14 de jul. de 2014

Notas sobre a 'Copa das Copas' - Maria Helena Rubinato

BRASIL - Opinião
Notas sobre a 'Copa das Copas'
Nunca pensei que o resultado de um campeonato fosse interferir com o resultado das eleições. Agora, começo a desconfiar do contrário. E a culpa é de quem? De dona Dilma que, entusiasmada com a vitória contra a Croácia, resolveu unir o Brasil/Governo ao Brasil/Copa do Mundo. Ou por teimosia, ou por ser mal assessorada, fez mal. Água e óleo não se misturam e jamais se misturarão!

Foto: R7/Divulgação

Postado por Toinho de Passira
Texto de Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
Fonte: Blog do Noblat

Simon Kuper, colunista do ‘Financial Times’, autor de um livro sobre futebol, ‘Soccernomics’ (com Stefan Szymanski, 2009), declara-se encantado com o ambiente no Brasil, apesar de não ter se deixado iludir pelo que viu. É bom jornalista, não é tolo. Sabe que a realidade é muito diferente da fantasia ‘Copa das Copas’.

Mas leiam uma definição que ele faz que explica seus sentimentos: “Procurem, por favor, entender o efeito de Copacabana sobre um cidadão do norte da Europa. (...) Alguns dos meus melhores momentos aqui foram as caminhadas que fiz descalço à beira-mar no Rio, em Fortaleza e em Salvador. Desconfio que muitos estrangeiros sentiram o mesmo”.

(Já tentou andar descalço nas praias da Cornualha ou mesmo da Côte d’Azur? Já? Pois é.)

Ele se deslumbrou, também, com o nosso à vontade e a nossa alegria, que são legítimos. Festas? Somos especialistas! Sempre deixamos o amanhã para o amanhã...

A Copa das Copas nem foi tão ruim quanto previam, nem tão perfeita quanto dizem. Mas tenho cá minha opinião: em qualquer lugar do mundo onde no mês da Copa fosse decretado férias escolares, que nos dias dos jogos fosse ponto facultativo (será que isso existe em outros países?) ou feriado geral nos dias dos jogos do anfitrião, a vida urbana correria muito bem.

Com menos turistas que o esperado, os aeroportos funcionariam, as estradas idem. Comparar o dia a dia do brasileiro com o dia a dia do turista aqui durante a Copa é brincadeira...

Não enganamos aos jornalistas de fora ou aos turistas atentos que mesmo sem compreender as palavras chulas, estúpidas, gritadas para dona Dilma, sentiram que ali não havia uma mensagem de amor. Ao contrário.

Não está nada muito bem no Brasil. Tiramos férias dos problemas de 12/6 a 13/7, mas agora voltamos ao real. E o real, misturado com a derrota vergonhosa para a Alemanha, aumentou a temperatura do desgosto.

Nunca pensei que o resultado de um campeonato fosse interferir com o resultado das eleições. Agora, começo a desconfiar do contrário.

E a culpa é de quem? De dona Dilma que, entusiasmada com a vitória contra a Croácia, resolveu unir o Brasil/Governo ao Brasil/Copa do Mundo.

Ou por teimosia, ou por ser mal assessorada, fez mal. Água e óleo não se misturam e jamais se misturarão!

Resultado: como em qualquer campeonato, o imprevisível podia acontecer. E aconteceu.

Dona Dilma honrou seu cargo e compareceu ao Maracanã para entregar a taça. Mas com que simpatia! Foi por isso que as câmaras de TV evitaram mostrá-la a sós, sempre ao lado de algum convidado.

Encerro com uma pergunta e um desabafo:

*quantos concordam com o prêmio de melhor jogador ao Messi, passando por cima do extraordinário Robben?

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