalão sequer existiu, e que não há elemento que justifique nova apuração sobre o caso. Para o ex-ministro, não há “qualquer prova” da existência do esquema e o próprio Supremo já se manifestou contrariamente à abertura de investigações para apurar as denúncias feitas por Marcos Valério contra Lula.

O chefe quadrilheiro Dirceu mente e blefa: o Supremo não se pronunciou, até porque não houve forma de ser consultado, sobre essas novas denúncias e documentação apresentadas por Marcos Valério, no fim do ano passado, a Procuradoria Federal.

2 de abr. de 2013

Ministério Público abre seis investigações baseadas nas denúncias de Valério contra o ex-presidente Lula

BRASIL - Mensalão
Ministério Público abre seis investigações baseadas nas denúncias de Valério contra o ex-presidente Lula
Condenado pelo Supremo como o operador do mensalão, Marco Valério, acusou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter se beneficiado pessoalmente do esquema.


Depoimento de Valério envolve Lula no esquema do mensalão

Postado por Toinho de Passira
Fonte: Estado de S. Paulo

A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu seis procedimentos para investigar as acusações feitas pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza no depoimento prestado em 24 de setembro de 2012. Condenado pelo Supremo como o operador do mensalão, ele acusou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter se beneficiado pessoalmente do esquema. O petista classificou o depoimento, prestado sigilosamente à Procuradoria-Geral, como mentiroso.

Após análise do depoimento, que durou cerca de duas semanas, os procuradores da República em Brasília concluíram pela existência de oito fatos tipificados, em tese, como crimes que exigem mais apuração.

Dois já estão em investigação em outros inquéritos instaurados no âmbito do Ministério Público Federal. Os novos seis procedimentos preliminares foram distribuídos para procuradores diferentes, todos com atuação na área criminal. Quem ficar responsável pelo caso poderá pedir a abertura de inquérito a fim de produzir novas provas ou poderá optar por arquivar as acusações, caso não veja indícios suficientes para oferecer uma denúncia.

No depoimento prestado em 24 de setembro do ano passado, cuja íntegra de 13 páginas foi obtida pela reportagem, Marcos Valério coloca o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no centro das acusações do mensalão.

O empresário afirma que o petista, que não tem mais foro privilegiado, deu "ok" para os empréstimos bancários que viriam a irrigar os pagamentos de deputados da base aliada e campanhas políticas de aliados ao governo.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, esperou o fim do julgamento do mensalão para despachar o depoimento. Ele temia que o depoimento fosse apenas uma manobra do empresário para atrapalhar o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Valério foi condenado a mais de 40 anos de prisão.

Vamos torcer para que Valério finalmente consiga ter apresentado provas de que o chefe da quadrilha do mensalão era o presidente da república. Vai ser lindo, ver Lula dividindo a mesma cela que José Dirceu!

11 de dez. de 2012

Lula é o PT, por Diogo Mainardi, para a Veja

Lula é o PT
As acusações de Valério, de que teria doado dinheiro para as despesas pessoais de Lula através da empresa do segurança Freud Godoy, já haviam sido divulgadas historicamente na coluna do jornalista Diogo Mainardi, na sua coluna da VEJA dia 25 de outubro de 2006.
Uma coluna profética

Foto: Veja

Freud Godoy e Lula na Granja do Torto no fim de 2002. O segurança tão próximo do presidente, depois do escândalo sumiu

Postado por Toinho de Passira
Texto Diogo Mainardi, para a Veja
Fonte:Blog do Reinaldo Azevedo

O procurador-geral da República denunciou quarenta mensaleiros. O mais perto que ele chegou de Lula foi o 4º andar do Palácio do Planalto, ocupado por José Dirceu e seu bando. Agora ele terá de descer um lance de escadas e entrar diretamente no gabinete presidencial. Acompanhe-me, por favor. Cuidado com o degrau. Esta é a sala que pertencia a Freud Godoy, gorila particular de Lula. E aquela é a porta do escritório do presidente. Cerca de dez passos. Toc-toc-toc. Tem alguém aí? Lula saiu? A gente volta mais tarde.

Na última terça-feira, Garganta Profunda me passou os dados de um documento bancário de Freud Godoy, encaminhado pelo Coaf à Polícia Federal. Em 24 de março de 2004, ele depositou 150 000 reais na conta da empresa de sua mulher, Caso Sistemas de Segurança. Importante: 150 000 reais em moeda sonante. No documento bancário, Freud Godoy declarou que o dinheiro era fruto de “serviços prestados a clientes”. Isso contradiz tudo o que ele alegou até agora. Num primeiro momento, disse que sacou os 150 000 reais para comprar equipamentos. Depois, informou que pediu um empréstimo a um amigo. Mentira. Não foi saque nem empréstimo: foi um depósito. O fato é que ninguém sabe de onde saiu tanto dinheiro e por que foi parar na conta do gorila particular de Lula.

Como Robert Redford em Todos os Homens do Presidente, arregacei as mangas da camisa e fui procurar respostas na capital federal. Pedi à CPI dos Correios para fazer o cruzamento dos dados do valerioduto com o depósito de Freud Godoy. Encontrei uma espantosa coincidência. Em 23 de março de 2004, um dia antes de Freud Godoy depositar 150 000 reais na conta de sua mulher, foram sacados 150 000 reais da conta da SMPB, de Marcos Valério, no Banco Rural. Tudo em moeda sonante. Tudo de origem desconhecida. O saque no Banco Rural foi feito pelo policial aposentado Áureo Marcato. Que voltou ao banco dois dias depois e sacou mais 150 000 reais. Onde foram parar?

Na época do depósito, Freud Godoy era assessor direto de Lula. Mas fazia um bico para o PT, montando o esquema de segurança de Delúbio Soares, que transportava malas de dinheiro sujo de um lado para o outro. Freud Godoy alugou para ele um carro blindado, comprou duas motocicletas para seus batedores e contratou uma escolta de seis policiais militares. Os 150.000 reais depositados na conta de sua mulher podem ter sido o pagamento pelo serviço. Os policiais contratados para escoltar o tesoureiro do PT contaram a VEJA que Freud Godoy, entre outras coisas, era encarregado de organizar os encontros secretos entre Lula e Delúbio Soares. Pode-se imaginar o que eles discutiam.

Lula está praticamente reeleito. Os brasileiros o perdoaram. Mas a bandidagem da qual ele se cercou continuará a rondá-lo para sempre. É assim que será recordado. Por mais que tente se esconder, Lula é o PT. Lula é Delúbio Soares. Lula é Marcos Valério. Lula é o golpismo do mensalão e do dossiê Vedoin. Abra a porta, Lula. Toc-toc-toc.

Lula e Humberto Costa pegaram dinheiro do mensalão, disse Marcos Valério ao Ministério Público

BRASIL – Mensalão
Lula e Humberto Costa pegaram dinheiro do mensalão, disse Marcos Valério ao Ministério Público
O empresário Marcos Valério, o operador financeiro do mensalão, afirmou em depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República em 24 de setembro que dinheiro do esquema foi utilizado em 2003 para pagar despesas pessoais do então presidente Lula. A revelação aparece em reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo, e na Folha de S. Paulo. A grande novidade foi a incorporação do nosso senador Humberto Costa, na relação dos beneficiados com o dinheiro do esquema de corrupção.


PAGADOR - Marcos Valério pagava até as despesas pessoais de Lula

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Estadão, Folha de S.Paulo, Veja

O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza disse no depoimento prestado em setembro à Procuradoria-Geral da República que o esquema do mensalão ajudou a bancar "despesas pessoais" de Luiz Inácio Lula da Silva. Em meio a uma série de acusações, também afirmou que o ex-presidente deu "ok", em reunião dentro do Palácio do Planalto, para os empréstimos bancários que viriam a irrigar os pagamentos de deputados da base aliada.

Valério ainda afirmou que Lula atuou a fim de obter dinheiro da Portugal Telecom para o PT. Disse que seus advogados são pagos pelo partido. Também deu detalhes de uma suposta ameaça de morte que teria recebido de Paulo Okamotto, ex-integrante do governo que hoje dirige o instituto do ex-presidente, além de ter relatado a montagem de uma suposta "blindagem" de petistas contra denúncias de corrupção em Santo André na gestão Celso Daniel. Por fim, acusou outros políticos de terem sido beneficiados pelo chamado valerioduto, entre eles o senador Humberto Costa (PT-PE).


MENSALEIRO? - Devido a aproximação com o quadrilheiro José Dirceu, não chega a surpreender as acusações de Valério envolvendo o nosso senador Humberto Costa
(Foto:Natalia Kozmhinsky/Flickr)
A existência do depoimento com novas acusações do empresário mineiro foi revelada pelo Estado em 1.º de novembro. Após ser condenado pelo Supremo como o "operador" do mensalão, Valério procurou voluntariamente a Procuradoria-Geral da República. Queria, em troca do novo depoimento e de mais informações de que ainda afirma dispor , obter proteção e redução de sua pena. A oitiva ocorreu no dia 24 de setembro em Brasília - começou às 9h30 e terminou três horas e meia depois; 13 páginas foram preenchidas com as declarações do empresário, cujos detalhes eram mantidos em segredo até agora.

O Estado teve acesso à íntegra do depoimento, assinado pelo advogado do empresário, o criminalista Marcelo Leonardo, pela subprocuradora da República Cláudia Sampaio e pela procuradora da República Raquel Branquinho.

Valério disse ter passado dinheiro para Lula arcar com "gastos pessoais" bem no início de 2003, quando o petista já havia assumido a Presidência. Os recursos foram depositados, segundo o empresário, na conta da empresa de segurança Caso, de propriedade do ex-assessor da Presidência Freud Godoy, uma espécie de "faz-tudo" de Lula.

O operador do mensalão afirmou ter havido dois repasses, mas só especificou um deles, de aproximadamente R$ 100 mil. Ao investigar o mensalão, a CPI dos Correios detectou, em 2005, um pagamento feito pela SMPB, agência de publicidade de Valério, à empresa de Freud. O depósito foi feito, segundo dados do sigilo quebrado pela comissão, em 21 e janeiro de 2003, no valor de R$ 98.500.

Segundo o depoimento de Valério, o dinheiro tinha Lula como destinatário. Não há detalhes sobre quais seriam os "gastos pessoais" do ex-presidente.

Ainda segundo o depoimento de setembro, Lula deu o "ok" para que as empresas de Valério pegassem empréstimos com os bancos BMG e Rural. Segundo concluiu o Supremo, as operações foram fraudulentas e o dinheiro, usado para comprar apoio político no Congresso no primeiro mandato do petista na Presidência.

No relato feito ao Ministério Público, Valério afirmou que no início de 2003 se reuniu com o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o tesoureiro do PT à época, Delúbio Soares, no segundo andar do Palácio do Planalto, numa sala que ele descreveu como "ampla" que servia para "reuniões" e, às vezes, "para refeições".

Ao longo dessa reunião, Dirceu teria afirmado que Delúbio, quando negociava com Valério, falava em seu nome e em nome de Lula. E acertaram, ainda segundo Valério, os empréstimos.

Nessa primeira etapa, Dirceu teria autorizado o empresário a pegar até R$ 10 milhões emprestados. Terminada a reunião, contou Valério, os três subiram por uma escada que levava ao gabinete de Lula. Lá, na presença do presidente, passaram três minutos. O empresário contou que o acerto firmado minutos antes foi relatado a Lula, que teria dito "ok".

Dias depois, Valério relatou ter procurado José Roberto Salgado, dirigente do Banco Rural, para falar do assunto. Disse nessa conversa que Dirceu, seguindo orientação de Lula, havia garantido que o empréstimo seria honrado. A operação foi feita. Valério conta no depoimento que, esgotado o limite de R$ 10 milhões, uma nova reunião foi marcada no Palácio do Planalto. Dirceu o teria autorizado a pegar mais R$ 12 milhões emprestados.

PORTUGAL TELECOM - Em outro episódio avaliado pelo STF, Lula foi novamente colocado como protagonista por Valério. Segundo o empresário, o ex-presidente negociou com Miguel Horta, então presidente da Portugal Telecom, o repasse de recursos para o PT. Segundo Valério, Lula e o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, reuniram-se com Miguel Horta no Planalto e combinaram que uma fornecedora da Portugal Telecom em Macau, na China, transferiria R$ 7 milhões para o PT. O dinheiro, conforme Valério, entrou pelas contas de publicitários que prestaram serviços para campanhas petistas.

As negociações com a Portugal Telecom estariam por trás da viagem feita em 2005 a Portugal por Valério, seu ex-advogado Rogério Tolentino, e o ex-secretário do PTB Emerson Palmieri.

Segundo o presidente do PTB, Roberto Jefferson, Dirceu havia incumbido Valério de ir a Portugal para negociar a doação de recursos da Portugal Telecom para o PT e o PTB. Essa missão e os depoimentos de Jefferson e Palmieri foram usados para comprovar o envolvimento de José Dirceu no mensalão.

No mesmo depoimento, Valério teria dito que os R$ 4 milhões pedidos por seus advogados para defendê-lo no processo foram pagos pelo PT. Segundo ele, essa foi a única "contrapartida" por sua participação no mensalão.

4 de nov. de 2012

Lula no seu labirinto, por Merval Pereira, para O Globo

BRASIL - Opinião
Lula no seu labirinto
“Com o depoimento de Marcos Valério ao Ministério Público Federal, abre-se a perspectiva de uma investigação sobre a participação do ex-presidente Lula nos episódios”.

Foto: Charge : HUMBERTO – Jornal do Commercio (PE) publicada originalmente em 27/07/2006

Postado por Toinho de Passira
Texto de Merval Pereira
Fonte: Blog do Merval

O julgamento do mensalão, que se encaminha para seu término com a definição das penas dos condenados depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter decidido que houve, sim, desvio de verba pública para a compra de apoios políticos, clareou o cenário para a discussão sobre se o ex-presidente Lula sabia ou não do que acontecia "entre quatro paredes” no Palácio do Planalto, o aspecto mais delicado politicamente desse processo.

Desde que estourou o escândalo do mensalão, em 2005, muitas vezes surgiu a insinuação de que o então presidente Lula sabia de toda a trama, como quando atribuiu-se ao próprio José Dirceu a afirmação, jamais desmentida, de que não fazia nada sem que Lula não autorizasse.

Nos últimos dias, entrevistas, declarações diretas ou atribuídas a participantes do esquema revelam novos detalhes, todos convergindo no sentido de afirmar que o ex-presidente Lula foi parte ativa do esquema do mensalão.

O publicitário Marcos Valério, em depoimento ao Ministério Público, acusou Lula de ser o responsável pelo esquema do mensalão e acrescentou no rol dos envolvidos não julgados nesse processo do STF o ex-ministro Antonio Palocci. Valério pede os benefícios da delação premiada, se diz ameaçado de morte e está pedindo sua inclusão no serviço de proteção às testemunhas.

Ex-mulher de Dirceu, Clara Becker disse à repórter do Estadão Débora Bergamasco que tanto ele quanto José Genoino “estão pagando pelo Lula”. E lançou a pergunta que está no ar há sete anos: “Ou você acha que o Lula não sabia das coisas, se é que houve alguma coisa errada? Eles assumiram os compromissos e estão se sacrificando.”

Difícil acreditar que a mulher que viveu com Carlos Henrique, a personna vivida por Dirceu no interior do Paraná, e que continua sua amiga, mãe de seu filho, o deputado federal Zeca Dirceu, fizesse uma declaração dessas sem conhecimento de causa e, sobretudo, sem a autorização do próprio.

A revista Veja tem em seu poder uma entrevista gravada em que o publicitário Marcos Valério diz que Lula é o verdadeiro chefe por trás do esquema do mensalão. Nessa entrevista, cujos detalhes mais importantes a revista publicou atribuindo a comentários de Valério com seus amigos, o publicitário fala da morte do prefeito Celso Daniel, episódio que também teria abordado no seu depoimento ao Ministério Público Federal.

Essa parte a revista ainda não revelou, pois considerou que se tratava de um assunto de que o publicitário não participou diretamente, sendo suas denúncias fruto do que ouviu dizer.

No próprio julgamento, o advogado Luiz Francisco Barbosa, que defende Roberto Jefferson, acusou o ex-presidente Lula de ser o verdadeiro mandante dos crimes. Ele se baseou na tese do “domínio do fato”, que levou o procurador-geral a acusar o ex-ministro José Dirceu como o “chefe da quadrilha”, e garantiu que os ministros envolvidos “eram apenas agentes de Lula”. A repercussão dessa denúncia só foi neutralizada devido à posição dúbia de Roberto Jefferson, que acusou e defendeu Lula ao longo desses sete anos.

Da mesma forma, o advogado Marcelo Leonardo, que defende Valério, apresentou um memorial afirmando que seu cliente foi o bode expiatório de um esquema que tinha outros líderes, insinuando que entre eles estava o ex-presidente Lula.

Com o depoimento de Marcos Valério ao Ministério Público Federal, abre-se a perspectiva de uma investigação sobre a participação do ex-presidente Lula nos episódios. Os partidos de oposição anunciaram uma representação na Procuradoria pedindo essa investigação, pois Lula, tendo sido o principal beneficiário do esquema criminoso, pode estar envolvido e “todos os brasileiros querem saber se ele teria sido o seu mandante também. Essa pergunta precisa de resposta”, na afirmação do presidente do PPS Roberto Freire.

O tema saiu da redoma que o protegia há sete anos e está colocado publicamente. Seria bom se o ex-presidente Lula viesse a público dar a sua versão dos fatos, em vez de querer negá-los. Mas teria que ser uma versão definitiva, com começo, meio e fim, e não as versões desencontradas que vem dando ao longo desse tempo, quando já vestiu a roupa de traído, já pediu desculpas “pelos graves erros cometidos”, já disse que se tratava de Caixa 2 e, por fim, prometeu provar que tudo não passara de uma “farsa” cujo objetivo final teria sido a sua deposição.
*Acrescentamos subtítulo e ilustração a publicação original

3 de nov. de 2012

Por que Marcos Valério entupigaita Lula?

Por que Marcos Valério entupigaita Lula?
Quando Marcos Valério fala ou ameaça falar, o ex-presidente Lula fica automaticamente aparvalhado, atarantado, embaraçado, perturbado, assombrado, atordoado, conturbado, embaralhado e encalistrado e sobretudo mudo.

Charge: Sponholz


Toinho de Passira

Diante dessas novas-velhas denúncias de Marcos Valério, podemos especular muitas coisas, além da obvia possibilidade de Marcos Valério ter realmente provas que o ex-presidente Lula participou do esquema do mensalão. Causa frisson, inicialmente, a atualização do tamanho do mensalão declarado pelo mineiro, como sendo de 350 milhões de reais, quase o triplo do que consta dos autos da ação penal 470, mais essa história de remessa de dinheiro para o exterior.

Não parece despropositado que a quadrilha do mensalão, mais alguns personagens não incluídas no processo, Lula e Palocci, certamente, tivesse aproveitado a dinheirama não contabilizada, que rolava no pedaço, para engordar contas bancárias secretas em paraísos fiscais, no exterior.

Vê-se aí porque Lula ficou tão à vontade ao lado do companheiro Paulo Salim Maluf.

Arrepia também o fato do homem forte do mensalão ter trazido o caso do Prefeito Celso Daniel à baila. O que sabe de revelador e que provas possui da misteriosa morte do homem que ia ser o tesoureiro de campanha de Lula? A família do morto afirma que ele morreu porque ia denunciar um esquema de corrupção que envolvia o presidente do partido José Dirceu.

Fique claro que estamos falando de declarações de um homem condenado desesperado e de reputação por demais duvidosa. Valério não merecia ser levado a sério, se não tivesse em determinado momento circulado com tanta desenvoltura pelos corredores e gabinetes do Palácio do Planalto, de mãos dadas com José Dirceu, Genoino e Delúbio Soares e se não provocasse um comportamento tão suspeito do nosso ex-presidente Lula.

Quando Valério fala Lula silencia. O tão falante Luís Inácio Lula da Silva encalistra diante das supostas acusações. Parece acuado, assustado e acovardado, sem um gesto público de indignação ou enfrentamento, enquanto sua reputação e honra são enlameadas. “Fala” por intermediários e através de notas lacônicas.

Depois de se contatar que esse bandido que se passa por publicitário, delinquiu em beneficio do Partido dos Trabalhadores, lamenta-se que esteja agora entupigaitando o ex-Presidente da Republica, Luís Inácio Lula da Silva.

2 de nov. de 2012

Marcos Valério põe mais m… no ventilador

BRASIL - Mensalão
Marcos Valério põe mais m… no ventilador
O boatos de que o operador do mensalão, Marcos Valério, até agora, o recordista em pena, 40 anos, na doseometria do STF, resolveu abrir o bico, como medo de morrer e na esperança de ter a penas abrandada. A cacicada do PT, Lula, Palocci & Cia, está se borrando e até recuaram, pelo menos por enquanto, da ideia de atacar as decisões do Supremo contra os companheiros mensaleiros.

Foto: Veja

O operador financeiro do mensalão já começou a falar o que sabe ao Ministério Público. Ele contou ao MP detalhes envolvendo o assassinato do prefeito Celso Daniel e avisou que há mais o que contar

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Estadão, Veja, Radar Online, Folha S. Paulo

Em sua edição desta semana, VEJA revela que Marcos Valério, o operador do mensalão, informou ao Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de um fax enviado à Corte em 22 de setembro, seu desejo de prestar novas declarações ao tribunal sobre o esquema. O empresário, cuja pena foi estipulada dias depois em mais de 40 anos de prisão, mencionou também a lei da delação premiada e a obrigatoriedade de as autoridades darem proteção a cidadãos que corram risco de vida. O fax foi encaminhado ao Ministério Público (MP) pelo presidente do STF, Carlos Ayres Britto.

Soube-se depois, que em seguida, Valério prestou novo depoimento ao MP. Uma reportagem na edição desta quinta-feira o jornal O Estado de S. Paulo informa alguns dos assuntos abordados pelo empresário durante a audiência, transformada em tomada de depoimento: Marcos Valério teria dito ao procurador aquilo que vinha dizendo em privado já havia algum tempo: que tem revelações importantes a fazer sobre o mensalão, inclusive sobre o verdadeiro papel do então presidente Lula no esquema. Valério diz ter como provar que Lula sabia de tudo.

O empresário conta, ainda, que pelo caixa do mensalão passaram 350 milhões de reais, muito mais do que o valor rastreado até agora pelos investigadores, e que figurões do PT ligados ao ex-presidente Lula se revezavam na missão de mantê-lo em silêncio com a promessa de impunidade — o que não aconteceu.

Segundo o jornal o encontro de Valério com o procurador-geral da República foi mais do que uma conversa preliminar de um condenado com o seu algoz na tentativa de negociar um acordo. Diz a reportagem que Valério chegou a prestar um depoimento formal, devidamente assinado por ele e por seu advogado.

De acordo com a publicação, Valério citou ainda, o do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, como outro envolvido no esquema e falou a respeito de outras remessas feitas ao exterior durante a vigência do esquema de corrupção, além das julgadas pelo Supremo.

No julgamento do mensalão, a Corte analisou vários pagamentos feitos a Duda Mendonça no exterior, e acabou absolvendo o publicitário. A íntegra do depoimento de Valério é mantida sob sigilo. Ao informar à Procuradoria já ter sido ameaçado de morte, o operador do mensalão citou o caso do assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, em São Paulo.

Semanas antes do depoimento, VEJA publicara em reportagem um resumo dos segredos do mensalão até então guardados por Valério. Entre eles, a revelação sobre o papel de protagonista de Lula no esquema. “Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos”, disse, referindo-se ao ex-tesoureiro petista Delúbio Soares e ao ex-chefe da Casa Civil José Dirceu.

Para dar mais informações ao MP, Valério pede sua inclusão no programa de proteção a testemunhas – acordo que, se aceito pela Procuradoria, poderia livrá-lo da cadeia.

As informações do empresário, contudo, são vistas com ressalvas pelo MP – afinal, suas promessas de contar tudo o que sabe são recorrentes, mas jamais foram cumpridas. Desde a descoberta do escândalo, Valério ameaça Lula e a cúpula do PT. De início, cobrou uma milionária compensação financeira em troca de seu silêncio. Com a proximidade do julgamento, interlocutores do ex-presidente prometeram ajudá-lo no STF. Não foi o que ocorreu.

Ainda segundo o jornal, procuradores avaliam que o novo depoimento pode ser apenas uma tentativa de Valério livrar-se da pena. Por isso as informações são mantidas sob sigilo. O Ministério Público vai analisar se abre ou não um novo processo para apurar as declarações de Valério. O Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, avalia também se inclui o empresário no sistema de proteção a testemunhas.

Foto: Rose Brasil/ABr

PALOCCI - Em 2006, no epicentro do escândalo do mensalão, o então ministro da Fazenda caiu no olho do furacão da crise política. Num depoimento à polícia e ao Ministério Público de São Paulo, o advogado Rogério Buratti, ex-secretário de Governo da primeira gestão de Palocci como prefeito de Ribeirão Preto (1993-1996), acusou-o de receber um mensalão de 50 000 reais de uma máfia de empresas que fraudavam licitações públicas de coleta de lixo em prefeituras de São Paulo e Minas Gerais.

Os fatos relatados por Buratti referem-se a eventos que precedem a chegada do PT ao governo federal. Mas VEJA teve acesso a documentos, e-mails e grampos telefônicos, colhidos pela Justiça em quase dois anos de investigação, que contêm indícios graves do envolvimento de Palocci, já ministro, com Buratti e sua turma.

O cadáver de Celso Daniel volta a assombrar o PT
As gravações legais, quase todas feitas pela interceptação de conversas de Buratti com empresários, mostram que o ex-assessor oferecia encontros com o ministro. Muitos deles, efetivamente, ocorreram. As conversas dão conta ainda de que integrantes da Máfia do Lixo resolviam seus problemas usando a própria estrutura do Ministério da Fazenda.

Há mais. Em um e-mail, Juscelino Dourado, então chefe-de-gabinete de Palocci, pede, em nome do "chefe", ajuda de Buratti para comprar um aparelho de espionagem telefônica. O suposto pagamento de um mensalão de 50.000 reais ao então prefeito Palocci, entre 2000 e 2002, teria sido recebido por Ralf Barquete, na ocasião secretário de Finanças de Ribeirão Preto. Este, por sua vez, "com a autorização de Palocci", segundo Buratti, repassava o dinheiro a Delúbio Soares, tesoureiro do PT.

CASO CELSO DANIEL - Prefeito de Santo André e coordenador da campanha de Lula, Celso Daniel foi sequestrado ao sair de uma churrascaria e morto em circunstâncias misteriosas em janeiro de 2002. O caso chocou o país. As investigações também: seguindo um estranho roteiro, a procura pelos assassinos esbarrava sempre em evidências de corrupção. E mais mortes. Sete pessoas ligadas ao crime morreram em circunstâncias também misteriosas, entre acusados, testemunhas, um agente funerário, um investigador e o legista do caso.

Conforme a versão da polícia, abraçada pelos petistas, Celso Daniel foi vítima de crime comum: extorsão mediante sequestro, seguido de morte. Já familiares afirmam desde o início do caso que a morte do prefeito é um crime político em torno de um esquema de propina em Santo André que era do conhecimento da cúpula petista. É também a tese do Ministério Público: desentendimentos sobre a partilha dos recursos teriam motivado o assassinato.

Diante dessas revelações Lula e o Partido dos Trabalhadores se fecha e emudece como se não fossem com eles. Mas é!

24 de out. de 2012

Barbosa insinua que Lewandowski advoga para os réus

BRASIL – Julgamento do Mensalão
Barbosa insinua que Lewandowski advoga para os réus
A discussão entre os ministros começou quando Barbosa citou um artigo sobre o mensalão do jornal New York Times, que chamou de risível o sistema jurídico brasileiro. "Um homem que fez o que fez para o Estado brasileiro é condenado a 3 anos. Não cumprirá três meses", disse, ao criticar a pena imposta por Lewandowski para Valério pelo crime de corrupção ativa, que foi acatada pela maioria dos ministros.

Foto: Nelson Jr./SCO/STF

"Vossa excelência está plantando neste momento para colher depois", disse Barbosa dirigindo-se a Lewandowski

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Terra, G1

Relator do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, e o revisor, Ricardo Lewandowski, protagonizaram nesta quarta-feira um novo embate por conta da fixação das penas do empresário Marcos Valério, considerado o operador do esquema.

Em um dos momentos mais duros da discussão, Barbosa insinuou que o colega "advogava" para os réus e ouviu de volta que "integrava a acusação e era membro do Ministério Público", lembrando a origem do relator no mundo jurídico.

Após ser derrotado pelo plenário na discussão sobre a pena de Valério por corrupção ativa no caso de desvio de recursos ligados ao Banco do Brasil, Barbosa disse que "por vezes nosso sistema de Justiça penal é risível".

"Estamos discutindo a pena a ser aplicada a um homem que fez o que fez contra o Estado brasileiro. Na prática, ele não cumprirá seis meses de prisão, no máximo quatro meses", disse o relator.

O revisor retrucou. "Ele não cumprirá essa pena isolada. Vai cumprir penas que, no meu cálculo, já ultrapassam duas décadas. Vossa excelência acha isso pouco?", disse.

Barbosa disse que achava pouco, o que o revisor discordou. "Vossa Excelência advoga para eles?", questionou então o relator. "Está sempre defendendo."

"Eu não, Vossa Excelência integra a acusação? É membro do Ministério Público?", respondeu Lewandowski.

Foto: José Cruz/ABr

Lewandwski, negou advogar para Marcos Valério, e perguntou se Barbosa era membro do Ministério Público

O presidente do Supremo, Carlos Ayres Britto, tentou interferir para apartar a discussão, mas ouviu do relator que estaria incomodado com possíveis criticas. O presidente do tribunal negou.

A discussão foi o segundo enfrentamento entre relator e revisor na tumultuada sessão de hoje. Logo no início da discussão, Barbosa reafirmou que Lewandowski "barateava o crime de corrupção" e o acusou de "estar plantando neste momento para colher depois".

Indicando intransigência de Barbosa para discutir o tamanho das penas, o revisor chegou a dizer que "não estamos mais no tempo do absolutismo".

A discussão começou porque ministros apontaram que Barbosa cometia um equívoco ao considerar pena nova de 2003 para condenar o empresário pelo crime de corrupção por desvio de recursos ligados ao Banco do Brasil.

Lewandowski disse que o delito ocorreu em 2003, quando ainda valia norma que estabelecia penas de 1 a 8 anos de prisão para o crime. Só após novembro de 2003 a punição passou a ser de 2 a 12 anos.

Barbosa resistia a aplicar a lei antiga, mas acabou recuando. O revisor ainda reclamou do sistema de definição de pena estabelecido por Barbosa. Segundo ele, o critério poderia levar a uma pena "estratosférica".

Barbosa acabou pedindo desculpas
O relator reagiu. "Vossa excelência está plantando neste momento para colher depois", disse.

Lewandowski não retrucou, mas em outro momento cobrou clareza de Barbosa no voto, com a revisão da aplicação da lei. "O réu tem o direito de saber como se deu a dosimetria. Não estamos mais no tempo do absolutismo", disse.

"Não podemos mecanicamente ficarmos a calcular as penas crime por crime, porque chegaremos a um total estapafúrdio, temos que ir calibrando as penas com razoabilidade.[...] Vamos chegar a uma pena estratosférica", completou.

O ministro Marco Aurélio Mello sugeriu um recesso de uma semana para os ânimos se acalmarem. Na próxima semana, Barbosa tem uma viagem para Alemanha para passar por tratamento de saúde.

"Ouso dizer que talvez precisemos de um recesso para chegar a um concerto com C em termos de pena. Devemos marchar com absoluta segurança. Não dá para conduzir de cambulhada", afirmou Marco Aurélio.

Serenado os ânimos, antes de continuar seu voto sobre a pena estipulada ao empresário Marcos Valério, o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão, pediu desculpa ao colega Ricardo Lewandowski pelas críticas que fez.

"Gostaria de mais uma vez externar minha preocupação quanto ao ritmo da nossa dosimetria e dizer que estou muito preocupado. Isso tem me levado a me exceder, como fiz há pouco ao rebater de forma exacerbada o colega Lewandowski, a quem peço desculpas pelo excesso", disse.

Em seguida, Lewandowski pediu a palavra para agradecer o gesto de Barbosa. "Cumprimento o gesto de grandeza do relator me pedindo desculpas. Quero dizer que aceito-as prontamente". "As nossas divergências não desbordam do plano estritamente técnico e jurídico", acrescentou o revisor.

Momentaneamente a paz voltou e o julgamento prosseguiu.

23 de out. de 2012

Valério pega 11 anos e Dirceu põe as barbas de molho

BRASIL – Julgamento Mensalão
Valério pega 11 anos e Dirceu põe as barbas de molho
As penas destinadas ao publicitário referem-se, até agora, aos crimes de corrupção ativa, formação de quadrilha e peculato. Comparativamente pode-se especular, diante da punição aplicada a Valério, o tempo de xilindró, que poderá ser destinado ao núcleo político do mensalão, liderado pelo quadrilheiro corruptor, José Dirceu

Ilustração Toinho de Passira

MINEIRINHOS DELINQUENTES - Marco Valério, 51 anos, e José Dirceu, 66 anos, integrantes da sofisticada quadrilha do mensalão

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Isto É, O Globo, Veja, Estadão

O publicitário Marcos Valério foi o primeiro a ter penas definidas na fase de dosimetria do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão, na sessão desta terça-feira, 23. Até o momento, ele já teve a punição determinada em três crimes - formação de quadrilha, corrupção ativa e peculato relativos à Câmara dos Deputados - e foi condenado a 11 anos e oito meses de reclusão, além de multa de 390 dias-multa no valor de 10 salários-mínimo cada (R$ 978 mil a serem reajustados). A punição foi dada nesta terça-feira na 40ª sessão da ação penal 470.

Por formação de quadrilha, Valério pegou dois anos e 11 meses de reclusão. Quanto ao crime de corrupção ativa relativo à Câmara dos Deputados, a pena chegou a quatro anos e um mês de reclusão, além de 180 dias-multa no valor de 10 salários-mínimo cada, totalizando R$ 432 mil. Pelo crime de peculato relativo à Câmara, o publicitário foi condenado a quatro anos e oito meses de reclusão, mais multa em 210 dias-multa no valor de 10 salários-mínimo cada, no total de R$ 546 mil reais.

Já em relação à corrupção ativa de Valério quanto ao Banco do Brasil e Visanet, o relator Joaquim Barbosa propôs a pena em quatro anos e oito meses de reclusão, além de multa de 210 dias-multa no valor de 10 salários-mínimo cada R$ 504 mil.

No entanto, o revisor Ricardo Lewandowski condenou o publicitário a 30 dias-multa, no valor de 15 salários mínimos cada um. Ele fixou a pena de três anos, um mês e 10 dias de reclusão. Como os ministros não entraram em consenso quanto à dosimetria, a sessão foi suspensa e será retomada nesta quarta-feira.

O importante desse primeiro dia, foi a possibilidade de se ter uma previsão de qual será a pena a ser aplicada ao núcleo político do mensalão, o ex-Ministro José Dirceu, do ex-presidente do PT José Genoíno e do tesoureiro do PT, Delúbio Soares.

Os três foram condenados por formação de quadrilha e corrupção ativa. Fosse o ministro relator aplicar a mesma pena que foi destinada a Valério os três pegariam exatos sete anos de prisão e provavelmente responderiam em regime semi-aberto.

Mas devido à importância política de José Dirceu, quando da consumação dos crimes, o chefe do bando deverá ser premiado com uns aninhos a mais e acabar tendo que ficar um tempo vendo o mundo através das grades, basta que a pena alcance os oito anos de reclusão, um ano a mais do que foi destinado a Marcos Valério.

Vai ser lindo!

18 de set. de 2012

PT convoca 'batalha' contra as "verdades"

BRASIL – Eleição 2012
PT convoca 'batalha' contra as verdades
O Estadão publica uma notícia assinada pela jornalista Vera Rosa, da Agência Estado, informando que o PT está convocando a militância para combater “as mentiras” que estariam atingindo o partido, e seus candidatos, graças as notícias vinculadas ao julgamento do mensalão e as, publicadas na revista Veja neste fim de semana, onde Marcos Valério, operador do mensalão, disse que Lula era o chefe dos mensaleiros

Foto: FolhaPress

Fugindo de jornalista, como o diabo foge da cruz: Lula chegando ao evento de apoio a Haddad em São Paulo no domingo, 16, nem uma palavra com os jornalistas, um silêncio ensurdecedor

Postado por Toinho de Passira
Fonte: Estadão

Preocupada com o impacto do julgamento do mensalão nas campanhas eleitorais, a cúpula do PT decidiu na segunda-feira (17) convocar os militantes, para ir atrás do prejuízo, para uma "batalha do tamanho do Brasil" em defesa do partido, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do legado dos governos petistas.

É assim que eles interpretam os acontecimentos, sem lembrar que foram os atos criminosos praticados pelas principais lideranças do partido, que estão submergindo da lama, agora, para cobrar o passado.

Depois de uma reunião que durou o dia todo, a Executiva Nacional do PT divulgou nota na qual afirma que a "mobilização geral" da militância é condição fundamental para desfazer "mentiras", reafirmar o projeto de poder do PT e vencer as eleições municipais.

A situação reflete desespero: o presidente do PT, Rui Falcão, saiu da reunião antes do almoço para encontrar Lula e só retornou três horas depois.

O tom da nota divulgada pela direção do partido, no dia em que o Supremo Tribunal Federal começou a julgar o "núcleo político" do mensalão, passou pelo seu crivo. A presidente Dilma Rousseff também conversou por telefone com Lula, na segunda-feira (17) e no fim de semana.

Falcão não quis comentar o encontro, mas o jornal O Estado de S. Paulo apurou que Lula ficou muito irritado com notícia publicada na segunda-feira (17) na coluna do jornalista Ricardo Noblat, no jornal O Globo, informando que Marcos Valério, operador do mensalão, teria gravado um vídeo com denúncias capazes de "derrubar" seu governo, se ele estivesse no poder.

Além disso, afirmações atribuídas a Marcos Valério pela revista Veja puxam Lula para o centro do escândalo como "chefe do mensalão".

Apesar de dizer, em conversas reservadas, que o PT e ele são vítimas de "golpe baixo" dos adversários, Lula prefere manter o silêncio, sob o argumento de que qualquer declaração pode interferir tanto no julgamento no Supremo como nas principais campanhas do partido. A ordem vale para dirigentes, deputados e senadores, orientados por advogados a não comentar publicamente o processo. Diante desse cenário, a estratégia definida na segunda-feira (17) foi a de conclamar os militantes do PT para entrar na guerra.

O comportamento correto de um homem público, atacado na sua dignidade, seria interpelar judicialmente a revista Veja e exigir que Marcos Valério prove o que afirmou a Revista. Por que Lula não faz isso?

"A mobilização geral de nossa força militante é a condição fundamental para nosso sucesso nos dias 7 e 28 de outubro. Pois é a militância consciente quem desfaz as mentiras, demarca o campo, afirma nosso projeto, reúne nossas bases e alianças, construindo vitórias não apenas eleitorais, mas também políticas", diz a nota aprovada pela Executiva do PT.

Fiel à estratégia de não esticar a polêmica, Falcão foi enigmático ao deixar a reunião. Questionado por jornalistas sobre a quais mentiras o PT se referia, o deputado desconversou. "São mentiras que costumam ocorrer nas campanhas eleitorais. Faltam três semanas para as eleições e estamos convocando a militância porque o PT sempre foi o partido da reta de chegada."

A nota do PT convoca filiados, simpatizantes, parlamentares e até governantes "para uma batalha do tamanho do Brasil" em bairros, escolas, empresas e nas redes sociais. "(...) Em cada cidade, pequena, média ou grande, trata-se de obter grandes votações, elegendo vereadores (...) e prefeitos.

E fazendo a defesa de nosso partido, do ex-presidente Lula, de nossos mandatos e lideranças, bem como do legado dos nossos governos, que melhoraram as condições de vida e fortaleceram a dignidade do povo brasileiro", assinala o texto.

Esqueceram-se de convocar o Supremo Tribunal Federal

O PT fez questão de manifestar apoio às medidas anunciadas por Dilma na área econômica. "Estas medidas - entre as quais se destaca a redução da taxa de juros e das tarifas de energia elétrica - já se demonstraram essenciais para proteger o Brasil dos impactos da crise internacional, que continua se agravando", diz o documento.

Na convocação aos militantes, o PT argumenta que a vitória nas eleições municipais "deve ser vista nesta mesma perspectiva", para fortalecer o projeto nacional petista. Que pelo visto está indo para o pântano do mensalão.

Embora a direção do PT diga que a sigla está bem nas disputas em João Pessoa, Cuiabá, Goiânia e Rio Branco, o receio é que a série de reveses enfrentados pelo partido seja prejudicial às campanhas nas principais capitais do País.

Vejam que as cidades citadas como de expectativas de bons resultados petistas, não são as mais importantes, nem econômica e populacionalmente, no cenário geopolítico brasileiro. Fica também o registro que eles já entregaram a rapadura quanto a eleição do Recife.


17 de set. de 2012

A quarta cópia (Valério gravou um video do Mensalão), por Ricardo Noblat

BRASIL – Mensalão
A QUARTA CÓPIA
Valério gravou um video do Mensalão
O gestor do Mensalão fez quatro cópias de um video que sera enviado aos principais jornais do país, caso ele seja morto ou desapareça

Foto: Beto Barata/AE

Postado por Toinho de Passira
Texto de Ricardo Noblat
Fonte: Blog do Noblat

Dá-se a prudência como característica marcante dos mineiros.

Teria a ver, segundo os estudiosos, com a paisagem das cidadezinhas de horizonte limitado, os depósitos de ouro e de pedras preciosas explorados no passado até se esgotarem, e a cultura do segredo e da desconfiança daí decorrente.

Não foi a imprudência que afundou a vida de Marcos Valério. Foi Roberto Jefferson mesmo ao detonar o mensalão.

Uma vez convencido de que o futuro escapara definivamente ao seu controle, Valério cuidou de evitar que ele se tornasse trágico.

Pensou no risco de ser morto. Não foi morto outro arrecadador de recursos para o PT, o ex-prefeito Celso Daniel, de Santo André?

Pensou na situação de desamparo em que ficariam a mulher e dois filhos caso fosse obrigado a passar uma larga temporada na cadeia. E aí teve uma ideia.

Ainda no segundo semestre de 2005, quando Lula até então insistia com a lorota de que mensalão era Caixa 2, Valério contratou um experiente profissional de televisão para gravar um vídeo.

Poderia, ele mesmo, ter produzido um vídeo caseiro. De princípio, o que importava era o conteúdo. Mas não quis nada amador.

Os publicitários de primeira linha detestam improvisar. Valério pagou caro pelo vídeo do qual fez quatro cópias, e apenas quatro.

Guardou três em cofres de bancos. A quarta mandou para uma das estrelas do esquema do mensalão, réu do processo agora julgado pelo Supremo Tribunal Federal.

Renilda, a mulher dele, sabe o que fazer com as três cópias. Se Valério for encontrado morto em circunstâncias suspeitas ou se ele desaparecer sem dar notícias durante 24 horas, Renilda sacará dos bancos as três cópias do vídeo e as remeterá aos jornais O Estado de São Paulo, Folha de S. Paulo e O Globo. (Sorry, VEJA!)

O que Valério conta no vídeo seria capaz de derrubar o governo Lula se ele ainda existisse, atesta um amigo íntimo do dono da quarta cópia.

Na ausência de governo a ser deposto, o vídeo destruiria reputações aclamadas e jogaria uma tonelada de lama na imagem da Era Lula. Lama que petrifica rapidinho.

A fina astúcia de Valério está no fato de ele ter encaminhado uma cópia do vídeo para quem mais se interessaria por seu conteúdo. Assim ficou provado que não blefava.

Daí para frente, sempre que precisou de ajuda ou consolo, foi socorrido por um emissário do PT. Na edição mais recente da VEJA, Valério identifica o emissário: Paulo Okamotto.

Uma espécie de tesoureiro informal da família Lula da Silva, Okamotto é ligado ao ex-presidente há mais de 30 anos.

No fim de 2005, um senador do PT foi recebido por Lula em seu gabinete no Palácio do Planalto. Estivera com Valério antes. E Valério, endividado, queria dinheiro. Ameaçava espalhar o que sabia.

Lula observou em silêncio a paisagem recortada por uma das paredes envidraçadas do seu gabinete. Depois perguntou: "Você falou sobre isso com Okamotto?"

O senador respondeu que não. E Lula mais não disse e nem lhe foi perguntado. Acionado, Okamotto cumpriu com o seu dever. Pulou-se outra fogueira. Foram muitas as fogueiras.

Uma delas foi particularmente dramática.

Preso duas vezes, Valério sofreu certo tipo de violência física que o fez confidenciar a amigos que nunca, nunca mais voltará à prisão. Prefere a morte.

Valério acreditou que o prestígio de Lula seria suficiente para postergar ao máximo o julgamento do processo do mensalão, garantindo com isso a prescrição de alguns crimes denunciados pela Procuradoria Geral da República.

Uma eventual condenação dele seria mais do que plausível. Mas cadeia? E por muito tempo?

Impensável!

Pois bem: o impensável está se materializando. E Valério está no limiar do desespero.


VEJA - reportagem completa: ”Marcos Valério envolve Lula no mensalão”

BRASIL – Mensalão
VEJA - reportagem completa:
”Marcos Valério envolve Lula no mensalão”
O empresário Marcos Valério, apontado como o operador do esquema, diz que, em troca do seu silêncio, recebeu garantias do PT de uma punição branda. Condenado pelo STF por vários crimes, cujas penas podem chegar a 100 anos de prisão, ele revela que o ex-presidente Lula sabia de tudo e que o caixa para subornar políticos foi muito maior: 350 milhões de reais.


NO INFERNO - O empresário Marcos Valério, na porta da escola do filho, em Belo Horizonte, na última quarta-feira: revelações sobre o escândalo

Postado por Toinho de Passira
Texto de Rodrigo Rangel para a Veja
Fonte: Veja - 17/09/2012

Faltavam catorze minutos para as 7 da manhã da última quarta-feira quando o empresário Marcos Valério, o pivô financeiro do mensalão, parou seu carro em frente a uma escola, em Belo Horizonte. Alvo das mais pesadas condenações no julgamento que está em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), ele tem cumprido religiosamente a tarefa de levar o filho todos os dias ao colégio. Desce do carro, acompanha o menino até o portão e se despede com um beijo no rosto. Chega mais cedo para evitar ser visto pelos outros pais e alunos e vai embora depressa, cabisbaixo.

"O PT me transformou em bandido”, desabafa. Valério sabe que essa rotina em breve será interrompida. Ele é o único dos 37 réus do mensalão que não tem um átimo de dúvida sobre seu futuro. Na semana passada. o publicitário foi condenado por lavagem de dinheiro, crime que acarreta pena mínima de três anos de prisão. Computadas as punições pelos crimes de corrupção ativa e peculato, já decididas, mais evasão de divisas e formação de quadrilha, ainda por julgar, a sentença de Marcos Valério pode passar de 100 anos de reclusão.

Mesmo com todas as atenuantes da lei penal brasileira, não é improvável que ele termine seus dias na cadeia. Valério tem culpa no cartório, mas fica evidente que ele está carregando sobre os ombros uma carga penal que, por justiça, deveria estar mais bem distribuída entre patentes bem mais altas na hierarquia do mensalão. É isso que mais martiriza a alma de Valério neste momento, uma dor que ele tenta amenizar lembrando, sempre que pode, que seu silêncio sobre os responsáveis maiores acima dele está lhe custando muito caro.

Apontado como o responsável pela engenharia financeira que possibilitou ao PT montar o maior esquema de corrupção da história, Valério enfrenta um dilema. Nos últimos dias, ele confidenciou a pessoas próximas detalhes do pacto que havia firmado com o partido. Para proteger os figurões, conta que assumiu a responsabilidade por crimes que não praticou sozinho e manteve em segredo histórias comprometedoras que testemunhou quando era o "predileto" do poder.

Em troca do silêncio, recebeu garantias. Primeiro, de impunidade. Depois, quando o esquema teve suas entranhas expostas pela Procuradoria-Geral da República, de penas mais brandas. Valério guarda segredos tão estarrecedores sobre o mensalão que não consegue mais reter só para si — mesmo que agora, desiludido com a falsa promessa de ajuda dos poderosos que ele ajudou, tenha um crescente temor de que eles possam se vingar dele de forma ainda mais cruel.

Os segredos de Valério, se revelados, põem o ex-presidente Lula no epicentro do escândalo do mensalão. Sim, no comando das operações. Sim. Lula, que, fiel a seu estilo, fez de tudo para não se contagiar com a podridão à sua volta, mesmo que isso significasse a morte moral e política de companheiros diletos.

Valério teme, e fala a pessoas próximas, que se contar tudo o que sabe estará assinando a pior de todas as sentenças — a de sua morte: "Vão me matar. Tenho de agradecer por estar vivo até hoje".

Foto: Paulo Figueiras/DA Press

DE OLHO NO PASSADO - Preso duas vezes desde que eclodiu o escândalo, o empresário Marcos Valério hoje despreza e teme os mensaleiros que ajudou

Sua mulher, Renilda Santiago, já tentou o suicídio três vezes. Há duas semanas, ela telefonou a uma amiga para dizer que iria a um reduto do tráfico encravado na região central de Belo Horizonte comprar uma arma. Avisou que havia decidido dar um tiro na cabeça.

Renilda está mergulhada em crise aguda de depressão. Os dois filhos do casal vivem dramas à pane. Meses atrás, o menino, de 11 anos, tentou fazer um teste de admissão em uma escola mais perto de casa, mas a diretora nem deixou o garoto começar a prova. A direção da escola não queria entre seus alunos o filho de Marcos Valério.

A filha mais velha, de 21 anos, passou por constrangimentos cruéis. Em um debate na faculdade de psicologia, o assunto escolhido pelos colegas foi justamente o comportamento do pai dela. Humilhada, ela saiu da sala.

Chega a ser assustador, mesmo que previsível, que as pessoas esqueçam a mais consagrada prática cristã, civilizada e jurídica — a de que os filhos não devem pagar pelos erros dos pais.

Marcos Valério sofre de síndrome do pânico e praticamente não prega os olhos à noite. Sobre o PT e seus antigos parceiros ele vem dizendo:

"Eu detesto esse pessoal. Esse povo acabou com a minha vida. me fez de um tamanho que eu não sou. O PT me fez de escudo, me usou como um boy de luxo. Mas eles se ferraram porque agora vai todo mundo para o ralo". O medo ainda constrange Marcos Valério a limitar suas revelações a pessoas próximas. Até quando?

MENSALÃO
"O caixa do PT foi de 350 milhões de reais"

Foto: Marcos de Paula/AF

PARCERIA - O ex-ministro José Dirceu começa a ser julgado nesta semana. Valério diz que ele era o braço direito do ex-presidente no esquema

A acusação do Ministério Público Federal sustenta que o mensalão foi abastecido do 55 milhões de reais tomados por empréstimo por Marcos Valério junto aos bancos Rural e BMG, que se domaram a 74 milhões, desviados da Visanet, fundo abastecido com dinheiro público e controlado pelo Banco do Brasil. Segundo Marcos Valério, esse é o valor é subestimado.

Ele conta que o caixa real do mensalão era o triplo do descoberto pela polícia e denunciado pelo MP. Valério diz que pelas arcas do esquema passaram pelo menos 350 milhões de reais.

“Da SMP&B vão achar só os 55 milhões, mas o caixa era muito maior. O caixa do PT foi de 350 milhões de reais, com dinheiro de outras empresas que nada tinham a ver com a SMP&B nem com a DNA” afirma o empresário.

Esse caixa paralelo, conta ele, era abastecido com dinheiro oriundo de operações tão heterodoxas quanto os empréstimos fictícios, tomados por suas empresas para pagar políticos aliados do PT. Havia doações diretas diante da perspectiva de obter facilidades no governo.

"Muitas empresas davam via empréstimos, outras não." O fiador dessas operações, garante Valério, era o próprio presidente da República.

Lula teria se empenhado pessoalmente na coleta de dinheiro para a engrenagem clandestina, cujos contribuintes tinham algum interesse no governo federal. Tudo corria por fora, sem registros formais, sem deixar nenhum rastro. Muitos empresários, relata Marcos Valério, se reuniam com o presidente, combinavam a contribuição e em seguida despejavam dinheiro no cofre secreto petista.

O controle dessa contabilidade cabia ao então tesoureiro do partido. Delúbio Soares, que é réu no processo do mensalão e começa a ser julgado nos próximos dias pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa. O papel de Delúbio era, além de ajudar na administração da captação, definir o nome dos políticos que deveriam receber os pagamentos determinados pela cúpula do PT, com o aval do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, acusado no processo como o chefe da quadrilha do mensalão:

"Dirceu era o braço direito do Lula, um braço que comandava”. Valério diz que, graças a sua proximidade com a cúpula petista no auge do esquema, em 2003 e 2004, teve acesso à contabilidade real. Ele conta que a entrada e a saída de recursos foram registradas minuciosamente em um livro guardado a sete chaves por Delúbio.

Pelo seu relato, o restante do dinheiro desse fundão teve destino semelhante ao dos 55 milhões de reais obtidos por meio dos empréstimos fraudulentos tomados pela DNA e pela SMP&B. Foram usados para remunerar correligionários e aliados. Os valores calculados por Valério delineiam um caixa clandestino sem paralelo na política. Ele fala em valores dez vezes maiores que a arrecadação declarada da campanha de Lula nas eleições presidenciais de 2002.

O PRESIDENTE
"Lula era o chefe"

Foto: Diogo Moreira/Folhapress

PASSADO SOMBRIO -
E a tese de que o mensalão não existiu? Valério mostra que Lula não estava sendo fiel aos companheiros, mas tentando salvar a si próprio. Típico

A ira de Marcos Valério desafia a defesa clássica do ex-presidente Lula de que não sabia do Mensalão e nada teve a ver com o esquema arquitetado em seu primeiro mandato. Com a segurança de quem transitava com desenvoltura pelos gabinetes oficiais, inclusive os palacianos, e era considerado um parceiro preferencial pela cúpula petista, Valério afirma que Lula “comandava tudo".

Em sua própria defesa, diz que como operador dos pagamentos não passava de um “boy de luxo" de uma estrutura que tinha o então presidente no topo da cadeia de comando. "Lula era o chefe”, repete Valério às pessoas mais próximas. A afirmação se choca com todas as versões apresentadas por Lula desde que o esquema foi descoberto, em 2005.

Primeiro, escudou-se no argumento de que tudo não passou do uso de dinheiro "não contabilizado” que havia sobrado das campanhas políticas, prática suprapartidária e recorrente na política brasileira — não por acaso tem sido essa a estratégia de defesa dos mensaleiros no STF. Num segundo momento, Lula se disse traído e pediu desculpas à nação em rede de televisão.

A rota de fuga de Lula evoluiu mais tarde para a negação completa, com a tese nefelibata de que o mensalão nunca existiu, tendo sido apenas uma armação das elites para abreviar seu mandato. A narrativa de Valério coloca Lula não apenas como sabedor do que se passava, mas no comando da operação. Valério não esconde que se encontrou com Lula diversas vezes no Palácio do Planalto. Ele faz outra revelação: “Do Zé ao Lula era só descer a escada. Isso se faz sem marcar. Ele dizia vamos lá embaixo, vamos”.

O Zé é o ex-ministro José Dirceu, cujo gabinete ficava no 4o andar do Palácio do Planalto, um andar acima do gabinete presidencial. A frase famosa e enigmática de José Dirceu no auge do escândalo — "Tudo que eu faço é do conhecimento de Lula” — ganha contornos materiais depois das revelações de Valério sobre os encontros em palácio.

Marcos Valério reafirma que Dirceu não pode nem deve ser absolvido pelo Supremo Tribunal, mas faz uma sombria ressalva. “Não podem condenar apenas os mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos”, disse na semana passada, em Belo Horizonte. Indagado, o ex-presidente não respondeu.

Pacto
"Meu contato era o Okamotto"

Foto: Eduardo Knapp/Folhapress

O CARA - Presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto funcionava como elo entre Marcos Valério e o PT

Há menos de dois meses, VEJA revelou a existência de encontros secretos entre Marcos Valério e Paulo Okamotto, petista estrelado que desempenha a tarefa de assessor financeiro, ou tesoureiro, de Lula. Procurado para explicar por que se reunia com o principal operador do mensalão. Okamotto disse que os encontros serviam apenas para discutir política. Não, não era bem assim.

Marcos Valério tinha um pacto com o PT, e Paulo Okamotto era o fiador desse pacto. “Eu não falo com todo mundo no PT. O meu contato com o era o Paulo Okamotto”, disse Valério em uma conversa reservada dias atrás. É o próprio Valério quem explica a missão de Okamotto: "O papel dele era tentar me acalmar“.

O empresário conta que conheceu o Japonês, como o petista é chamado, no ápice do escândalo. Valério diz que, na véspera de seu primeiro depoimento à CPI que investigava o mensalão, Okamotto o procurou. “A conversa foi na casa de uma funcionária minha. Era para dizer o que eu não devia falar na CPI”, relembra. O pedido era óbvio.

Okamotto queria evitar que Valério implicasse Lula no escândalo. Deu certo durante muito tempo. Em troca do silêncio de Valério, o PT, por intermédio de Okamotto, prometia dinheiro e proteção. A relação se tomaria duradoura, mas nunca foi pacífica. Em momentos de dificuldade, Okamotto era sempre procurado.

Quando Valério foi preso pela primeira vez, sua mulher viajou a São Paulo com a filha para falar com Okamotto. Renilda Santiago queria que o assessor de Lula desse um jeito de tirar seu marido da cadeia. Disse que ele estava preso injustamente e que o PT precisava resolver a situação.

A reação de Okamotto causa revolta em Valério até hoje. "Ele deu um safanão na minha esposa. Ela foi correndo para o banheiro, chorando."

O empresário jura que nunca recebeu nada do PT, Já a promessa de proteção, segundo Valério, girava em tomo de um esforço que o partido faria para retardar o julgamento do mensalão no Supremo e, em último caso, tentar amenizar a sua pena. "Prometeram não exatamente absolver, mas diziam: ‘Vamos segurar, vamos isso. vamos aquilo’... Amenizar", conta. Por muito tempo, Marcos Valério acreditou que daria certo. Procurado, Okamotto não se pronunciou.

PODER
"O Delúbio dormia no Alvorada"

Foto:JB Neto/AE

DE OLHO NO PASSADO - O ex-tesoureiro do PT, acusado de corrupção ativa e formação de quadrilha, pediu a Valério que arrumasse uma empresa para “receber” dinheiro ilegal

Dos tempos em que gozava das intimidades do poder em Brasília, Marcos Valério diz guardar muitas lembranças. Algumas revelam a desenvoltura com que personagens centrais do mensalão transitavam no coração do governo Lula antes da eclosão do maior escândalo de corrupção da história política do país. Valério lembra das vezes em que Delúbio Soares, seu interlocutor frequente até a descoberta do esquema, participava de animados encontros à noite no Palácio da Alvorada, que não raro servia de pernoite para o ex-tesoureiro petista.

"O Delúbio dormia no Alvorada. Ele e a mulher dele iam jogar baralho com Lula à noite. Alguma vez isso ficou registrado lá dentro? Quando você quer encontrar (alguém), você encontra, e sem registro."

O operador do mensalão deixa transparecer que ele próprio foi a uma dessas reuniões noturnas no Alvorada. Sobre sua aproximação com o PT. Valério conta que, diferentemente do que os petistas dizem há sete anos, ele conheceu Delúbio durante a campanha de 2002. Quem apresentou a ele o petista foi Cristiano Paz. seu ex-sócio, que intermediava uma doação à campanha de Lula.

A primeira conversa foi em Belo Horizonte, dentro de um carro. a caminho do Aeroporto da Pampulha. Nessa ocasião, conta. Delúbio lhe pediu ajuda.

"Ele precisava de uma empresa para servir de espelho para pegar um dinheiro”. A parceria deu certo e desaguou no mensalão. Hoje, os dois estão no banco dos réus. Valério se sente injustiçado. Especialmente na pane da acusação que diz respeito ao desvio de recursos públicos do Banco do Brasil. Ele jura que esse dinheiro não caiu no caixa da corrupção.

"No processo tem todas as notas fiscais que comprovam que esse dinheiro foi gasto com publicidade. Não estou falando que não mereço um tapa na orelha. Não é isso. Concordo em ser condenado por aquilo que eu fiz.”

EMPRÉSTIMO
"O banco ia emprestar dinheiro para uma agência quebrada?"

Os ministros do STF já consideraram fraudulentos os empréstimos concedidos pelo Banco Rural às agências de publicidade que abasteceram o mensalão. Para Valério, a decisão do Rural de liberar o dinheiro — com garantias fajutas e José Genoino e Delúbio Soares como fiadores — não foi um favor a ele, mas ao governo Lula.

"Você acha que chegou lá o Marcos Valério com duas agências quebradas e pediu: "Me empresta aí 30 milhões de reais pra eu dar pro PT"? O que um dono de banco ia responder?"

Valério se lembra sempre de José Augusto Dumont, então presidente do Rural. "O Zé Augusto, que não era bobo. falou assim: "Pra você eu não empresto". Eu respondi: "Vai lá e conversa com o Delúbio". A partir daí a solução foi encaminhada. Os empréstimos, diz Valério, não existiriam sem o aval de Lula e Dirceu.

"Se você é um banqueiro, você nega um pedido do presidente da República"?

Foram essas mesmas credenciais palacianas, segundo ele, que lhe abriram as portas no Banco Central para interceder pela suspensão da liquidação extrajudicial do Banco Mercantil de Pernambuco, que interessava ao Rural. Valério foi destacado para cuidar do assunto em Brasília. Uma tarefa executada com todas as facilidades e privilégios. "Valério chegou lá no Banco Central e foi atendido. Você acha que o Banco Central receberia um imbecil qualquer, dono de uma agência de publicidade quebrada?"

"NOJENTO E VEXATÓRIO"
Entrevista com o ex-superintendente do Banco Rural em Brasília Lucas da Silva Roque.

Foto:Cristiano Mariz/Veja

Ex-superintendente do Banco Rural em Brasília, Lucas da Silva Roque foi um dos principais colaboradores nas investigações da Polícia Federal destinadas a desbaratar a quadrilha do mensalão.

Foi ele quem revelou onde estavam os recibos que mostraram quais políticos receberam dinheiro para votar com o governo Lula no Congresso.

Nesta entrevista, Roque conta que pagou um preço alto por agir de forma correta e relata um plano ambicioso urdido pela cúpula da instituição financeira em parceria com José Dirceu. Eles queriam montar um banco popular, do qual Rural e BMG seriam sócios, para conceder empréstimos consignados aos aposentados. Um negócio companheiro e bilionário.

Por que o senhor decidiu ajudar a polícia?

Não tinha nada a temer. Não entrei no jogo deles, não sou bandido. Fui mandado para a agência do Rural em Brasília para moralizá-la, porque ali estava uma bagunça. 0 que estava acontecendo no banco era acintoso, nojento e vexatório. 0 delegado disse que queria todos os documentos. Apontei onde estavam as caixas. Àquela altura, já estava tudo encaminhado para fazer sumir as provas, mandando-as de Brasília para Minas Gerais. Mostrei onde estavam os documentos e falei para o delegado que procurasse papéis também numa construtora, que servia de almoxarifado do banco.

Como a diretoria reagiu à sua colaboração com a PF?

Fui atacado de tudo quanto é jeito. Me colocaram em um porão que não era uma agência bancária, depois em uma loja de shopping que foi fechada por ser irregular. Pior, mandaram me avisar que eu estava proibido de aparecer na diretoria do banco. Isso foi em outubro de 2005. Virei a Geni. Fui demitido em agosto de 2010. Eu, minha esposa e meus filhos fomos achincalhados na rua como mensaleiros. Tive sérios problemas de saúde, perdi meu casamento.

O senhor tinha relação de proximidade com Marcos Valério. Ele disse a algumas pessoas que teve um encontro com Lula na Granja do Torto. Vários encontros. É verdade?

Sim, ele deixava para viajar para Belo Horizonte no sábado à noite para passar lá.

Levado por quem?

Delúbio Soares, Silvinho Pereira e José Dirceu.

Quais eram os planos da cúpula do Banco Rural e dos petistas?

Eles tinham um projeto de montar um banco popular com a CUT. Juntariam o Banco Rural, o BMG, a CUT. Era um projeto com capital de 1 bilhão de reais.

Quem capitaneava esse projeto?

Eram os bandidos do mensalão. Como o PT não tinha cultura bancária, o Rural e o BMG seriam sócios. Um banco privado com a participação da CUT, que direcionaria todos os beneficiários do INSS para tomar dinheiro em empréstimos consignados nessa instituição popular. Quando o mensalão estourou, o projeto foi abortado.