A dissidente cubana Yoani Sánchez chegou na madrugada desta segunda-feira (18) ao Brasil, primeira etapa de uma viagem de 80 dias que a levará a uma dezena de países da América e da Europa. Yoani chegou em um voo procedente de Cidade do Panamá ao aeroporto internacional Guararapes, da cidade de Recife, onde era esperada vários amigos, entre eles o cineasta Dado Galvão, seu anfitrião no Brasil.
Yoani foi recebida também com protestos. Um grupo de manifestantes a acusou de receber dinheiro dos Estados Unidos para ser revolucionária.
Na noite desta segunda-feira, Yoani será a convidada especial de uma sessão na qual será projetado o documentário Conexão Cuba-Honduras, produzido por Galvão e no qual ela é uma das entrevistadas. A projeção acontece em Feira de Santana, na Bahia, para onde Yoani se deslocou após ter seguido de inicialmente em avião para Salvador, e de lá irá de carro até Feira de Santana, cidade de 557 mil habitantes, situada a 116 quilômetros da capital baiana.
A viagem de Yoani, uma das vozes mais críticas da ilha, foi possível devido à reforma migratória vigente desde o dia 14 de janeiro em Cuba e após ter recebido negativas durante os últimos cinco anos do Governo de Havana para sair do país. Em 2012, ela tentou visitar o Brasil para participar da apresentação do documentário, mas as autoridades cubanas negaram a permissão de saída do país.
Foto: Edmar Melo/EFE
A turma convocada pela embaixada cubana no Brasil, petistas, integrantes da CUT e similares, fizeram sua primeira aparição no aeroporto do Recife, protestando contra a presença de Yoani Sánchez em território brasileiro.
A blogueira terá no Brasil uma intensa agenda que inclui sua participação em conferências e debates sobre liberdade de expressão e direitos humanos, mas ela também quer "conhecer os brasileiros e seu modo de vida".
Além de assistir à exibição do documentário, Yoani dará na terça-feira (18) uma entrevista coletiva em Feira de Santana, terá uma sessão de autógrafos de seu livro De Cuba, com Carinhoe participará de um debate sobre liberdade de expressão e direitos humanos. Na quarta-feira (19) fará turismo em Salvador e depois partirá rumo a São Paulo, onde suas atividades se prolongarão até sábado.
A viagem de Yaoni também inclui México, Peru, Estados Unidos, República Tcheca, Alemanha, Suécia, Suíça, Itália e Espanha, onde entre outros eventos participará na cidade de Burgos de um congresso sobre internet entre 6 e 8 de março.
Foto:Helia Scheppa/Reuter
Yoani Sánchez diz que escolheu o Brasil como primeiro destino, porque os brasileiros insistiram sempre em convidá-la, inúmeras vezes, mesmo quando não havia nenhuma esperança de que o regime deixasse que ela saísse de Havana
Segundo a Veja, um dos motivos da viagem da blogueira Yoani Sánchez é divulgar o livro ”De Cuba, com Carinho”, uma coletânea de seus textos sobre o triste cotidiano do povo cubano sob a ditadura dos irmãos Fidel e Raúl Castro. O trabalho rendeu à dissidente uma perseguição implacável. Ela foi sequestrada, torturada e, durante anos, impedida de deixar o país. É rotulada de mercenária pelos comunistas da ilha e acusada de trair os princípios revolucionários.
O que Yoani não sabe, diz a Veja, é que, apesar da distância que separa o Brasil de Cuba - 5 000 quilômetros -, ela não estará livre dos olhos e muito menos dos tentáculos do regime autoritário.
Para os sete dias em que permanecerá no Brasil, o governo cubano escalou um grupo de agentes para vigiá-la e recrutou outro com a missão de desqualificá-la a partir de um patético dossiê. Uma conspirata oficial em território estrangeiro contra quem quer que seja é uma monumental afronta à soberania de qualquer nação.
Esse caso, porém, envolve uma inquietante parceria. O plano para espionar e constranger Yoani Sánchez foi elaborado pelo governo cubano, mas será executado com o conhecimento e o apoio do PT, de militantes do partido e de pelo menos um funcionário da Presidência da República.
O conselheiro político da embaixada de Cuba em Brasília, Rafael Hidalgo, organizou uma reunião no dia 6 de fevereiro com militantes do PT, do PCdoB e integrantes da CUT para que fosse montada uma operação de desqualificação de Yoani Sánchez. Entre os participantes do encontro estava Ricardo Poppi Martins, coordenador-geral de Novas Mídias da Secretaria-geral da Presidência e subordinado ao ministro Gilberto Carvalho.
A estratégia de desqualificação da ativista cubana, informada pelo embaixador Rodríguez na reunião, incluía uma ofensiva de “contrainformação” por meio da divulgação de um dossiê com dados distorcidos sobre a vida dela. Para sustentar a tese de que Yoani teria uma vida de luxo, os presentes à reunião receberam fotos em que ela é retratada bebendo cerveja, comendo banana ou tomando sol na praia.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) protocolou nesta segunda-feira na Mesa Diretora do Senado requerimento para que os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-geral da Presidência) e Antonio Patriota (Relações Exteriores) prestem esclarecimentos aos parlamentares sobre a informação, contida na reportagem da Veja, de que dirigentes partidários, integrantes do corpo diplomático e pelo menos um representante da Presidência da República participaram de uma negociação para desqualificar a blogueira cubana Yoani Sánchez.
O senador tucano também oficializou convite para que o embaixador cubano no Brasil, Carlos Zamora Rodríguez, esclareça a perseguição que emissários do governo de Raúl Castro pretendem fazer à ativista.
Nós do “thepassiranews”, damos as boas vindas a nossa parceira Yoani Sánchez, de quem sempre transcrevemos artigos, e ficamos felizes e honrados por ela ter ficado algumas horas em Recife, Pernambuco.
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