Mostrando postagens com marcador Organização Mundial do Comércio. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Organização Mundial do Comércio. Mostrar todas as postagens

12 de mai. de 2013

Apesar de chefia da Organização Mundial do Comércio, Brasil caminha para acordos bilaterais

Apesar de chefia da OMC, Brasil caminha para acordos bilaterais

BRASIL - Economia
Apesar de chefia da Organização Mundial do Comércio, Brasil caminha para acordos bilaterais
“O Brasil teve por muito tempo uma reputação de detonar as negociações comerciais, ao invés de impulsioná-las. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi fundamental para enterrar os planos de pacto de comércio de todas as Américas na última década, e também ajudou a estancar a rodada Doha de negociações comerciais, insistindo para que Washington e Bruxelas desmantelassem seus subsídios agrícolas”.

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Presidenta Dilma Rousseff durante encerramento do seminário “Brasil-EUA: Parcerias para o Século XXI”.

Postado por Toinho de Passira
Texto de Alonso Soto com reportagem adicional de Brian Winter
Fonte: Reuters, Amcham-Brasil , Blog do Planalto ,

O Brasil fez forte campanha para conseguir a chefia da Organização Mundial do Comércio (OMC) nesta semana, mas a portas fechadas o próprio país admite que a principal missão da entidade --avançar nas negociações globais de comércio-- parece no momento uma causa perdida.

Em vez disso, o governo da presidente Dilma Rousseff avança, ainda que cautelosamente, na direção de acordos bilaterais e regionais menos ambiciosos que podem ter maior chance de sucesso.

Na terça-feira, o diplomata brasileiro Roberto Azevêdo venceu a disputa para ser o próximo diretor-geral da OMC, o que foi comemorado por Dilma como uma vitória dos países em desenvolvimento.

Mas com as negociações lideradas pela OMC no limbo há anos, várias autoridades afirmaram à Reuters que foram instruídas a priorizar uma maior integração com os Estados Unidos e a União Europeia.

"O Brasil fez uma aposta pela OMC, mas agora a OMC não tem muita perspectiva de avançar. Assim, começa a surgir a percepção de que temos que partir para acordos bilaterais", disse uma autoridade que, como as outras, pediu anonimato.

"O governo começa a acordar para o fato de que o mundo está avançando e nós estamos perdendo mercado. Não podemos ficar parados."

Os mais próximos a Dilma dizem que ela não é uma protecionista, mas tem se mostrado relutante em explorar negociações comerciais devido a desequilíbrios econômicos ainda remanescentes da crise global de 2008/09.

Ela tem reclamado que países ricos estariam promovendo uma "guerra cambial" para enfraquecer suas moedas por meio de políticas monetárias expansionistas, favorecendo de forma injusta suas próprias exportações.

Como resultado, Dilma elevou no ano passado os impostos sobre dezenas de produtos importados, de carros a vidro, fechando o Brasil ainda mais.

O comércio responde por apenas 25 por cento da economia brasileira, a menor proporção na América Latina de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), atrás de Venezuela (52 por cento), México (59 por cento) e Chile (71 por cento).

O Brasil teve por muito tempo uma reputação de detonar as negociações comerciais, ao invés de impulsioná-las. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi fundamental para enterrar os planos de pacto de comércio de todas as Américas na última década, e também ajudou a estancar a rodada Doha de negociações comerciais, insistindo para que Washington e Bruxelas desmantelassem seus subsídios agrícolas.

No entanto, o persistente crescimento fraco da economia, que cresceu apenas 0,9 por cento no ano passado e está patinando em 2013, parece estar influenciando a presidente Dilma a buscar uma maior integração, dizem observadores.

"Você finalmente tem um governo que sabe que o país não pode ficar isolado", disse Vera Thorstensen, chefe do Centro de Comércio Global e Investimento da Fundação Getúlio Vargas.

SINAIS RECENTES

Oficialmente, o governo Dilma diz que planeja avançar tanto em negociações multilaterais na OMC quando em acordos comerciais mais focados.

"O Brasil segue defendendo que a liberalização pela via multilateral", disse o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior em resposta por email à Reuters. "Este esforço tem sido combinado com o empenho em aprofundar a integração regional e estabelecer acordos com parceiros selecionados."

Ainda assim, os sinais mais encorajadores têm claramente vindo do fronte bilateral.

Foto: Ed Ferreira/AE

“O Brasil precisa da cooperação dos Estados Unidos para dar o grande salto tecnológico que vai colocar a nossa indústria no século XXI. E os EUA precisam do acesso ao mercado brasileiro para alavancar sua economia”, disse o ministro Fernando Pimentel, durante seminário realizado em Washington (EUA) nesta segunda-feira 9.

Vários diplomatas disseram ter ficado surpresos com uma reunião de executivos norte-americanos e brasileiros neste ano, em que autoridades brasileiras --entre elas o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel --prometeram acelerar as negociações para acordos bilaterais de investimento e serviços com Washington.

O que acreditava-se ser uma reunião rotineira em Brasília acabou virando um "sopro de ar fresco" para o comércio entre os dois países, disse um diplomata.

Também há sinais de que líderes empresariais podem estar começando a se afastar lentamente do protecionismo. Por exemplo, autoridades afirmaram que uma recente consulta do governo junto a líderes empresariais mostrou amplo suporte à aceleração das negociações com a União Europeia.

"Hoje vivemos em um mundo em que o países estão baixando as barreiras tarifárias, impulsionando o comércio e sendo mais competitivos. Nós estamos perdendo competitividade",disse o diretor de desenvolvimento industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Abijaodi.

Parte dessa mudança pode ser explicada por acontecimentos recentes. Apesar de uma safra recorde de soja, a balança comercial do Brasil tem se deteriorado tanto neste ano que alguns temem que o país poderá registrar seu primeiro déficit comercial anual em 13 anos.

O senso de urgência também tem sido alimentado por uma série de pactos comerciais regionais sendo trabalhados entre Estados Unidos, Europa e outros países na Ásia e América Latina que podem deixar o Brasil de fora.

E a capacidade do Brasil de negociar acordos comerciais também sofre a restrição das regras do Mercosul, o bloco comercial regional que também inclui Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela.

O Mercosul proíbe os países de assinarem unilateralmente acordos que envolvam o comércio de bens. Entretanto, num momento de alta tensão com a Argentina, o Brasil avalia a ideia de flexibilizar as regras para permitir que cada membro negocie acordos comerciais a seu próprio ritmo, disseram autoridades empresariais e do governo.


*Acrescentamos subtítulo, fotos e legendas a publicação original da Agência Reuters

7 de mai. de 2013

Brasileiro, Roberto Azevêdo, é eleito diretor-geral da Organização Mundial do Comércio

BRASIL – Relações Exteriores
Brasileiro, Roberto Azevêdo, é eleito diretor-geral
da Organização Mundial do Comércio
O diplomata brasileiro foi eleito nesta terça-feira como o novo diretor-geral da OMC, ao derrotar o mexicano Herminio Blanco, que também concorria ao posto.

Foto: Gustavo Ferreira/MRE

Roberto Azevêdo será o primeiro latino-amerciano a chefiar a OMC desde sua criação em 1995. Em setembro substituirá, o francês Pascal Lamy, para um mandato de quatro anos..

Postado por Toinho de Passira
Fontes: G1, BBC Brasil, Reuters, Euronews

O diplomata brasileiro Roberto Azevêdo foi escolhido o próximo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, o órgão máximo do comércio internacional, a partir de setembro, segundo o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty).

O anúncio é informal; a confirmação oficial será feita pela OMC na quarta-feira (8). A decisão ainda será formalizada em reunião entre os países membros na próxima semana.

A disputa final ficou entre o brasileiro, que contou com o apoio dos países emergentes e em desenvolvimento, e o mexicano Hermínio Blanco, visto como candidato dos países ricos.

Nove candidatos se apresentaram para suceder o francês Pascal Lamy, que deixará seu posto no fim de agosto. Lamy está no cargo desde 2005.

Saíram da disputa, na primeira fase da seleção, os quatro candidatos que conseguiram menor apoio por parte da consulta feita com os 159 países-membros da OMC: Alan John Kyerematen (Gana), Anabel González (Costa Rica), Amina Mohamed (Quênia) e Ahmad Thougan Hindawi (Jordânia). Na segunda fase, deixaram a disputa o neozelandês Tim Groser, o sul-coreano Taeho Bark e a indonésia Mari Pangetsu.

É a segunda vez que o Brasil tenta emplacar no comando do órgão. Em 2005, quando Pascal Lamy foi eleito, o Brasil lançou Luiz Felipe de Seixas Corrêa para o posto. Desde sua fundação, em 1995, nunca um brasileiro ocupou a presidência da OMC, responsável por conduzir as rodadas que visam à liberalização do comércio mundial.

Um dos grandes desafios do novo chefe da OMC será reativar as negociações da Rodada Doha para liberalizar o comércio mundial, em ponto morto há anos.

Currículo do brasileiro

Azevêdo é diplomata de carreira, tem 55 anos e está no Itamaraty desde 1983.

Em nota divulgada em dezembro, na ocasião do lançamento do nome do diplomata, o Itamaraty destacou que "a candidatura brasileira representa a importância atribuída pelo país ao fortalecimento da OMC e procura contribuir para o progresso institucional da Organização e para o desenvolvimento econômico e social mundial".

O Itamaraty também chamou a atenção para a Rodada de Doha, em que o Brasil negocia para derrubar subsídios agrícolas em países desenvolvidos como forma de dar mais competitividade às mercadorias do país.

No comunicado, o ministério mencionou como objetivos da OMC a "melhoria dos padrões de vida, à garantia do pleno emprego e da renda, à expansão da produção e do comércio de bens e serviços, bem como ao uso dos recursos disponíveis em conformidade com o desenvolvimento sustentável".

Azevêdo é o representante do Brasil no órgão e atua como "negociador-chave". Antes, ocupou diversos cargos relacionados a assuntos econômicos no Ministério das Relações Exteriores, tendo atuado em contenciosos como os casos de Subsídios ao Algodão (iniciado pelo Brasil contra os Estados Unidos), Subsídios à Exportação de Açúcar (iniciado pelo Brasil contra as Comunidades Europeias) e Medidas que Afetam a Importação de Pneus Reformados (litígio iniciado pelas Comunidades Europeias), além de chefiar a delegação brasileira na Rodada Doha.