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16 de dez. de 2014

Dilma chora pela Petrobras? - Ruth de Aquino, para Época

BRASIL – Opinião
Dilma chora pela Petrobras?
Algum dia veremos lágrimas de Dilma pela má gestão petista da Petrobras? Será que Dilma chora às escondidas ao reconhecer, para si mesma, que a Petrobras deixou de ser o orgulho nacional para se tornar a vergonha nacional, processada até no exterior? Será que Dilma chora pelas perdas de todos os pequenos investidores enganados pela empresa?

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Postado por Toinho de Passira
Texto de Ruth de Aquino
Fontes: Época

Entendo que a presidente Dilma Rousseff chore pelo trauma da tortura e da prisão durante a ditadura militar. Queria ver a presidente chorando também, com sinceridade, pelas revelações da “outra” Comissão Nacional da Verdade. Uma verdade investigada e denunciada pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. Quantas mentiras foram ditas pela senhora, presidente, neste ano eleitoral?

Algum dia veremos lágrimas de Dilma pela má gestão petista da Petrobras? Ninguém pede perdão no Brasil, nem os presidentes militares nem os civis. Será que, no escurinho de seus aposentos no Palácio da Alvorada, Dilma já percebeu que Graça Foster está com os dias contados, porque seu comando na Petrobras se tornou indefensável, por conivência ou desleixo?

Será que Dilma chora às escondidas ao reconhecer, para si mesma, que a Petrobras deixou de ser o orgulho nacional para se tornar a vergonha nacional, processada até no exterior? Será que Dilma chora pelas perdas de todos os pequenos investidores enganados pela empresa?

“Roubaram o orgulho dos brasileiros”, afirma o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre o escândalo. Janot defende a demissão de toda a cúpula da Petrobras pelo “cenário desastroso na gestão da companhia”. Dilma escuta Lula dizer que tem de “botar o dedo na cara” da oposição.

Se Dilma chora pelas 434 vítimas do golpe militar – e nos emociona – , será que chora de tristeza, vergonha e, quem sabe, arrependimento por não ter detido a roubalheira na maior estatal do país, por não ter impedido a compra da Refinaria de Pasadena, por ter deixado rolar os desvios bilionários que sucateiam nossos serviços públicos e punem a população?

A lama já chegou ao Congresso. Logo teremos a lista de políticos no “corredor da cassação”. O deputado fanfarrão André Vargas, recém-cassado, diz ser “apenas um cisco” na Lava Jato. Sabemos que é verdade. Vargas foi um dos anéis defenestrados para o partido manter os dedos. Haverá outros. Em abril, Lula já dizia: “No final quem paga o pato (da amizade de Vargas com o doleiro preso Alberto Youssef) é o PT.” Será que um dia anistiaremos os bandidos?

É um exercício didático lembrar o que Dilma falou, em abril, em Ipojuca, Pernambuco, numa cerimônia alusiva à viagem do navio Dragão do Mar. Ela criticou a “campanha negativa” de denúncias contra a Petrobras e discursou para os operários. “Mais que uma empresa”, disse Dilma há oito meses, “a Petrobras é um símbolo da afirmação do nosso país, e um dos maiores patrimônios de cada um dos 200 milhões de brasileiros. Por isso, a Petrobras jamais se confundirá com qualquer malfeito, corrupção ou qualquer ação indevida de quaisquer pessoas, das mais às menos graduadas.” Ela chora, hoje? Ou só a gente chora?

“Sabemos que (a Petrobras) é a maior empresa e a mais bem-sucedida deste país. Acreditamos na Petrobras, acreditamos na Petrobras mil vezes”, afirmou Dilma ao encerrar o discurso em Pernambuco. Mil e uma vezes, Dilma mentiu ou foi traída. Numa ação coletiva em Nova York, advogados dizem que acionistas da Petrobras foram enganados em “esquema multibilionário de corrupção, suborno e lavagem de dinheiro desde 2006”.

Sete em cada dez brasileiros acham que Dilma tem alguma responsabilidade na corrupção da Petrobras. A pesquisa é do Datafolha, nos dias 2 e 3 de dezembro. A maioria não acredita que Dilma seja inocente.

O ministro Jorge Hage, de 76 anos, pediu semana passada demissão da Controladoria-Geral da União (CGU). Saiu dizendo que as estatais no Brasil não são fiscalizadas. Estão “fora do alcance” da CGU, principal órgão federal de combate à corrupção. Será que Dilma chora quando escuta isso ou se enfurece?

Não é só a Polícia Federal. Não é só o Ministério Público. Não é só a CGU. A penúria da economia real mostra direitinho quem pagará o pato pela incompetência. Não será o PT. Seremos nós. As metas foram mandadas para o inferno, e as contas e os impostos são aumentados com força total.

Será que Dilma chora pelos “crimes contra a humanidade” nos hospitais públicos de Brasília, ali pertinho dela? O programa Bom Dia Brasil da última sexta-feira expôs o descaso assassino com doentes. Ambulâncias paradas por falta de combustível, hospitais sem equipamentos ou médicos, exames cancelados até o ano que vem, internet e telefone cortados. Funcionários com salários atrasados.

“Falta de respeito e consideração com a classe trabalhadora. A gente limpa onde eles pisam, e não pagam a gente”, disse o auxiliar de serviços gerais de um hospital público, José Mário Romano. Famílias processam os hospitais de Brasília pela falta de socorro que provoca mortes. Será que Dilma chora por esses crimes contra a cidadania? Se chora, ninguém vê.

7 de dez. de 2012

A morte antecipada de Niemeyer

BRASIL
A morte antecipada de Niemeyer
Como funciona a produção de obituários pré-fabricados

Caricatura : Fernandes

Postado por Toinho de Passira
Texto de (Luís Antônio Giron , para a Revista Época
Fontes: Época

A morte do arquiteto Oscar Niemeyer era a notícia mais antiga do Brasil. Os obituários agora publicados foram escritos havia muitos anos, até mesmo por gente que veio a morrer antes de Niemeyer. Quem trabalha em redação sabe que as celebridades com mais de 60 anos ou até menos devem ganhar um obituário por antecipação, para que o redator não seja pego de surpresa quando alguma delas venha a morrer. Os necrológios de Niemeyer são produzidos há mais de 20 anos. Bem mais. Em 1994, o crítico e professor Teixeira Coelho publicou o livro Niemeyer: um romance. Narra as angústias de um biógrafo amador que espera a morte de Oscar Niemeyer para escrever a biografia “definitiva” do arquiteto. Mas, como Niemeyer não morre, o biógrafo fica à mercê do biografado, preso ao dia-a-dia opressor, curvado às decisões de sua mulher controladora, Beatriz B. Há onze anos, o livro ganhou uma segunda edição. Agora merece ser republicado, porque a tristeza do biógrafo de Niemeyer recebeu um sopro de dramaticidade. Até porque o personagem se foi bem antes de Niemeyer, 18 anos antes, sem poder concluir a sonhada obra, fracassado no ensaísmo e no casamento. A crítica disse que o personagem é um alter ego do próprio Teixeira Coelho, que sempre sonhou em escrever a biografia de Niemeyer. Chegou a hora, professor. Já para os jornalistas, a hora da morte precisa ser antecipada. A morte de Niemeyer era aguardada e sua vida, devidamente redigida.

Muita gente famosa sabe disso. Celebridades são entrevistadas e, quando não veem nada publicado, se dão conta de que deram um depoimento à posteridade. Devem sentir calafrios ao pensar nisso. Em geral, os vivos célebres que um dia vão morrer não são nem mesmo consultados. É preciso ser previdente: gente que nunca morreu sempre morrerá pela primeira vez e precisará de um texto de preferência elogioso. A sensação de que alguém está escrevendo o seu obituário neste momento deve ser pouco agradável, salvo para aqueles que, tomados pelo egocentrismo, sentem-se confortáveis com a eternidade; entendem que as reticências do texto precisarão ser preenchidas tão logo partam. Devem sentir como ninguém o significado do verso do poema “Um lance de dados”, de Stéphane Mallarmé, que preconiza o “ulterior demônio imemorial” (“ultérieur démon immémorial”), a noção da morte que o poeta deve possuir, para seguir seu trabalho no ossuário de outros poetas. Autobiografias são uma espécie de obituários premonitórios escritos por autores que querem dar a palavra final em tudo, até mesmo em sua posteridade. Infelizmente, o mundo e a posteridade se encarregam de contrariá-lo.

Dessa forma, a exigência do necrológio adiantado cria algumas distorções. A pior delas é que não existem praticamente obituários puros, escritos no calor da hora. Eles poderiam trazer alguma emoção. Um texto dramático sobre alguém que morre de repente é sempre mais interessante que uma peça pré-fabricada. Obituário é o gênero literário que mais evita a imprevisibilidade; daí ser difícil praticá-lo com alguma elegância. Geralmente, os textos dos obituários ostentam o tom frio e distante – quando não alegre. Isso porque quem o está redigindo não se encontra no momento da escritura envolvido emocionalmente com o assunto. Em geral, o redator encarregado do serviço fica de mau humor e costuma varrer a vida e a obra da celebridade em questão da forma mais burocrática possível, para assim se livrar rapidamente da tarefa desagradável. Este é um dos temas do romance Afirma Pereira (1994), do italiano Antonio Tabucchi, que foi levado ao cinema em 1996, com Marcello Mastroianni no papel de Pereira. O editor de um diário de Lisboa no tempo da ditadura de Salazar contrata um jovem jornalista para redigir obituários de escritores famosos ainda vivos. Ele se chama Pereira, e é só o começo de uma aventura política. O obituarista serve apenas como um mote para um enredo maior. Na redação, Pereira sua para escrever obituários de seus autores favoritos ainda vivos. E, se algumas vezes ri da situação, acha tudo aquilo horrível. Até porque existe uma superstição segundo a qual redigir obituários dá azar. Quem o faz corre o risco de morrer antes do morto futuro. E isso acontece de fato.

Em abril de 2005, a revista Época publicou o elogio fúnebre de João Paulo II, escrito pelo famoso jornalista polonês Tad Szulc, que havia morrido quatro anos antes. Um texto comovente e repleto de detalhes escrito por um compatriota – que estava na gaveta da redação havia anos. Os leitores aplaudiram a iniciativa. O caso se repete agora. O jornal londrino The Guardian publicou ontem, na noite da morte de Niemeyer, um brilhante obituário escrito pelo crítico de arquitetura Martin Pawley – que morreu em 2008. Ele deixou as reticências para serem completadas com os dados da morte do morto. O redator anônimo do Guardian que completou o texto ciosamente citou os prédios de Niemeyer construídos muitos anos depois da morte do autor do necrológio. Pawley ganhou, em março de 2008, um obituário de seu colega David Jenkins, que ainda vive. Mas não consigo deixar de pensar em uma história em que Jenkins já havia escrito o obituário de Pawley, e morrido antes dele.

Essa corrente de obituários que se unem a outros obituários novos e antigos me leva a pensar que não faz diferença se um morto é analisado por um vivo ou por outro morto. Aliás, um morto recente abordado por um morto mais velho fornece respeitabilidade ainda maior ao conteúdo do texto. Soa como se o redator fizesse o papel de anfitrião do seu biografado nos portões do Paraíso – e o recebesse por lá como um especialista em sua obra e contribuição à humanidade. Ninguém melhor credenciado que um morto para falar de outro. Mais ainda um morto antigo que trata do morto recém-chegado ao outro mundo. Imagino que Pawley tenha aberto ontem um sorriso para recepcionar Oscar Niemeyer no céu. Os dois devem estar rindo das penosas tarefas dos vivos, uma delas a dos redatores eternamente obrigados a viver antecipando a morte alheia.
Veja o obituário de Oscar Niemeyer, na Revista Época:
Oscar Niemeyer morre aos 104 anos no Rio de Janeiro

9 de jan. de 2012

Comer mal é um vício ou temos escolha?

SAÚDE
Comer mal é um vício ou temos escolha?
Um novo estudo sugere que a gordura cria dependência como cocaína e heroína. O guru da alimentação saudável dá 20 lições para evitar ser refém do lixo alimentar

ilustração: Sattu

Francine Lima
Fonte:Revista Época

Quando alguém menciona drogas viciantes, o que vem à mente são substâncias ilegais como cocaína, crack ou heroína. Pelo que se sabe, não há níveis seguros para o consumo dessas drogas. A orientação é ficar longe delas. Desde a semana passada, a ciência médica acrescentou à lista de produtos capazes de provocar dependência algo assustadoramente próximo de nós: a comida gordurosa. Um estudo com ratos publicado na revista Nature Neuroscience sugere que o consumo de alimentos ricos em gordura leva ao desenvolvimento de um tipo de dependência parecida com a que afeta os viciados em cocaína ou heroína. O cérebro dos ratos superalimentados, assim como nos dependentes químicos, apresenta uma queda acentuada nos níveis de substâncias responsáveis pelas sensações de prazer, conhecidas como receptores de dopamina. Com menos receptores, o organismo precisa de quantidades de gordura cada vez maiores para que o cérebro registre satisfação. É o mesmo mecanismo cerebral do vício humano em drogas. A pesquisa, feita apenas em ratos, confirmou em laboratório pela primeira vez aquilo de que muitos especialistas já suspeitavam: certos tipos de comida viciam.

“Espero que este estudo mude a maneira como muitos pensam sobre comida”, diz Paul Johnson, coautor do estudo realizado no Scripp Research Institute, da Flórida. “Ele demonstra como a oferta de comida pode produzir superalimentação e obesidade.”

Ao vincular dependência química à alimentação, a pesquisa divulgada na semana passada lança uma série de novas questões – e reanima velhos fantasmas – no debate sobre comida. Levada às últimas consequências, ela pode até mesmo sugerir que os consumidores são manipulados pela indústria do fast-food do mesmo modo como jovens são aliciados por traficantes na porta das escolas. Trata-se do tipo de estudo que traz alento àqueles que acreditam que somos reféns de uma indústria alimentar inescrupulosa, incapaz de manifestar uma preocupação genuína com a saúde – e afirmam que o cidadão precisa de regras quase policiais para controlar a comida, assim como precisa da polícia antidrogas.

A diretora do Nida (o instituto do governo americano contra o abuso de drogas), Nora Volkow, chegou a afirmar que o novo estudo ajudará a aplicar o conhecimento adquirido no combate à dependência química ao tratamento da obesidade. Depois de proibir o fumo e limitar o consumo e a propaganda de álcool, a brigada dos militantes pelo controle alimentar passa, portanto, a dispor de mais argumentos para defender restrições à batata frita ou ao churrasco. “É improvável que proíbam a picanha como fizeram com a cocaína”, diz o neurocientista Jorge Moll, coordenador do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, do Rio de Janeiro. “Mas o experimento com ratos sugere que deixar de comer compulsivamente não depende só de força de vontade.”

Afinal, o que há de fantasia e de realidade nessa visão? Estaríamos indefesos diante da gordura como diante do tabaco – e seu consumo deveria ser restrito? Até que ponto a indústria alimentar tem tanto poder de controlar o que come o consumidor? Não é possível a cada um de nós, de acordo com nosso livre-arbítrio, escolher uma alimentação saudável e viver comendo bem?

Para responder a essas questões, é preciso analisar de perto as evidências científicas. Os próprios experimentos com ratos sobre o vício oferecem evidências ambivalentes. Em seu estudo, Johnson e seu colega, Paul Kenny, dividiram os animais em três grupos. O primeiro grupo foi alimentado com ração comum. O segundo teve acesso restrito a comida gordurosa, comparável à que encontramos numa lanchonete. O terceiro teve acesso quase ilimitado. Os ratos do último grupo se esbaldaram numa comilança compulsiva. Ao final de 40 dias, estavam mais gordos e, além do maior peso, foi observada alteração nos centros cerebrais de prazer similar à de ratos drogados com substâncias como cocaína e heroína.

ORGÂNICO Pollan na feira. Ele é contra qualquer comida que nossos avós não reconheceriam como tal. Mas isso deixa muita coisa saudável de fora
Mas outra experiência realizada em 1981, também com ratos e tóxicos, lança outra luz sobre o tema. Ela foi conduzida pelo psicólogo canadense Bruce Alexander, da Universidade Simon Fraser. Alexander construiu um verdadeiro parque de ratos, com 8,8 metros quadrados. O lugar era aquecido, com brinquedos coloridos e bastante espaço. Os ratos do parque e outro grupo de ratos – estes engaiolados – receberam água com morfina por 57 dias, até ficar viciados. Depois, passaram a ter água pura como opção. O grupo enjaulado continuou consumindo água com morfina. Os ratos do parque reduziram gradualmente o consumo da droga. Apesar dos sintomas de abstinência, quando recebiam água com morfina, preferiam beber água pura. Alexander usou a experiência para demonstrar que, num ambiente saudável, os ratos – e por analogia talvez as pessoas – conseguem se livrar mais facilmente de um vício. Basta ter condições de fazer a escolha certa.

Convivemos com substâncias potencialmente perigosas o tempo inteiro – álcool, tabaco, remédios e uma infinidade de substâncias ilegais –, sem que nos tornemos necessariamente reféns delas. Com a comida não é diferente: tudo depende das escolhas individuais e das circunstâncias. Há diferentes predisposições ao vício, diz o psiquiatra Marcelo Niel, da Universidade Federal de São Paulo. Alguns podem usar drogas recreativamente sem se viciar, outros ficam totalmente dependentes. Essa diferença depende de componentes genéticos e ambientais, ainda não completamente esclarecidos. O comportamento compulsivo seria uma válvula de escape para ativar centros de prazer. “Em alguns pacientes que comem compulsivamente, se tiramos a comida, eles podem desenvolver sintomas psiquiátricos mais pronunciados”, diz Niel.

Há, portanto, uma dose de oportunismo nas comparações entre gordura e drogas e na defesa de restrições draconianas à indústria alimentar. O ativista americano Michael Pollan ficou conhecido com o livro O dilema do onívoro como um dos maiores críticos da forma como é feita a comida que chega a nossa mesa. Pollan e o italiano Carlo Petrini, fundador do movimento Slow Food (o oposto do fast-food), afirmam que a indústria não para de nos empurrar porcarias goela abaixo. Mas mesmo Pollan acredita que, para combater a obesidade e a má alimentação, o melhor caminho é respeitar o livre-arbítrio. Em seu novo livro, Food rules (Regras da alimentação), lançado nos Estados Unidos no final de 2009, ele sugere que retomemos o controle de nossa vida alimentar por meio da cozinha tradicional, que nos foi legada por nossos pais e avós.