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23 de out. de 2014

Dilma e Lula sabiam de tudo, diz o doleiro Alberto Youssef à Polícia Federal

BRASIL – Corrupção - Eleição 2014 - 2º Turno
Dilma e Lula sabiam de tudo,
diz o doleiro Alberto Youssef à Polícia Federal
Em depoimento prestado na última terça-feira, o doleiro que atuava como banco clandestino do petrolão implica a presidente e seu antecessor no esquema de corrupção

Detalhe da Capa de Veja desta semana

Não foi surpresa para ninguém as declarações comprometedoras do doleiro

Postado por Toinho de Passira
Reportagem de Robson Bonin, para a Veja
Fonte: Veja

Na última terça-feira, o doleiro Alberto Youssef entrou na sala de interrogatórios da Polícia Federal em Curitiba para prestar mais um depoimento em seu processo de delação premiada. Como faz desde o dia 29 de setembro, sentou-se ao lado de seu advogado, pôs os braços sobre a mesa, olhou para a câmera posicionada à sua frente e se colocou à disposição das autoridades para contar tudo o que fez, viu e ouviu enquanto comandou um esquema de lavagem de dinheiro suspeito de movimentar 10 bilhões de reais.

A temporada na cadeia produziu mudanças profundas em Youssef. Encarcerado desde março, o doleiro está bem mais magro, tem o rosto pálido, o cabelo raspado e não cultiva mais a barba.

O estado de espírito também é outro. Antes afeito às sombras e ao silêncio, Youssef mostra desassombro para denunciar, apontar e distribuir responsabilidades na camarilha que assaltou durante quase uma década os cofres da Petrobras.

Com a autoridade de quem atuava como o banco clandestino do esquema, ele adicionou novos personagens à trama criminosa, que agora atinge o topo da República. Perguntado sobre o nível de comprometimento de autoridades no esquema de corrupção na Petrobras, o doleiro foi taxativo:

— O Planalto sabia de tudo!

— Mas quem no Planalto?, perguntou o delegado.

— Lula e Dilma, respondeu o doleiro.

Os detalhes do depoimento que Alberto Youssef prestou às autoridades estão na Edição de Veja dessa semana.

9 de out. de 2014

Ex-contadora de doleiro diz ter repassado dinheiro para pagar multa do mensalão

BRASIL - Corrupção
Ex-contadora de doleiro diz ter repassado dinheiro para pagar multa do mensalão
Meire Poza afirmou à CPI mista que investiga a estatal que visitou jornalista durante três meses para pegar dinheiro que seria usado para Enivaldo Quadrado quitar sua dívida com a Justiça. Como Dirceu e Genoíno, pagaram as suas multas na condenação do mensalão, supostamente "com doações" da companheirada, fica a suspeita de que eles se beneficiaram do mesmo esquema

Foto:Geraldo Magela/Agência Senado

Meire afirmou que pegou os recursos diretamente no portão da casa do jornalista Breno Altman

Postado por Toinho de Passira
Fonte: Estadão

A contadora Meire Poza confessou nesta quarta-feira, 8, em depoimento à CPI mista da Petrobrás, ter repassado dinheiro para pagar a multa de um condenado no processo do mensalão.

Ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire disse que foi à residência do jornalista Breno Altman durante três meses para pegar em cada oportunidade R$ 15 mil em dinheiro vivo. Esses recursos eram entregues, segundo ela, para o sócio da corretora Bônus Banval Enivaldo Quadrado, que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro.

Quadrado foi punido pelo STF à pena de três anos e seis meses de prisão e a uma multa de R$ 28,6 mil, à época da condenação em 2012 e cjo valor foi atualizado posteriormente. Meire disse que os recursos serviram para pagar a multa do sócio da corretora Bônus Banval.

A contadora afirmou que pegou os recursos em espécie no portão da casa do jornalista nos meses de maio, junho e julho deste ano. "Em relação a esses R$ 15 mil, ele (Breno Altman) dizia que o PT estava pagando a multa do mensalão", afirmou ela, inicialmente, em resposta a pergunta feita pelo líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR).

Posteriormente, contudo, Meire disse, em resposta a questionamento feito pelo deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), que o jornalista não sabia o origem do recurso. Como fala na qualidade de depoente, ela não pode mentir à CPI. Se o fizer, pode ser processada por crime de perjúrio e sair presa do depoimento.

A ex-contadora de Youssef afirmou que a pena de Enivaldo Quadrado foi convertida em prestação de serviços à comunidade, a qual ele começou a cumprir a partir de maio deste ano em Assis (SP). Foi por isso que, segundo Meire, Quadrado pediu a ela para que buscasse esses valores na casa de Altman em São Paulo para levá-lo a ele, em Assis.

Meire disse que conhecia Quadrado desde 2009, na época em que ele trabalhava em uma corretora de valores. Ela destacou que dividia com Quadrado metade dos 7% que cobrava de comissão para a emissão dos R$ 7 milhões em notas frias. Em valores, isso dava R$ 122.500 para cada um. Segundo ela, foi Enivaldo Quadrado quem a apresentou a Youssef e, como Quadrado vivia em dificuldades financeiras, ela o ajudava e se considerava uma "espécie" de sócia dele.

Após a confissão da ex-contadora de Youssef, Domingos Sávio disse que a multa do mensalão foi paga com "dinheiro do petrolão". O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) fez questão de mostrar, durante o depoimento de Meire, uma foto do seu tablet em que Breno Altman está ao lado do ex-ministro José Dirceu, também condenado no mensalão.

O líder do PPS na Câmara apresentou requerimento para convocar Altman, para depor em uma futura sessão administrativa da CPI.

Foto: Reprodução

José Dirceu acompanhado do jornalista Breno Altman

Lembram daquelas "doações" feitas pelos "amigos" para ajudar os mensaleiros, entre eles José Dirceu e José Genoíno? Provavelmente era dinheiro desse esmo mesmo esquema que pagou a multa de Quadrado.

23 de set. de 2014

Deputada Federal, filha do ex-deputado Pedro Correia, nomeou amante do doleiro Youssef para sua assessoria

BRASIL - Corrupção
Deputada Federal, filha do ex-deputado Pedro Correia, nomeou amante do doleiro Youssef para sua assessoria
A nomeada, Taiana de Sousa Camargo, ganhava mas nem precisava dar expediente em Brasília: “trabalhava” em São Paulo, onde Youssef vivia até ser preso pela Polícia Federal, como um dos procurados pela Operação Lava Jato

Foto: Agência Câmara

Deputada Aline Correa é amiga do doleiro Youssef

Postado por Toinho de Passira
Texto de ……………. …
Fontes: Diário do Podere, Veja, Diario de Pernambuco, Estadão

A deputada Aline Corrêa (PP-SP), filha do ex-deputado mensaleiro e presidiário Pedro Corrêa, nomeou como assessora parlamentar uma amante do doleiro Alberto Youssef, segundo reportagem de Andreza Matais para o jornal O Estado de S. Paulo.

E nem precisava dar expediente em Brasília: “trabalhava” em São Paulo, onde Youssef vivia até ser preso pela Polícia Federal, na Operação Lava Jato.

A quebra do sigilo telefônico de Youssef pela CPI mista da Petrobrás revelou a proximidade da ex-assessora parlamentar com o doleiro. Entre 2010 e 2013 há o registro de 10.222 telefonemas entre os dois, uma média de sete contatos por dia.

”Nós tínhamos uma relação extraconjugal. Então, namorado conversa muito mesmo”, diz Taiana.

A nomeada, Taiana de Sousa Camargo, confirma que foi apresentada à deputada por Youssef:

”Ele me apresentou e pediu que me arrumasse um emprego. O Alberto era amigo do pai da deputada, conhecia toda a família”.

Ela ganhava R$ 1.690 por mês entre 2010 e 2013. A deputada amiga do megadoleiro recebeu R$ 350 mil de doação na sua campanha de 2010 a partir de uma solicitação de Youssef, preso acusado de vários crimes, entre eles um esquema de corrupção envolvendo a Petrobrás.

Taiana foi intimada a depor no inquérito da Lava Jato, mas a data ainda não foi agendada.

No processo consta que ela ganhou dois apartamentos em bairros nobres de São Paulo e três restaurantes de presente para ela. Taiana afirmou que ganhou os bens de presente. A quebra de sigilo telefônico de Youssef também mostra mais de três mil conversas do doleiro com sua mulher, Joana Darc Fernandes Youssef. Entre 2010 e 2013 foram 3.247 chamadas.

Foto: Arquivo

Ex-deputado Pedro Correa chegando a Penitenciária de Canhotinho, PE, para cumprir pena,
usando um casaco para não deixar as algemas visiveis.

Pedro Correa, o ex-deputado, pai da deputada Aline Correa, presidia o PP e tinha o mandato de deputado federal por Pernambuco, quando se descobriu que era um dos líderes mensaleiros da legenda. Autorizou um ex-assessor do partido, João Cláudio Genu a sacar 700.000 reais das contas de Marcos Valério.e tinha o mandato de deputado federal por Pernambuco, e tinha o mandato de deputado federal por Pernambuco.

Foi cassado pela Câmara Federal, em 2005. No auge da crise, afastou-se do comando do PP, mas foi reconduzido à executiva nacional da legenda. Ainda não recuperou seus direitos políticos, mas conseguiu eleger a filha, Aline Corrêa, deputada federal, com a ajuda do seu grande amigo e parceiro, o ficha suja Paulo Salim Maluf.

Durante o julgamento do mensalão, em setembro de 2012, foi condenado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Pelos crimes, recebeu pena de 7 anos e 2 meses de prisão, além de multa no valor de 1,13 milhão de reais. Teve a prisão decretada em 5 de dezembro de 2013, e se entregou à Polícia Federal no mesmo dia. Está preso na penitenciária de Canhotinho, interior de Pernambuco e exerce a função de médico, na condição de prisioneiro do semi-aberto, no interior da própria penitenciária.

22 de set. de 2014

Alberto Youssef, doleiro da Petrobras, enviou R$ 1 bilhão para o exterior, através de empresas de fachada

BRASIL - Corrupção
Alberto Youssef, doleiro da Petrobras, enviou R$ 1 bilhão para o exterior, através de empresas de fachada
Dinheiro saiu do país por meio de 3 mil operações cambiais fictícias com instituições financeiras de 24 países.E, segundo a Justiça Federal, isso foi apenas parte do movimento de propinas pagas no circuito de fornecedores de bens e serviços da Petrobras.

Foto:Guga Matos/JC

Refinaria Abreu e Lima custou US$ 20,1 bilhões, 9 vezes mais do que o previsto

Postado por Toinho de Passira
Texto de José Casado
Fonte:  O Globo

A primavera de 2010 começou promissora para os negócios no segundo andar do 778 da rua Renato Paes de Barros, bairro do Itaim, zona sul de São Paulo. Depois do almoço de terça-feira 21 de setembro, a caixa postal de paulogoia58@hotmail.com recebeu mensagem confirmando quatro remessas para contas no exterior. Somavam US$ 2,7 milhões. O e-mail era assinado por Ann Smith, que anunciava em tom cordial: "Amanhã vou te visitar, abs".

Nada mal para um ex-presidiário. Aos 43 anos, Alberto Youssef estava cada dia mais distante da vida pobre em Londrina (PR). Filho de imigrante libanês e brasileira, construiu com habilidade no mercado de câmbio paralelo um acesso ao lucrativo submundo de negócios de empresários e políticos. No final dos anos 90 fora flagrado em traficâncias de recursos do banco estatal do Paraná (Banestado) para campanhas eleitorais. Amargou meses na cadeia, fez um acordo de delação premiada e saiu da prisão em 2003.

Fora das grades se associou ao deputado federal José Mohamed Janene, de Londrina, líder da bancada do PP na Câmara. Janene personificava promessa de lucros com imunidade — administrava o caixa 2 do partido, na época recheado por US$ 2 milhões repassados pelo operador do mensalão, Marcos Valério.

Além disso, integrava o condomínio de líderes partidários que partilhava o controle das áreas-chave das empresas estatais no governo Lula. Seu patrocínio, por exemplo, foi decisivo para Lula promover o então gerente Paulo Roberto Costa à diretoria de Abastecimento da Petrobras, com poder de influenciar contratos da estatal no aluguel de navios e plataformas marítimas, na manutenção de gasodutos e na construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A refinaria deve ser inaugurada em novembro, ao custo de US$ 20,1 bilhões, nove vezes mais que o previsto.

Janene, cardiopata, morreu indiciado no processo do mensalão, antes da sentença. Quando foi enterrado no Cemitério Islâmico de Londrina, na terça-feira 14 de setembro de 2010, seus negócios com Costa e Youssef já estavam fracionados entre caciques do PP, do PT e do PMDB. Todos enriqueciam rapidamente. Youssef até planejou a compra simultânea de um avião e de uma mansão em São Paulo. Numa de suas caixas postais (paulogoia58@hotmail.com) encontraram-se evidências de negociações para a aquisição de um Lear Jet, por U$ 6,9 milhões, e de uma cobertura de 405 metros quadrados em Vila Nova Conceição, valorizado bairro paulistano.

A dimensão de seus negócios surpreendeu peritos e promotores federais. Ele fez transferências ilegais de US$ 444,6 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) do Brasil para contas em instituições financeiras de 24 países (China, Hong Kong, EUA, Coreia, Malásia, Nova Zelândia, Formosa/Taiwan, Reino Unido, Costa Rica, Cingapura, Bélgica, Holanda, Índia, Uruguai, Itália, Ucrânia, Liechtenstein, Costa Rica, Suíça, Espanha, Alemanha, Panamá, Paraguai e Canadá). Para comparação, esse valor é equivalente ao custo do novo Maracanã.

O dinheiro saiu do país sob o disfarce de contratos de comércio exterior. Foram 3.649 operações fictícias, realizadas por seis das suas empresas de fachada — três de informática e três de química. E, segundo a Justiça Federal, isso foi apenas parte do movimento de propinas pagas no circuito de fornecedores de bens e serviços da Petrobras.

Durou cerca de 50 meses, de 2008 até março passado quando Youssef, Paulo Roberto Costa e mais duas dezenas de colaboradores foram presos.

Foto: Veja

Alberto Youssef enquanto esteve solto, ele administrou mais de cinco dezenas de empresas de fachada a partir de uma sala nos fundos do seu escritório no bairro do Itaim, em São Paulo.

CONTRATOS FORJADOS

A engrenagem funcionava assim: ao receber um pedido para transferência para uma conta específica em Toronto, no Canadá, Youssef forjava um contrato de importação ("Câmbio Simplificado") entre duas das suas empresas — uma no Brasil (Labogen Labogen S.A. Química Fina e Biotecnologia) e outra registrada em Hong Kong (RFY Ltd). O cliente pagava em reais. Os dólares saíam da Labogen e chegavam à RFY, em Hong Kong. Na sequência, faziam escala em outras empresas, em outros países, até aportar na conta do beneficiário, indicada pelo pagador no Brasil.

As bases do negócio eram discrição e confiança. Sabia-se, por exemplo, que a Indústria Labogen S.A. estava inativa há mais de duas décadas. Desde 2010 seu endereço no interior paulista (Rua Frederico Magnusson, 247, Distrito Industrial, Indaiatuba-SP) passou a abrigar duas Labogen — uma de Química Fina e Biotecnologia e outra de Comércio de Medicamentos. E ambas contavam com uma única funcionária, a faxineira.

Juntas, essas empresas transferiram US$ 113,3 milhões, por meio de 1.945 operações baseadas em contratos fraudulentos. O comerciante paulista Pedro Argese Júnior, de 53 anos, assinava como presidente das Labogen, mediante 0,5% de comissão sobre as remessas. Em juízo, confirmou as fraudes.

No final do ano passado, o governo federal deu às Labogen um contrato de US$ 60 milhões. Forneceriam citrato de sildenafila, usado em tratamentos de impotência sexual e hipertensão arterial pulmonar. A negociação teria sido mediada pelo deputado André Vargas (PT-PR), amigo de Youssef. Ele nega. A cerimônia de assinatura do convênio foi solene, com a participação do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, candidato ao governo de São Paulo pelo PT. Três meses depois, Youssef foi preso e o compromisso anulado.

Enquanto esteve solto, ele administrou mais de cinco dezenas de empresas de fachada a partir de uma sala nos fundos do seu escritório no bairro do Itaim, em São Paulo. Com entrada independente, era frequentada semanalmente por parlamentares federais — testemunharam no tribunal sua contadora e seu advogado. Ali ficava a GFD Investimentos, nave-mãe do conglomerado de papel.

EMPRESA ENERGIA EÓLICA

Raros foram os negócios reais de Youssef. E esses poucos também acabaram transformados em papel. Foi o caso das empresas de energia eólica. Nasceram em 2008 por iniciativa do ex-deputado José Janene, que decidiu criar a CTSul sob controle de duas empresas de prateleira, CSA Project e Focus Participações.

No mesmo ano surgiu a Energio, em Fortaleza, controlada pela Focus e capitaneada por Rubens de Andrade Filho, colaborador de Janene e Youssef. No final de 2009, a Energio tinha oito subsidiárias e um único ativo: um contrato de venda de energia (481.800 Megawatts/hora) para a estatal mineira Cemig.

Quando completou dois anos de existência, a Energio acumulava três dezenas de subsidiárias e coligadas, além de um prejuízo operacional de US$ 2 milhões — em parte decorrente de um empréstimo de US$ 30 milhões. Em janeiro de 2012 todas as eólicas já estavam vendidas para um dos principais clientes de Youssef, a empreiteira Queiroz Galvão.

10 de set. de 2014

Família pressiona Youssef, doleiro do escândalo da Petrobras, para que faça também a delação premiada

BRASIL - Corrupção Petrobras
Família pressiona Youssef, doleiro do escândalo da Petrobras, para que faça também a delação premiada
Youssef recebeu indicações de que sua delação interessa às autoridades que investigam o caso, para esclarecer o emaranhado de corrupção da Petrobras, quando empreiteiras davam propinas milionárias a políticos governistas para obter contratos na estatal. O doleiro já tem uma experiência bem sucedida, com delação premiada, quando foi protagonista do escândalo Banestado (1990) – conseguiu ficar em liberdade


A decisão de Paulo Roberto Costa de contar o que sabe
parece ter inspirado seu amigo Alberto Youssef.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Blog do Josias de Souza, Veja, Radar Online<

Josias de Souza no seu Blog, reporta que a família do doleiro Alberto Youssef o pressiona para que negocie com o Ministério Público Federal os termos de um acordo de delação premiada semelhante ao que foi fechado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Youssef discutiu a hipótese com seus advogados. Não bateu o martelo. Mas sinalizou a intenção de seguir outro caminho. Equipa-se para tentar anular nos tribunais superiores de Brasília o inquérito da Operação Lava Jato e os processos dele decorrentes.

Além da pressão familiar, Youssef recebeu indicações de que sua delação interessa também às autoridades envolvidas no caso. No esquema de corrupção da Petrobras, empreiteiras davam propinas milionárias a políticos governistas para obter contratos na estatal.

Youssef já tem uma experiência bem sucedida, com delação premiada, quando em 1990, quando foi protagonista do escândalo Banestado – conseguiu ficar em liberdade.

Deve-se a resistência de Youssef em tornar-se um réu-colaborador ao advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Os dois têm se reunido semanalmente. A última conversa ocorreu há sete dias, na quinta-feira da semana passada. Nela, Youssef relatou a pressão que recebe da família para aderir à delação.

Preso há seis meses, queixou-se das condições carcerárias. Classificou sua situação de degradante. Divide uma cela com outros três presos. Um buraco no chão faz as vezes de vaso sanitário. A água para o banho é fria. Segundo seu relato, a coisa piora nos finais de semana. Fica trancafiado do meio da tarde de sexta até a tarde de segunda, sem banho de sol.

O ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa , que coabitava a mesma cela, teve, por assim dizer, um up-grade prisional desde que resolveu abrir o bico. Youssef revelou-se preocupado com a rendição do ex-parceiro. Perguntou a Kakay o que achava. O advogado repetiu algo que já dissera ao cliente. Considera desaconselhável a delação premiada. Avalia que há boas chances de anular a Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal ou no Superior Tribunal de Justiça.

De resto, Kakay recordou a Youssef que, havendo a delação, ele terá de abandonar a defesa. Advogado de “metade dos políticos e empresários desse país”, como costuma dizer, Kakay já teve alguns de seus clientes alvejados pelo delator Paulo Roberto. Entre eles a governadora maranhense Roseana Sarney e o senador Romero Jucá, incluídos pelo ex-diretor da Petrobras no rol dos supostos beneficiários do propinoduto. Numa eventual delação de Youssef, o número de clientes de Kakay engolfados pelo escândalo roçaria a casa das duas dezenas.

Kakay não defende Youssef na primeira instância do Judiciário. Ali, o doleiro é representado pelo doutor Antonio Figueiredo Basto. O mesmo advogado que assessorou o doleiro no escândalo do Banestado, estréia de Youssef no noticiário policial de âmbito federal. Acusado de ser o principal operador do esquema que movimentou perto de US$ 30 bilhões, Youssef firmou na ocasião um acordo de delação premiada. Por ironia, o juiz que atuava no caso era Sérgio Moro, atual titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, onde correm os processos da Lava Jato.

Embora seja menos enfático do que Kakay, o doutor Figueredo Basto também soa contrário à delação nas conversas que mantém com Youssef. Mas ele não deixa de mencionar os benefícios judiciais que a colaboração poderia render. E realça que, no limite, caberá ao próprio Youssef decidir que caminho prefere adotar.

Se mantiver a disposição de recorrer aos tribunais superiores de Brasília, Youssef terá de se conformar com a perspectiva de uma cana longeva. Antes de chegar à Capital, os processos fazem escala no que os advogados chamam de “tribunal de passagem'', no Estado. A travessia é rápida como o deslocamento de uma tartaruga manca. Em Brasília, Kakay não cogita enfrentar as acusações que pesam contra Youssef. Vai escorar suas petições em “teses processuais'', não no mérito das denúncias.

Kakay coleciona “erros'' supostamente cometidos pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. Invocando-os, pretende sustentar nos tribunais de Brasília a tese segundo a qual os responsáveis pela Lava Jato não observaram o “devido processo legal”. Outra tese que a defesa pretende esgrimir na Capital é a de que o juiz Sérgio Moro não teria competência legal para tratar, a partir de uma Vara de Curitiba, de um caso que tem abrangência nacional.

A delação serviria para reduzir a pena do doleiro, que pode ultrapassar cem anos de prisão. Há, porém, uma dificuldade adicional nesse caso: a credibilidade do Youssef junto a Justiça, deixa muito a desejar, uma vez que ele é acusado de não ter cumprido corretamente a parte dele, na primeira delação, o caso do Banestado: os procuradores acharam que ele não revelou tudo o que sabia – e ainda descumpriu a promessa feita aos promotores de que não atuaria mais no mercado de câmbio.

Há, porém, mesmo assim, forte boataria nos meios judiciais de que as negociações para a efetivação da delação estão indo de vento em popa.