Mostrando postagens com marcador Geraldo Alckmin. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Geraldo Alckmin. Mostrar todas as postagens

17 de ago. de 2013

O inferno de Cabral, de Ruy Fabiano

BRASIL – Opinião
O inferno de Cabral
O quê ou quem fez os eleitores do Rio e depois de São Paulo rebelarem-se de forma tão virulenta contra os seus governadores? Por acaso, dois estados onde o PT sempre sonhou, sem conseguir, estender os seus domínios

Foto: Facebook

São militantes. Com estratégia e método, acionam quando julgam necessário milícias ninjas para agravar a intimidação. Até em São Paulo, tem gente pedindo a saída de Cabral. Pode?

Postado por Toinho de Passira
Texto de Ruy Fabiano
Fontes: Blog do Noblat

O naufrágio político do governador Sérgio Cabral é um desses enigmas transparentes da política brasileira.

Como alguém que, há três anos, foi reeleito no primeiro turno, com o maior percentual de votos dado a um governador naquela eleição – 66,06% - pode desabar dessa maneira?

Em questão de semanas, saiu do paraíso da popularidade para o inferno da rejeição pública, sem escalas. Sitiado em sua própria casa, não desfruta sequer da solidariedade dos vizinhos.

Não pode sair de casa e seu direito constitucional de ir e vir está suspenso. Os grupos de manifestantes organizados, postados dia e noite em frente a seu edifício no Leblon, querem o seu impeachment – nada menos. Um impeachment imposto pela “voz das ruas”, figura inédita no Direito brasileiro.

Voltemos ao enigma: que aconteceu de diferente entre o primeiro mandato, que gerou o triunfo espetacular da reeleição, e o segundo? A rigor, nada. O Cabral anterior era o mesmo de agora: fazia, dizia e apoiava as mesmas coisas, cercava-se das mesmas pessoas, dos mesmos auxiliares.

Era apoiado por Lula – e consequentemente pelo PT, o que explica os números triunfais de sua reeleição, num estado que sempre tratou o ex-presidente com pompa e circunstância.

Foi alçado à categoria de estadista quando da implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) em algumas favelas cariocas (ainda que sem prender nenhum bandido).

Seu fraco por mordomias, que não começou agora, não gerou antes as reações indignadas em curso. Ao contrário, ninguém lembrou delas durante a campanha eleitoral.

Por que então o drástico e traumático rompimento com a opinião pública? A chave evidentemente está no processo sucessório. O PT quer o cargo e o PMDB de Cabral não quer entregá-lo. Há um acordo, selado com Lula e Dilma, de que o partido continuaria a ter apoio do PT para a sucessão de Cabral, que apoia seu vice, Pezão.

Com a popularidade anterior, Cabral não apenas elegeria Pezão, como voltaria sem dificuldades ao Senado. Hoje, nem sai de casa - e, quando sai, não sabe se volta. Pezão já deve estar procurando outro emprego.

O cenário dá a medida da facilidade com que se constroem e destroem reputações, nestes tempos de facebook e twitter, que o PT aprendeu a manejar com maestria, aparelhando blogues e sites, internet afora, com o apoio de numerosas ONGs, sustentadas por verbas públicas, como a notória Fora do Eixo.

O simples fato de ser possível concentrar diuturnamente dezenas e dezenas de pessoas na frente de um prédio – com celulares de última geração e roupas de grife – mostra que não se trata exatamente de povo os que lhe fazem campana.

São militantes. Com estratégia e método, acionam quando julgam necessário milícias ninjas para agravar a intimidação. Não faço a defesa de Cabral, até porque não voto no Rio e esse não é um texto ad hominem. Estranho, no entanto, quando vejo ex-entusiastas seus – e que o eram até poucos meses atrás – pedindo o seu impeachment e sitiando-o em casa, sem que nesse período nada de diferente tenha ele praticado.

O mesmo se dá em relação ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB, cujo prestígio foi atestado no início de junho, em pesquisa do Datafolha. Segundo ela, Alckmin seria reeleito governador de São Paulo e bateria o próprio Lula por larga margem: 42% a 26%. Em confronto com outros nomes do petismo, se reelegeria no primeiro turno, oscilando de 50% a 52%.

Por (digamos assim) coincidência, na mesma semana começaram em São Paulo os atos do Movimento Passe Livre, que desembocaram em sucessivas manifestações, que se estenderam por todo o país – e se mantêm até hoje, naquela capital, focadas, confessadamente, na figura do governador, em pleno processo de desconstrução. Também ali se quer o impeachment no grito.

Não há dúvidas de que, em ambos os estados, não faltam razões para que o contribuinte proteste. Mas os problemas não começaram em junho. Os dois governadores e suas respectivas administrações não eram diferentes antes do que são agora.

O que é evidente é que as justas e difusas indignações da população brasileira com a classe política estão sendo manipuladas, fulanizadas e direcionadas contra os adversários do PT – ele, de resto, há uma década no poder, responsável maior pelo desconcerto geral que deu recheio às manifestações.
Ruy Fabiano é jornalista.
*Acrescentamos subtítulo, foto e legenda a publicação original

2 de nov. de 2012

O que está por trás dos atentados do PCC em São Paulo

BRASIL - Violência
O que está por trás dos atentados do PCC em São Paulo
Reportagem de VEJA desta semana explica razões para onda de assassinatos que já vitimou 88 policiais. E por que os criminosos devem recuar em breve

Foto: Clayton de Souza/Estadão

A ROTA NA RUA - Na favela São Remo, em São Paulo, policiais buscam bandidos que mataram um PM da tropa de elite

Postado por Toinho de Passira
Texto de Laura Diniz, para a Veja
Fonte: Veja

A guerra velada que estourou entre policiais e criminosos nas últimas semanas em São Paulo tem origem em duas mudanças. A primeira foi a troca de comando na Secretaria de Segurança Pública paulista, em março de 2009. Ao assumir a pasta, o ex-promotor de Justiça e ex-oficial da Polícia Militar Antonio Ferreira Pinto fez uma faxina na cúpula da Polícia Civil, então às voltas com escândalos de corrupção, e definiu o combate ao crime organizado como uma de suas prioridades. Para isso, integrou os vários departamentos de inteligência - o da polícia Civil, o da Militar e o da Secretaria de Administração Penitenciária, que monitora os presos - e elegeu a Rota como a tropa que o ajudaria a efetivar seu plano. Grupo de elite da PM paulista, a Rota não tem uma região de atuação específica - então, pode ser acionada para agir em determinado crime ou para executar operações previamente planejadas. Sua primeira operação sob o comando de Ferreira Pinto, em abril de 2009, resultou na prisão de dezoito bandidos da facção criminosa PCC. Assim como a escolha de Ferreira Pinto para o comando da secretaria, a união de esforços entre as polícias foi uma mudança positiva - aumentou a eficiência da repressão ao crime em geral e às ações do PCC em particular. Mas cobrou o seu preço.

Da parte da Rota, houve comprovados abusos, como na operação feita em maio deste ano em uma favela na Zona Leste de São Paulo. Nela, um criminoso do PCC, já rendido, foi executado às margens da Rodovia Ayrton Senna, conforme investigação da polícia (os policiais acusados pelo crime estão presos). O episódio serviu de pretexto para que lideranças menores do PCC ordenassem a matança de policiais. "Se for executado um (integrante do bando) será executado 2 policial (sic)", dizia um dos bilhetes vindos de criminosos que passaram a circular em favelas da Zona Sul de São Paulo. Numa delas, a de Paraisópolis, a polícia encontrou na semana passada um conjunto de papéis supostamente pertencentes ao PCC. Eles incluíam uma lista com o nome e a rotina de quarenta policiais, prováveis alvos do bando.

Até agora, as investigações apontam que os maiores líderes do PCC, como o detento Marcos Willians Camacho, o Marcola, não têm envolvimento nos crimes. Há tempos a facção criminosa deixou em segundo plano a prática de extorquir presos para se dedicar à muito mais lucrativa atividade do tráfico de drogas. Marcola e companhia sabem que o tumulto prejudica os negócios. E reside aí a certeza de especialistas de que a onda de assassinatos de policiais está prestes a ceder. O PCC visa ao lucro. A guerra traz prejuízo. Sendo assim, em breve seus líderes deverão ordenar um recuo. A polícia, mesmo tendo perdido 88 dos seus desde o início do ano, não fará o mesmo.

Ministério da Justiça levou quatro meses
para responder a pedido de recursos do governo de SP

Ofício, cuja data foi preenchida à mão, foi enviado a SP somente na última terça-feira

Foto: Marcio Fernandes/AE

José Eduardo Cardozo, Ministro da Justiça

Fonte:Veja

O Ministério da Justiça levou quatro meses para responder a um pedido de recursos do governo de SP que visava a reforçar o aparato de segurança do estado. Como revelou o colunista Reinaldo Azevedo, um ofício que pedia colaboração e detalhava os programas em que o dinheiro seria aplicado foi entregue pelo secretário de Segurança Pública Antonio Ferreira Pinto ao ministro da Justiça José Eduardo Cardozo em 29 de junho de 2012.

A lista reúne 17 programas, com valor total de R$ 149 milhões. Esse documento oficial não obteve resposta do ministério até a noite de terça-feira, com a publicação de uma nota no site do órgão e o envio de um ofício pelas vias burocráticas ao governador Geraldo Alckmin.

O mesmo documento, com data escrita à mão, foi enviado por fax às 16h40 desta quarta-feira a São Paulo. Seria uma negociação corriqueira entre esferas da administração pública não fosse a maneira como o ministro Cardozo abordou nesta semana o cenário de aumento de criminalidade observado em São Paulo nos últimos quinze dias: em declarações à imprensa ele afirmou que o estado estava fechado à colaboração com o governo federal. Em outras palavras, o ministro deu uma resposta política, imprecisa – e atrasada – a uma demanda legítima que havia sido endereçada por vias formais.

Em entrevista ao site de VEJA, nesta quarta-feira, depois que o ofício paulista veio a público, Cardozo abordou a questão do pedido de verbas. “O tempo inteiro, o que São Paulo sempre nos pede são recursos financeiros. Temos o entendimento de que o recurso financeiro é liberado em cima de projetos pactuados, especialmente quando temos estados que têm recursos próprios para a área de segurança pública”, disse ele. O argumento não invalida o fato de que o condicionamento do repasse de recursos à formulação de um plano de atuação conjunta só foi oficializado pelo ministério nesta quarta-feira.

O ministro também afirmou ter feito diversos “acenos” à gestão Alckmin, propondo ajuda para conter a "crise de segurança" no estado. Esse argumento também desconsidera que a onda de crimes é recente e que São Paulo continua sendo um dos estados com menor número de assassinatos por habitantes do país.

A proposta enviada por fax nesta quarta-feira fala em estabelecer um plano de ação para troca de inteligência entre as polícias. Sugere ainda disponibilizar vagas em presídios federais para criminosos – o que não é urgência para o estado.