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13 de abr. de 2013

alocci: volta por cima, nos bastidores

BRASIL – Eleição 2014
Palocci: volta por cima, nos bastidores
Como tem operado o ex-ministro que depois de ser levado duas vezes ao ostracismo volta à cena política, convocado por Lula, com a missão de aproximar o governo de empresários e banqueiros. Ele está tão espaçoso que está até incomodando alguns setores do PT que inicialmente aprovaram suas intervenções.

Foto: Agência Brasil

Mesmo tendo se enredado em pelo menos duas vezes, em histórias pouco éticas, Palocci, ainda é o curinga de Lula

Postado por Toinho de Passira
Texto de Mário Simas Filho
, com a colaboração de Josie JerônimoFonte: IstoÉ

Logo depois do Carnaval, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu um recado de um diretor da Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – informando que diversos empresários estariam sendo seduzidos pelo discurso de um estado ágil, enxuto e menos intrometido apresentado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) em reuniões com pequenos grupos de industriais. Dias mais tarde, o ex-ministro José Dirceu relatou a Lula, durante um jantar em São Bernardo, uma crescente insatisfação do setor de logística com a gestão da presidenta Dilma Rousseff. Como conhece muito bem a força do empresariado em uma disputa presidencial, Lula resolveu trazer de volta ao tabuleiro um velho bombeiro, tarimbado na prática de apagar os incêndios que costumam colocar o setor produtivo e o PT em lados opostos: Antônio Palocci.

Na primeira semana de março, o ex-ministro, que estava havia quase dois anos longe dos holofotes e raramente mantinha contatos políticos, atendeu ao chamado de Lula. Foi ao Instituto Cidadania, QG lulista em São Paulo, e, depois de conversar por quase três horas com o ex-presidente e dois assessores, aceitou o desafio de mais uma vez aparar arestas entre o partido e os empresários. Palocci passou a fazer semanalmente avaliações da política econômica – tarefa também realizada pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo – e a participar de encontros reservados com empresários e banqueiros. A maioria das reuniões ocorre sem a presença de Lula. “Assim como atuou durante a campanha em 2002, Palocci é uma espécie de avalista da política econômica de Dilma junto ao empresariado”, disse à ISTOÉ um dos assessores de Lula presentes no encontro no Instituto Cidadania. Desde aquele dia, a participação política de Palocci vem aumentando, ainda que só nos bastidores.

Em 25 de março, o ex-ministro participou ao lado de Lula de um evento fechado no hotel Mercury, em São Paulo, onde foram discutidas a política de juros e a questão do crescimento da inflação e seus possíveis reflexos para a eleição do próximo ano. Também estavam presentes os professores Marco Aurélio Garcia e Luiz Dulci. O objetivo do encontro era buscar uma linguagem comum para a defesa do governo Dilma junto ao empresariado. Outra missão foi dada a Palocci logo na primeira semana de abril. Na sexta-feira 5, um grupo de empresários ligados à indústria de base se reuniu com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Na avaliação feita pelo governo o encontro foi péssimo e serviu apenas para que os empresários criticassem o governo e o que classificaram como “amarras impostas pelo estilo Dilma de administrar”. Na semana seguinte, Palocci entrou em campo. Por mais de três horas ele se reuniu com representantes da Abdib (Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base) para tentar aplacar o mal-estar. Segundo um dos presentes, durante o encontro Palocci chegou a adiantar a um grupo de empresários as medidas que o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, tomaria para investir no setor industrial ainda em 2013.

Foto: Agência Brasil

Mesmo tendo se enredado, mais de uma vez, em histórias cabeludas, Palocci, ainda é o curinga preferido de Lula

No PT, as novas movimentações de Palocci foram inicialmente aplaudidas. O presidente nacional do partido, deputado Rui Falcão, chegou a participar de alguns encontros com o ex-ministro e tem ciência de que Palocci é o melhor interlocutor petista do governo com a iniciativa privada. O problema é que, com o aval de Lula, nas últimas semanas o ex-ministro passou a avançar em outras áreas, o que tem incomodado alguns setores do partido. “Ele é o único que pode em pouco tempo reaproximar os empresários do governo”, disse um dos assessores do Instituto Cidadania a um prefeito petista na segunda-feira 8. “Mas o Lula precisa delimitar o espaço, porque Palocci é um trator”, completou. Na quarta-feira 3, durante sete horas o ex-ministro esteve reunido com Falcão, Lula e a presidenta Dilma no hotel Unique, em São Paulo. Na pauta estava a sucessão estadual e dois possíveis candidatos ao governo paulista participaram de parte do encontro: Aloyzio Mercadante, ministro da Educação, Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo. De acordo com um dos presentes, durante a reunião Lula pediu abertamente sugestões a Palocci para iniciar uma estratégia capaz de atrair banqueiros para o projeto petista em São Paulo. Em uma conversa reservada, porém, o ex-presidente teria pedido ao ex-ministro que sondasse junto aos banqueiros qual dos pré-candidatos petistas seria aceito com maior entusiasmo. Em 2010, apenas 7% dos recursos da campanha de Dilma vieram dos grandes bancos.

Essa é a terceira vez que Lula tira Palocci das fronteiras de Ribeirão Preto, no interior paulista, para lhe dar musculatura política e projeção nacional. Em 2002, quando a possibilidade de o ex-sindicalista chegar ao poder ainda assombrava as elites, Palocci foi um dos principais responsáveis pela carta aos brasileiros – documento que acalmou o empresariado, já que nela o PT e Lula se comprometiam a cumprir os contratos estabelecidos. Durante a campanha, o médico que militou em grupos de esquerda e que como prefeito promoveu uma gestão marcada pelas privatizações fez a interlocução com os empresários. No Ministério da Fazenda, Palocci conduziu uma política ortodoxa, impondo um arrocho capaz de fazer inveja a qualquer tucano. Era o homem mais poderoso da Esplanada dos Ministérios, mas caiu depois de flagrado em uma mansão de Brasília onde lobistas de Ribeirão Preto promoviam animadas festinhas. Para tentar se defender recorreu a um método pouco republicano: quebrou o sigilo bancário de um caseiro. Abatido, voltou para Ribeirão Preto e permaneceu na penumbra política até a eleição de 2010. Depois de escolher Dilma como candidata, Lula trouxe Palocci novamente à luz, para mais uma vez avalizar o PT junto à elite econômica e financeira. O sucesso da missão fez dele um poderoso ministro da Casa Civil e homem forte do governo. Em junho de 2011, menos de seis meses depois de retornar à corte, caiu novamente. Dessa vez por não conseguir explicar a multiplicação de seu patrimônio através de uma empresa privada de consultoria.

Com as novas atribuições, a empresa vem sendo tocada por um sobrinho do ex-ministro, André da Silva Palocci, e os negócios em Ribeirão Preto foram delegados a Galeno Amorim, um dos seus homens de confiança. De forma bem mais discreta do que as anteriores, Palocci parece estar pronto para agarrar a chance de começar uma terceira vida com dimensão nacional.


*Alteramos o título, acrescentamos subtítulo, fotos e legendas a publicação original

4 de nov. de 2012

Lula no seu labirinto, por Merval Pereira, para O Globo

BRASIL - Opinião
Lula no seu labirinto
“Com o depoimento de Marcos Valério ao Ministério Público Federal, abre-se a perspectiva de uma investigação sobre a participação do ex-presidente Lula nos episódios”.

Foto: Charge : HUMBERTO – Jornal do Commercio (PE) publicada originalmente em 27/07/2006

Postado por Toinho de Passira
Texto de Merval Pereira
Fonte: Blog do Merval

O julgamento do mensalão, que se encaminha para seu término com a definição das penas dos condenados depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter decidido que houve, sim, desvio de verba pública para a compra de apoios políticos, clareou o cenário para a discussão sobre se o ex-presidente Lula sabia ou não do que acontecia "entre quatro paredes” no Palácio do Planalto, o aspecto mais delicado politicamente desse processo.

Desde que estourou o escândalo do mensalão, em 2005, muitas vezes surgiu a insinuação de que o então presidente Lula sabia de toda a trama, como quando atribuiu-se ao próprio José Dirceu a afirmação, jamais desmentida, de que não fazia nada sem que Lula não autorizasse.

Nos últimos dias, entrevistas, declarações diretas ou atribuídas a participantes do esquema revelam novos detalhes, todos convergindo no sentido de afirmar que o ex-presidente Lula foi parte ativa do esquema do mensalão.

O publicitário Marcos Valério, em depoimento ao Ministério Público, acusou Lula de ser o responsável pelo esquema do mensalão e acrescentou no rol dos envolvidos não julgados nesse processo do STF o ex-ministro Antonio Palocci. Valério pede os benefícios da delação premiada, se diz ameaçado de morte e está pedindo sua inclusão no serviço de proteção às testemunhas.

Ex-mulher de Dirceu, Clara Becker disse à repórter do Estadão Débora Bergamasco que tanto ele quanto José Genoino “estão pagando pelo Lula”. E lançou a pergunta que está no ar há sete anos: “Ou você acha que o Lula não sabia das coisas, se é que houve alguma coisa errada? Eles assumiram os compromissos e estão se sacrificando.”

Difícil acreditar que a mulher que viveu com Carlos Henrique, a personna vivida por Dirceu no interior do Paraná, e que continua sua amiga, mãe de seu filho, o deputado federal Zeca Dirceu, fizesse uma declaração dessas sem conhecimento de causa e, sobretudo, sem a autorização do próprio.

A revista Veja tem em seu poder uma entrevista gravada em que o publicitário Marcos Valério diz que Lula é o verdadeiro chefe por trás do esquema do mensalão. Nessa entrevista, cujos detalhes mais importantes a revista publicou atribuindo a comentários de Valério com seus amigos, o publicitário fala da morte do prefeito Celso Daniel, episódio que também teria abordado no seu depoimento ao Ministério Público Federal.

Essa parte a revista ainda não revelou, pois considerou que se tratava de um assunto de que o publicitário não participou diretamente, sendo suas denúncias fruto do que ouviu dizer.

No próprio julgamento, o advogado Luiz Francisco Barbosa, que defende Roberto Jefferson, acusou o ex-presidente Lula de ser o verdadeiro mandante dos crimes. Ele se baseou na tese do “domínio do fato”, que levou o procurador-geral a acusar o ex-ministro José Dirceu como o “chefe da quadrilha”, e garantiu que os ministros envolvidos “eram apenas agentes de Lula”. A repercussão dessa denúncia só foi neutralizada devido à posição dúbia de Roberto Jefferson, que acusou e defendeu Lula ao longo desses sete anos.

Da mesma forma, o advogado Marcelo Leonardo, que defende Valério, apresentou um memorial afirmando que seu cliente foi o bode expiatório de um esquema que tinha outros líderes, insinuando que entre eles estava o ex-presidente Lula.

Com o depoimento de Marcos Valério ao Ministério Público Federal, abre-se a perspectiva de uma investigação sobre a participação do ex-presidente Lula nos episódios. Os partidos de oposição anunciaram uma representação na Procuradoria pedindo essa investigação, pois Lula, tendo sido o principal beneficiário do esquema criminoso, pode estar envolvido e “todos os brasileiros querem saber se ele teria sido o seu mandante também. Essa pergunta precisa de resposta”, na afirmação do presidente do PPS Roberto Freire.

O tema saiu da redoma que o protegia há sete anos e está colocado publicamente. Seria bom se o ex-presidente Lula viesse a público dar a sua versão dos fatos, em vez de querer negá-los. Mas teria que ser uma versão definitiva, com começo, meio e fim, e não as versões desencontradas que vem dando ao longo desse tempo, quando já vestiu a roupa de traído, já pediu desculpas “pelos graves erros cometidos”, já disse que se tratava de Caixa 2 e, por fim, prometeu provar que tudo não passara de uma “farsa” cujo objetivo final teria sido a sua deposição.
*Acrescentamos subtítulo e ilustração a publicação original

3 de nov. de 2012

Por que Marcos Valério entupigaita Lula?

Por que Marcos Valério entupigaita Lula?
Quando Marcos Valério fala ou ameaça falar, o ex-presidente Lula fica automaticamente aparvalhado, atarantado, embaraçado, perturbado, assombrado, atordoado, conturbado, embaralhado e encalistrado e sobretudo mudo.

Charge: Sponholz


Toinho de Passira

Diante dessas novas-velhas denúncias de Marcos Valério, podemos especular muitas coisas, além da obvia possibilidade de Marcos Valério ter realmente provas que o ex-presidente Lula participou do esquema do mensalão. Causa frisson, inicialmente, a atualização do tamanho do mensalão declarado pelo mineiro, como sendo de 350 milhões de reais, quase o triplo do que consta dos autos da ação penal 470, mais essa história de remessa de dinheiro para o exterior.

Não parece despropositado que a quadrilha do mensalão, mais alguns personagens não incluídas no processo, Lula e Palocci, certamente, tivesse aproveitado a dinheirama não contabilizada, que rolava no pedaço, para engordar contas bancárias secretas em paraísos fiscais, no exterior.

Vê-se aí porque Lula ficou tão à vontade ao lado do companheiro Paulo Salim Maluf.

Arrepia também o fato do homem forte do mensalão ter trazido o caso do Prefeito Celso Daniel à baila. O que sabe de revelador e que provas possui da misteriosa morte do homem que ia ser o tesoureiro de campanha de Lula? A família do morto afirma que ele morreu porque ia denunciar um esquema de corrupção que envolvia o presidente do partido José Dirceu.

Fique claro que estamos falando de declarações de um homem condenado desesperado e de reputação por demais duvidosa. Valério não merecia ser levado a sério, se não tivesse em determinado momento circulado com tanta desenvoltura pelos corredores e gabinetes do Palácio do Planalto, de mãos dadas com José Dirceu, Genoino e Delúbio Soares e se não provocasse um comportamento tão suspeito do nosso ex-presidente Lula.

Quando Valério fala Lula silencia. O tão falante Luís Inácio Lula da Silva encalistra diante das supostas acusações. Parece acuado, assustado e acovardado, sem um gesto público de indignação ou enfrentamento, enquanto sua reputação e honra são enlameadas. “Fala” por intermediários e através de notas lacônicas.

Depois de se contatar que esse bandido que se passa por publicitário, delinquiu em beneficio do Partido dos Trabalhadores, lamenta-se que esteja agora entupigaitando o ex-Presidente da Republica, Luís Inácio Lula da Silva.

2 de nov. de 2012

Marcos Valério põe mais m… no ventilador

BRASIL - Mensalão
Marcos Valério põe mais m… no ventilador
O boatos de que o operador do mensalão, Marcos Valério, até agora, o recordista em pena, 40 anos, na doseometria do STF, resolveu abrir o bico, como medo de morrer e na esperança de ter a penas abrandada. A cacicada do PT, Lula, Palocci & Cia, está se borrando e até recuaram, pelo menos por enquanto, da ideia de atacar as decisões do Supremo contra os companheiros mensaleiros.

Foto: Veja

O operador financeiro do mensalão já começou a falar o que sabe ao Ministério Público. Ele contou ao MP detalhes envolvendo o assassinato do prefeito Celso Daniel e avisou que há mais o que contar

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Estadão, Veja, Radar Online, Folha S. Paulo

Em sua edição desta semana, VEJA revela que Marcos Valério, o operador do mensalão, informou ao Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de um fax enviado à Corte em 22 de setembro, seu desejo de prestar novas declarações ao tribunal sobre o esquema. O empresário, cuja pena foi estipulada dias depois em mais de 40 anos de prisão, mencionou também a lei da delação premiada e a obrigatoriedade de as autoridades darem proteção a cidadãos que corram risco de vida. O fax foi encaminhado ao Ministério Público (MP) pelo presidente do STF, Carlos Ayres Britto.

Soube-se depois, que em seguida, Valério prestou novo depoimento ao MP. Uma reportagem na edição desta quinta-feira o jornal O Estado de S. Paulo informa alguns dos assuntos abordados pelo empresário durante a audiência, transformada em tomada de depoimento: Marcos Valério teria dito ao procurador aquilo que vinha dizendo em privado já havia algum tempo: que tem revelações importantes a fazer sobre o mensalão, inclusive sobre o verdadeiro papel do então presidente Lula no esquema. Valério diz ter como provar que Lula sabia de tudo.

O empresário conta, ainda, que pelo caixa do mensalão passaram 350 milhões de reais, muito mais do que o valor rastreado até agora pelos investigadores, e que figurões do PT ligados ao ex-presidente Lula se revezavam na missão de mantê-lo em silêncio com a promessa de impunidade — o que não aconteceu.

Segundo o jornal o encontro de Valério com o procurador-geral da República foi mais do que uma conversa preliminar de um condenado com o seu algoz na tentativa de negociar um acordo. Diz a reportagem que Valério chegou a prestar um depoimento formal, devidamente assinado por ele e por seu advogado.

De acordo com a publicação, Valério citou ainda, o do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, como outro envolvido no esquema e falou a respeito de outras remessas feitas ao exterior durante a vigência do esquema de corrupção, além das julgadas pelo Supremo.

No julgamento do mensalão, a Corte analisou vários pagamentos feitos a Duda Mendonça no exterior, e acabou absolvendo o publicitário. A íntegra do depoimento de Valério é mantida sob sigilo. Ao informar à Procuradoria já ter sido ameaçado de morte, o operador do mensalão citou o caso do assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, em São Paulo.

Semanas antes do depoimento, VEJA publicara em reportagem um resumo dos segredos do mensalão até então guardados por Valério. Entre eles, a revelação sobre o papel de protagonista de Lula no esquema. “Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos”, disse, referindo-se ao ex-tesoureiro petista Delúbio Soares e ao ex-chefe da Casa Civil José Dirceu.

Para dar mais informações ao MP, Valério pede sua inclusão no programa de proteção a testemunhas – acordo que, se aceito pela Procuradoria, poderia livrá-lo da cadeia.

As informações do empresário, contudo, são vistas com ressalvas pelo MP – afinal, suas promessas de contar tudo o que sabe são recorrentes, mas jamais foram cumpridas. Desde a descoberta do escândalo, Valério ameaça Lula e a cúpula do PT. De início, cobrou uma milionária compensação financeira em troca de seu silêncio. Com a proximidade do julgamento, interlocutores do ex-presidente prometeram ajudá-lo no STF. Não foi o que ocorreu.

Ainda segundo o jornal, procuradores avaliam que o novo depoimento pode ser apenas uma tentativa de Valério livrar-se da pena. Por isso as informações são mantidas sob sigilo. O Ministério Público vai analisar se abre ou não um novo processo para apurar as declarações de Valério. O Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, avalia também se inclui o empresário no sistema de proteção a testemunhas.

Foto: Rose Brasil/ABr

PALOCCI - Em 2006, no epicentro do escândalo do mensalão, o então ministro da Fazenda caiu no olho do furacão da crise política. Num depoimento à polícia e ao Ministério Público de São Paulo, o advogado Rogério Buratti, ex-secretário de Governo da primeira gestão de Palocci como prefeito de Ribeirão Preto (1993-1996), acusou-o de receber um mensalão de 50 000 reais de uma máfia de empresas que fraudavam licitações públicas de coleta de lixo em prefeituras de São Paulo e Minas Gerais.

Os fatos relatados por Buratti referem-se a eventos que precedem a chegada do PT ao governo federal. Mas VEJA teve acesso a documentos, e-mails e grampos telefônicos, colhidos pela Justiça em quase dois anos de investigação, que contêm indícios graves do envolvimento de Palocci, já ministro, com Buratti e sua turma.

O cadáver de Celso Daniel volta a assombrar o PT
As gravações legais, quase todas feitas pela interceptação de conversas de Buratti com empresários, mostram que o ex-assessor oferecia encontros com o ministro. Muitos deles, efetivamente, ocorreram. As conversas dão conta ainda de que integrantes da Máfia do Lixo resolviam seus problemas usando a própria estrutura do Ministério da Fazenda.

Há mais. Em um e-mail, Juscelino Dourado, então chefe-de-gabinete de Palocci, pede, em nome do "chefe", ajuda de Buratti para comprar um aparelho de espionagem telefônica. O suposto pagamento de um mensalão de 50.000 reais ao então prefeito Palocci, entre 2000 e 2002, teria sido recebido por Ralf Barquete, na ocasião secretário de Finanças de Ribeirão Preto. Este, por sua vez, "com a autorização de Palocci", segundo Buratti, repassava o dinheiro a Delúbio Soares, tesoureiro do PT.

CASO CELSO DANIEL - Prefeito de Santo André e coordenador da campanha de Lula, Celso Daniel foi sequestrado ao sair de uma churrascaria e morto em circunstâncias misteriosas em janeiro de 2002. O caso chocou o país. As investigações também: seguindo um estranho roteiro, a procura pelos assassinos esbarrava sempre em evidências de corrupção. E mais mortes. Sete pessoas ligadas ao crime morreram em circunstâncias também misteriosas, entre acusados, testemunhas, um agente funerário, um investigador e o legista do caso.

Conforme a versão da polícia, abraçada pelos petistas, Celso Daniel foi vítima de crime comum: extorsão mediante sequestro, seguido de morte. Já familiares afirmam desde o início do caso que a morte do prefeito é um crime político em torno de um esquema de propina em Santo André que era do conhecimento da cúpula petista. É também a tese do Ministério Público: desentendimentos sobre a partilha dos recursos teriam motivado o assassinato.

Diante dessas revelações Lula e o Partido dos Trabalhadores se fecha e emudece como se não fossem com eles. Mas é!

6 de jun. de 2011

Veja lança a última pá de cal sobre Palocci

BRASIL
Veja lança a última pá de cal sobre Palocci
A revista Veja dessa semana dá o tiro de misericórdia no moribundo Ministro Chefe da Casa Civil, do governo de Dilma Rousseff, que está sustentado apenas por um fio de barba de Lula. Acuado por indagações sobre seu enriquecimento repentino, coleciona desafetos inclusive no seu partido, dispostos a vê-lo longe do ministério. Mal acabou de dá explicações insatisfatória sobre como enriquecer sendo tesoureiro da campanha presidencial, tem que explicar agora porque mora de aluguel num apartamento que formalmente pertence a uma empresa de fachada (?)

Foto: Revista Veja
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A cabeça de Palocci mal se sustenta no corpo

Texto de Leonardo Coutinho
com reportagem de André Eler, Laura Diniz, Marcelo Sperandio e Igor Paulin
Fonte: Revista Veja

Peça-chave do governo Dilma Rousseff, o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, perdeu sustentação. Palocci entrou em parafuso há vinte dias, quando se descobriu que ele havia conciliado suas atividades como deputado, coordenador da campanha eleitoral da presidente da República e seu principal assessor com a de homem de negócios.

O ministro revelou sua, digamos, dupla militância depois que o jornal Folha de S.Paulo noticiou que, em 2010, ele havia comprado um apartamento de 500 metros quadrados nos Jardins, bairro nobre paulistano, por 6,6 milhões de reais e, no ano anterior, uma sala comercial na mesma região por 882 000 reais.

Com esses imóveis, o patrimônio pessoal de Palocci multiplicou-se 25 vezes desde 2006. Com um salário de 16500 reais como deputado, ele viu-se na contingência de ter de explicar tamanha evolução patrimonial.

O ministro informou ter prestado serviços de consultoria a empresas privadas - mas omitiu quais foram seus clientes e quanto eles lhe pagaram. Veio a público que esses trabalhos lhe renderam 20 milhões de reais em 2010, dos quais 10 milhões foram recebidos nos dois meses subsequentes à eleição presidencial.

Na semana passada, VEJA revelou mais um dado da vida particular do ministro que destoa de seu salário de homem público. Ele mora em São Paulo não no apartamento de 500 metros quadrados dos Jardins, mas em outro ainda maior: de 640 metros quadrados, em Moema, nas imediações do Parque do Ibirapuera, área igualmente nobre da cidade. A certidão desse imóvel, obtida por VEJA, mostra que ele pode ser uma fome de mais constrangimento para o ministro.

Ladeado por varandas, com quatro suítes, três salas, duas lareiras, churrasqueira e outros requintes, o apartamento serve à família de Palocci há quatro anos. Está avaliado em 4 milhões de reais.

O condomínio chega a 4600 reais e o IPTU a 2300 reais mensais. A assessoria do ministro informa que ele paga aluguel. Imobiliárias que administram as unidades vizinhas à de Palocci informam que o valor médio da locação naquele prédio é de 15000 reais.

De acordo com o 14° Ofício de Registro de Imóveis de São Paulo, o apartamento no qual Palocci mora pertence à Lion Franquia e Participações Ltda. Essa empresa, por sua vez, está registrada em nome de dois sócios: Dayvini Costa Nunes, com 99,5% das cotas, e Filipe Garcia dos Santos, com 0,5%. Começa aqui a estranha história do apartamento alugado por Palocci. Filipe Garcia dos Santos tem apenas 17 anos e somente foi emancipado no ano passado.

Dayvini, seu sócio majoritário, tem 23 anos, é representante comercial, mora em um casebre de fundos na periferia da cidade de Mauá, no ABC paulista. Ex-funcionário da prefeitura da cidade, comandada pelo petista Oswaldo Dias, já ganhou a vida como vendedor em uma loja de roupas e, hoje, sobrevive transportando videogames em seu carro, uma Saveiro comprada a sessenta prestações. Deve 400 reais a uma administradora de cartões de crédito, teve de abandonar o curso de administração por não conseguir pagar a mensalidade da faculdade e, agora, está sendo processado por essa instituição, que exige a quitação de 3200 reais. Tanto seu telefone fixo quanto o celular estão cortados por falta de pagamento.

Dayvini ganha 700 reais por mês e ainda é sustentado por sua mãe, uma professora da rede pública de ensino. Precisaria trabalhar sete meses, e não gastar um centavo sequer, para conseguir pagar um mês de condomínio no edifício onde mora Palocci.

Como pode, então, ser dono do imóvel?

A resposta é simples: Dayvini não passa de um laranja, termo utilizado em relação a pessoas que assumem como suas as propriedades de terceiros. Ou melhor, Dayvini é a árvore mais visível de um laranjal.

Na quinta-feira passada, ele conversou com VEJA em sua casa de 70 metros quadrados em Mauá (veja o quadro na pág. 72 e vídeo em VEJA.com). Mostrou-se surpreso ao ser confrontado com a informação de que é o dono formal do vistoso apartamento no qual mora o ministro.

"Nunca tive bem algum", disse ele na entrevista. Pelos documentos registrados em cartório, descobre-se que o nome de Dayvini começou a aparecer na escritura do imóvel em janeiro de 2008. Naquele mês, o representante comercial foi registrado como beneficiário de uma hipoteca no valor de 233450 reais, cuja garantia era o apartamento do Ibirapuera.

"Eu sou pobre. Como eles poderiam me dever?", indagou Dayvini, na quinta-feira. Em setembro de 2008, o imóvel foi transferido por doação à Lion Franquia e Participações Ltda. No dia 29 de dezembro do ano passado, quando Palocci já posava como homem forte do governo Dilma, Dayvini assumiu 99,5% das cotas da Lion Franquia e Participações.

Questionado por VEJA, o representante comercial garantiu que jamais recebeu um tostão de aluguel de Palocci. Na sexta-feira, porém, Dayvini telefonou para VEJA a fim de mudar a versão que havia contado no dia anterior. Ele não negou ser laranja da Lion, mas afirmou que o fez voluntariamente• para ajudar parentes.

"Eu quero tirar essas empresas do meu nome", disse. Em seguida, afirmou ter mentido na entrevista do dia anterior e explicou o motivo: "Esse problema envolve pessoas com quem eu não tenho como brigar. Não tenho como bater de frente com Palocci".

A cadeia de ilegalidades relacionadas ao apartamento onde reside o ministro da Casa Civil vai além da constituição de Dayvini como laranja da Lion Franquia e Participações. A empresa usou endereços falsos em todas as operações feitas nos últimos três anos. A Lion recebeu o apartamento onde mora Palocci em 2008, de um tal Gesmo Siqueira dos Santos, tio de Dayvini. Siqueira dos Santos responde a 35 processos por fraude de documentos, adulteração de combustível e sonegação fiscal. Uma mulher que trabalhou como empregada doméstica em sua casa foi usada como laranja em outras quatro empresas abertas por Siqueira Santos. O nome dela é sugestivo: Rosailde Laranjeira da Silva.

No caso da Lion Franquia e Participações, o sócio de Dayvini, o adolescente Filipe Garcia dos Santos, informou ao cartório de registro de imóveis um endereço residencial inexistente no Paraná. Na sede formal da Lion Franquia e Participações, na cidade de Salto, a 100 quilômetros da capital paulista, funciona uma loja de decoração. VEJA questionou o ministro Palocci, por meio de sua assessoria de imprensa, sobre o locador de imóvel do Ibirapuera, o valor do aluguel e a quem são feitos esses pagamentos. Não houve resposta.

Dê-se ao ministro o benefício da dúvida, pois ninguém que paga aluguel está obrigado a saber da idoneidade da pessoa física ou jurídica de quem aluga. Mas, dados o histórico e a posição de Palocci, é uma imprudência alugar o apartamento de uma empresa de fachada.

Não é a primeira vez que um trabalhador anônimo atravessa a carreira política do ministro da Casa Civil. Fiador da estabilidade econômica no primeiro governo Lula, principal interlocutor do empresariado entre os petistas e tido como hábil negociador político, Palocci perdeu o Ministério da Fazenda em 2006 por causa de uma casa em Brasília usada para encontros com prostitutas e negócios pouco republicanos.

Para desqualificar a principal testemunha de suas visitas à casa, ele envolveu-se na quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. No ambiente de impunidade que nodoa o Brasil. Palocci teve uma segunda chance para reconstruir sua carreira política. No mesmo ano, elegeu-se deputado federal. Em 2009, obteve o arquivamento dos processos resultantes de escândalos ocorridos em sua gestão na prefeitura da paulista Ribeirão Preto.

No mesmo ano, o Supremo Tribunal Federal o inocentou no caso do caseiro. Era tarde demais para que Palocci entrasse na lista dos presidenciáveis petistas, mas houve tempo suficiente para que ele assumisse, primeiro, a interlocução da então candidata Dilma com o empresariado - e, depois da eleição, encampasse também a representação política e boa parte da condução do novo governo.

Nessa função, Palocci amealhou mais adversários do que aliados. Representando a presidente, vetou a concessão de cargos federais aos expoentes da base governista. Há dez dias, chegou a trombar com o vice-presidente, o peemedebista Michel Temer. Em um telefonema desastroso, ameaçou demitir todos os indicados por Temer, se o PMDB não votasse contra o Código Florestal. O PMDB refutou a bravata.

A surpresa viria de seu próprio partido. No dia 27, o governador da Bahia, Jaques Wagner, se disse surpreso com o rendimento do consultor Palocci. Na semana passada, a senadora Gleisi Hoffmann (PR), mulher do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, acenou para o risco de a crise detonada por Palocci atingir o partido e o governo.

Na última quinta-feira, quatro integrantes da executiva da agremiação pediram a demissão imediata do chefe da Casa Civil. Entre os que cobraram a cabeça de Palocci, está até o secretário-geral do PT, Elói Pietá. O PT decidiu isolá-lo. "A crise não é do partido, é do governo", disse o deputado petista André Vargas (PR).

Dilma, sua chefe, e seu padrinho, o ex-presidente Luiz lnácio Lula da Silva, exigiram que ele apresentasse explicações imediatas. Na sexta-feira, ele tentou dá-las no Jornal Nacional. Ficaram longe de resolver o seu problema. E agora tem mais essa, do apartamento em São Paulo.


*Acrescentamos subtítulo, foto e legenda ao texto original

2 de jun. de 2011

OPINIÃO: Não tem solução - Dora Kramer

OPINIÃO
Não tem solução
“...Palocci: politicamente frágil, não pode fazer articulação política; moralmente baqueado, perdeu credibilidade para atuar na interlocução intra e extraministérios; na berlinda, não pode frequentar uma solenidade oficial sem que seja o foco de todas as atenções.”

Foto: Ricardo Stucker/PR

Lula e Palocci são unha e carne, comem no mesmo cocho e estão no mesmo barco.

Dora Kramer
Fonte: O Estado de S. Paulo - 02/06/2011

O ministro Antonio Palocci não tem mais como ficar no governo e quem diz isso não é a oposição. A esta provavelmente interessaria que ele ficasse na Casa Civil ao ponto de desgaste tão insustentável que se efetivasse o funcionamento de uma CPI.

Confirmada a convocação aprovada ontem na Comissão de Agricultura na Câmara, são quase nulas as chances de Palocci dar um show de convencimento. Não depois de tanta luta para se esconder. Derrubar a convocação, faltar? É pior.

Quem diz que Antonio Palocci não tem como ficar no governo é a situação. Aí entendida tanto quanto à posição dos governistas quanto ao agravamento das circunstâncias.

O exame dessas duas variantes resulta numa conclusão: a saída de Palocci da Casa Civil, e provavelmente da vida pública, no momento só depende da definição de quando e como ocorrerá o desfecho.

Pelo menos dois ministros já são vistos na cabeceira da pista para assumir a Casa Civil: Paulo Bernardo, das Comunicações, e José Eduardo Cardozo, da Justiça. Se a escolha realmente recairá sobre um dos dois, é algo ainda fora do campo de visão.

O que a paisagem nos mostra claramente é a perda de condições de Palocci de funcionar como o previsto pelo governo: politicamente frágil, não pode fazer articulação política; moralmente baqueado, perdeu credibilidade para atuar na interlocução intra e extraministérios; na berlinda, não pode frequentar uma solenidade oficial sem que seja o foco de todas as atenções.

Em resumo: toma, e de forma negativa, todo o espaço da cena. Tornou-se um problema quando era para ser uma solução. E para enfrentar um problema só há dois caminhos: resolvê-lo ou livrar-se dele.

A possibilidade de uma solução razoavelmente indolor ficou perdida neste quase um mês de carência de explicações e abundância de suspeições. Se o procurador-geral da República resolver abrir investigações, confirma-se a razão das suspeitas. Se não, a oposição ganha mais um argumento em favor da abertura da investigação parlamentar.

Pergunte-se a qualquer governista na posse plena de serenidade mental o motivo de Palocci não ter-se defendido e a resposta é uma só: não há explicação que não suscite novos e mais graves questionamentos.

Portanto, não há remédio. A respeito dessa sinuca falam os petistas que nos últimos dias resolveram compartilhar com o público suas impressões sobre o episódio e a falta de cerimônia dos demais partidos da base em manifestar suas opiniões.

Uma nítida sinalização de que não há mais o que salvar e, portanto, salve-se quem puder conseguir agora posição melhor na fotografia desse cenário adverso.

Quando uma defensora do governo como a senadora Gleisi Hoffmann aborda o afastamento do ministro durante uma reunião cujo conteúdo obviamente acabaria vindo a público, é de se imaginar que não se motive pelo mero desejo de ver o marido, Paulo Bernardo, como substituto dele na Casa Civil.

Além de não falar sozinha, a senadora não é tola nem primária.

A justificativa apresentada por ela ao alegar que o caso Palocci é "pessoal", e que no mensalão houve motivação coletiva, mais a informação do senador Eduardo Suplicy sobre uma consultoria de R$ 1 milhão, com taxa de sucesso para uma fusão de empresas, mostram que quanto mais se fala nesse episódio mais complicado fica.

Por isso, a cada dia se dilui a veemência das defesas, bem como na mesma proporção se animam os oportunistas a dar vazão aos seus baixos instintos.

O deputado Anthony Garotinho confere folclore ao chantagear o governo sabendo perfeitamente que o Planalto não pode mais resolver a questão no varejo e ao ironizar chamando as suspeitas que pesam sobre Palocci de "diamante de R$ 20 milhões". Sem maiores preocupações com detalhes como compostura e nome a zelar, diverte-se.

Em tese, a demissão de Palocci não deveria encerrar a questão, pois o caso em si do enriquecimento suspeito permanece em aberto. Mas, olhando as coisas sob o prisma do pragmatismo governamental, hoje o preço da retirada é o mais barato que o Planalto poderia conseguir para tirar o assunto de pauta.


*Acrescentamos subtítulo, foto e legenda ao texto original

OPINIÃO: Situação crítica - Merval Pereira

OPINIÃO
Situação crítica
"Enquanto Palocci não explica seu enriquecimento, boatos de todos os tipos circulam por Brasília, e a cada dia fica mais evidente que dentro do próprio PT cresce a tendência de considerar que ele está provocando mais problemas que soluções neste momento."

Charge: FRANK – Notícia (SC)

"A defesa obstinada de Palocci que o ex-presidente Lula fez, teria objetivo de proteger um nomeado seu, colocado por ele no setor mais estratégico do Ministério para tutelar o novo governo... "

Merval Pereira
Fonte: O Globo b- 02/06/11

Pode ser até que o governo consiga sustar a convocação do ministro Antonio Palocci, evitando assim que ele tenha que se explicar em uma comissão da Câmara. Mas, antes de ser uma solução, a reversão da decisão de uma instância da Câmara por ato de seu presidente eventualmente do PT pode colocar mais lenha na fogueira, aumentando a percepção de que alguma coisa muito grave está sendo escondida do distinto público.

O fato de a oposição ter conseguido abrir uma brecha na blindagem ao chefe da Casa Civil fala muito mais da divisão interna do governo do que propriamente da capacidade de atuação dos partidos oposicionistas, mesmo que se tenha que elogiar sua perseverança.

A situação é tão confusa que ninguém sabe exatamente onde começa o boicote a Palocci e onde termina a incompetência governista.

Sabe-se, por exemplo, que a senadora Gleisi Hoffmann, uma petista de alto coturno, sugeriu em conversa reservada da qual participou o ex-presidente Lula que as suspeitas contra o chefe da Casa Civil já estariam prejudicando o governo Dilma e que estava na hora de ele se explicar para não contaminar definitivamente o Planalto.

Se aliarmos a esse comentário o fato de que a senadora é casada com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que, segundo a boataria que corre solta em Brasília, poderia vir a ser o substituto de Palocci na Casa Civil, temos aí pelo menos uma bela intriga palaciana que terá desdobramentos futuros, seja qual for o resultado da blindagem de Palocci.

Do jeito que as coisas estão no momento, a defesa do chefe da Casa Civil parece ser a única salvação do governo Dilma, que sem ele não teria condições de existir nos próximos três anos e meio de mandato e ficaria "arrastando-se" até o final.

Esse raciocínio é simplesmente do ex-presidente Lula, que o desenvolveu nessas conversas dos últimos dias com aliados supostamente para proteger a presidente Dilma, e que na prática acabaram por piorar sua situação.

Como é difícil imaginar que Lula faça movimentos políticos sem medir suas consequências, é forçoso imaginar que ele tenha querido fixar a posição de comandante prioritário do governo, colocando a presidente em situação subalterna de maneira pensada.

Talvez o tenham incomodado as comparações que se faziam, sempre em benefício da novidade, entre o estilo sóbrio da presidente e sua maneira desabrida de fazer política.

A defesa obstinada de Palocci que o ex-presidente fez, sem medir as consequências para a presidente de direito, teria também o objetivo de proteger um nomeado seu, colocado por ele no setor mais estratégico do Ministério para tutelar o novo governo, juntamente com o seu ex-chefe de Gabinete Gilberto Carvalho, transferido para a Secretaria-Geral da Presidência.

Enquanto Palocci não explica seu enriquecimento, boatos de todos os tipos circulam por Brasília, e a cada dia fica mais evidente que dentro do próprio PT cresce a tendência de considerar que ele está provocando mais problemas que soluções neste momento.

O raciocínio que teria desenvolvido a senadora Gleisi é de que o escândalo do mensalão teria sido provocado por ações que favoreceriam o PT, enquanto o problema de Palocci seria de índole pessoal, o que retiraria do PT a obrigação de defendê-lo.

Há, porém, quem afirme que esse dinheirão todo que o chefe da Casa Civil arrecadou, sobretudo os milhões que entraram em sua conta nos últimos meses de campanha, na verdade, pelo menos em parte, teria destinação partidária, seja para financiamento da campanha presidencial, seja para a formação do Instituto Lula.

Essa seria uma explicação lógica para o ponto mais grave da acusação, a de que Palocci continuou a atuar como "consultor" mesmo depois de ter sido indicado coordenador da campanha de Dilma.

Se, no início da campanha, Palocci tivesse encerrado as atividades de sua "consultoria", coisa que só fez no final de 2010, quando Dilma já estava eleita, poderia hoje alegar que assim procedera para evitar conflitos de interesse diante da possibilidade de a candidata do PT ser eleita.

Mas, tendo continuado a operar duplamente durante toda a campanha e, mais que isso, tendo recebido o grosso do dinheiro depois da eleição, só faz crescer a suspeita de que o que sua "consultoria" vendia mesmo era tráfico de influência.

Essa suspeita que domina a opinião pública só será dissipada se o ainda chefe da Casa Civil conseguir, em depoimento no Congresso ou em entrevista, desmontar as insinuações, provando que nenhum de seus clientes teve favores do governo, deste ou do anterior.

Mas o pouco que se sabe hoje já dá para desconfiar de que alguma coisa próxima do tráfico de influência ocorreu.

O caso apresentado pela liderança do PSDB na Câmara é exemplar disso. A restituição pela Receita Federal à cliente de Palocci incorporadora WTorre, no valor de R$9,2 milhões, teria acontecido em prazo recorde - 44 dias - e ao mesmo tempo em que a empresa fez uma doação à campanha de Dilma.

O governo alegou que o pagamento foi feito por ordem judicial, mas não foi exatamente isso. A ordem judicial foi para que a Receita tomasse uma decisão sobre o caso, que estava parado na burocracia. Perguntado sobre por que então o governo não recorrera da "decisão judicial", a alegação burocrática foi de que a Receita perdera o prazo de recurso, o que seria no mínimo prevaricação.

A convocação da Câmara ocorre quando a Procuradoria Geral da República pede mais explicações a Palocci, considerando insuficientes as que ele mandara anteriormente.

O governo estava contando com decisão favorável ao ministro para hoje, o que esfriaria a crise. Ao contrário, o pedido de Roberto Gurgel, ao adiar a decisão por mais uma semana, aumenta a temperatura da crise e indica que, até o momento, as explicações de Palocci são insuficientes para impedir a abertura de um inquérito.


*Acrescentamos subtítulo, charge e legenda ao texto original

8 de fev. de 2011

Finalmente indicado o novo ministro do Supremo

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Finalmente indicado o novo ministro do Supremo
A CCJ (Comissão de Constituição, Justiça) do Senado deve analisar nesta quarta-feira (9) a indicação do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Luiz Fux para ocupar a vaga deixada por Eros Grau no STF (Supremo Tribunal Federal), onde ele será sabatinado pelos Senadores. Fux chega com a fama de ser durão com os bandidos e flexível em indenizar “vitimas” do regime militar. Tem amigos influentes e comprometedores, ninugém chega lá sem tê-los, com Antônio Palocci, seu padrinho federal ao cargo, e com Adriana Cabral, a mulher de Sérgio Cabral

Foto: José Cruz/ABr

Luiz Fux, ministro do STJ, vai ocupar, no STF, a vaga aberta desde agosto de 2010, quando Eros Grau se aposentou
Postado por Toinho de Passira
Fontes: 24 Horas News, Veja

O magistrado Luiz Fux, um dos mais influentes ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), passou a tarde da última terça-feira numa salinha do Ministério da Justiça, convocado às pressas pelo titular da pasta, José Eduardo Cardozo. Fux esperou uma hora. Duas horas. Três horas. Quatro horas. Até que finalmente Cardozo apareceu e o conduziu para a conversa particular com a presidente Dilma Rousseff na Granja do Tono, uma das residências oficiais.

"Estou encaminhando agora sua nomeação para o Supremo Tribunal Federal", comunicou secamente a presidente. Os dois nunca haviam se encontrado. O ministro não se incomodou com a ausência de amabilidades, muito menos com a espera: há cinco anos ele é candidatíssimo a uma vaga no Supremo. Menos de vime minutos depois, Fux voltava para casa como o 11º ministro do STF.

Quando se encerrarem as formalidades da sabatina à qual ele será submetido no Senado, provavelmente ainda nesta semana, Fux, de 57 anos, começará seu expediente no Supremo, pondo fim a uma penosa vacância na Corte - situação que chegou a estremecer as relações entre o governo e a cúpula do Judiciário.

Transcorreram seis meses entre a aposentadoria do ministro Eros Grau, em agosto, e a conversa de Dilma com Fux. Pode parecer pouco, mas, no relógio do Supremo, é uma eternidade. Os ministros do tribunal são sobrecarregados com um volume colossal de processos. Um ministro a menos significa mais pilhas de papéis para os demais e - pior - permite a ocorrência de empates nos julgamentos.

Foi precisamente o que aconteceu na discussão acerca da Lei da Ficha Limpa, em setembro. Discutiu-se ali, entre outros pontos, se a lei já valeria para as eleições que se aproximavam. Os ministros dividiram-se.

O empate levou o presidente da Corte, Cezar Peluso, a reclamar publicamente da ausência do 11º ministro. A irritação da maioria dos ministros do Supremo com o governo aumentou com a esdrúxula decisão do agora ex-presidente de negar a extradição do terrorista italiano Cesare Battisti - que, na prática, havia sido determinada pelo STF.

Fux chega ao Supremo com a missão de suavizar esses atritos recentes. Talvez seja o homem certo para isso. Sua nomeação foi recebida com alívio pelos ministros do STF, com júbilo pelos grandes advogados do país - mas com desânimo pelo Ministério Público.

Carioca, casado, dois filhos, torcedor do Fluminense e jeitão descolado, Fux é um sujeito de hábitos paradoxais. Ouve tanto música erudita quanto sertaneja, lê Freud, mas também obras de auto-ajuda, trabalha doze horas por dia, mas não abre mão da malhação diária muito menos da praia no fim de semana. A índole do novo ministro combina ambição, inteligência, vaidade e astúcia. As duas primeiras características garantiram a ele o primeiro lugar nos concursos da magistratura. As duas últimas o trouxeram a Brasília em 2001, quando conseguiu uma vaga no STJ. Na capital, Fux aprendeu rapidamente a se relacionar com os poderosos, estabelecendo uma preciosa rede de aliados, entre eles o ministro Antonio Palocci, atual chefe da Casa Civil, que deu o aval à sua nomeação.

Outro apoio político crucial veio do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Fux é amigo da advogada Adriana Cabral, mulher do governador do Rio. Em troca do apoio de Cabral, Fux se comprometeu a ajudar na nomeação do desembargador carioca Marco Aurélio Bellizze para o STJ. Bellizze é cunhado do advogado Regis Fichtner, chefe da Casa Civil do governador. Fux conhece bem o valor desse tipo de relação. Ele também fez muitos amigos na advocacia. E compadre do advogado Sérgio Bermudes, que emprega sua filha. O outro filho do novo ministro do STF também é do ramo. Aos 26 anos, é advogado e sócio de um grande escritório - que também atua no STJ. Fux afirma que sempre se declara impedido nas causas em que advogam o filho ou o amigo Bermudes.

No STJ reproduziu as ambivalências que o definem no campo pessoal. Ao mesmo tempo em que se mostrava um liberal, defendendo indenizações para esquerdistas perseguidos pela ditadura, revelava-se conservador nos processos criminais, nos quais era severamente crítico às investigações promovidas pelo Ministério Público. O ministro derrubava constantemente ações de improbidade, declarando, por exemplo, que autoridades só podem ser condenadas quando fica provado que houve má-fé - uma interpretação elástica e subjetiva da lei, o que, na prática, dificulta muito a punição do acusado.

Segundo comentário da VEJA "se mantiver essa postura, Fux provavelmente agradará a muita gente, num futuro próximo, no julgamento mais relevante da história do STF: o caso do mensalão'."Não é função de um ministro do Supremo, porém, agradar aos outros. Sua função é zelar pela Constituição. O novo ministro, segundo seus futuros colegas de corte, reúne as qualidades que o cargo exige."

20 de nov. de 2010

A Pocilga de Dilma

BRASIL
A Pocilga de Dilma
Dilma Rousseff, durante reunião do PT, chamou os principais coordenadores da sua campanha de “três porquinhos”, arrancou risos da platéia e dos porquinhos presentes. Ninguém se ofende em ser chamado de qualquer coisa pela presidente eleita. Todos querem chafurdar na lama do chiqueiro presidencial

Fotomontagem Toinho de Passira

Oinc, oinc, oinc...!

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Estadão, Ultimo Segundo, O Globo, Wikipedia

Ao participar de uma reunião do Diretório Nacional do PT, em Brasília, para comemorar a vitória, a presidente eleita, fez questão de chamar de “três porquinhos”, Antonio Palocci, José Eduardo Dutra e José Eduardo Cardozo, os principais coordenadores e escudeiros da sua campanha.

Na verdade esse era um adjetivo pejorativo, cunhado pelo PMDB, sobre os três, quando da briga por espaços junto à candidata, nos embates eleitorais. Agora virou um título honorífico, quando mencionando pela presidente eleita.

Existe um quarto porquinho, não citado: trata-se do leitão secreto José Dirceu, escondido no fundo da pocilga, oculto convenientemente, até agora, para não emporcalhar ainda mais o ambiente.

Diante de uma platéia de cerca de 200 petistas, entre eles quatro governadores, Dilma, como dona dos porcos, elogiou, agradeceu e até chorou enquanto o resto da porcalhada chafurdava comemorando na lama partidária.

A presidente eleita, Dilma Rousseff, aproveitou a presença dos petistas, para tentar passar um recado, insinuando que o partido tem que ter "maturidade" para ceder espaço na composição de governo.

Falava da previsível suja guerra fratricida entre PT e PMDB, os dois principais partidos de sustentação do seu futuro governo, digladiados em busca de acesso aos cofres públicos.

Na última semana, o vice Michel Temer, do PMDB, abandonou a sua satânica pele de pai de chiqueiro e assumiu a sua porção suína: junto outros partidos menores, ameaçou criar um “blocão”, que ficaria maior que o PT, marcando território, mijando nos aceiros da esplanada dos ministérios

”Nos últimos dias, líderes do PT também se mostraram preocupados com o espaço que o partido terá a partir de janeiro. Chegaram a falar em "direito adquirido" sobre os cochos, digo, ministério que atualmente comandam.”

Até Dilma parece estar levemente temerosa das reações partidárias quando do anuncio do seu ministério, acuada pela súcia suína esfomeada. Acabou pedindo compreensão dizendo “esperar que suas escolhas sejam respeitadas.”

Apesar de atéia, Dilma perdia seu precioso tempo, lançando perolas bíblicas, aos porcos: nos bastidores do chiqueiro, a disputa de poucos modos, em torno do ministerial cocho de lavagem, não arrefeceu, nem um pouco.

O pior é que os suinos Petistas e Peememdebista, além do confronto direto, pela posse territorial do grupo, também competem entre si. Afinal, é da índole dos porcos, cheirar mal, gostam de viver na sujeira e ser muito pouco educados quando lhes são servidas as refeições.

A presidente eleita Dilma Rousseff, porém, parece à vontade nesse ambiente de pocilga: afinal, por conspiração do cosmo, ao nasceu em dezembro 1947, foi sacramentada, como uma porca, pelo milenar horóscopo chinês.

Foto: Autor desconhecido

“...Não lanceis as vossas pérolas aos porcos...” (Bíblia: Mateus 7:6)