2 de fev. de 2015

DEBOCHE: Aliados de Cunha apelidaram articuladores do governo, Ministros Pepe Vargas e Aloizio Mercadante, de 'Pepe Legal’ e 'Freddie Mercury'

BRASIL – Eleição Congresso
DEBOCHE: Aliados de Cunha apelidaram articuladores do governo, Ministros Pepe Vargas e Aloizio Mercadante, de 'Pepe Legal’ e 'Freddie Mercury'
Na festa da comemoração da vitória, os aliados do novo presidente da Câmara não pouparam o Ministro da Coordenação Pepe Vargas e o o poderoso Aloizio Mercadante - visto como o chefe da desastrada articulação contra a candidatura de Cunha

Foto: Givaldo Barbosa / Agência O Globo

O deputado Eduardo Cunha (PMDB), novo presidente da Câmara, comemora a vitória

Postado por Toinho de Passira
Reportagem de Maria Lima
Fonte: O Globo

Mais do que a vitória de Eduardo Cunha, os cerca de 200 correligionários do peemedebista saborearam com champanhe e finas iguarias em uma casa de festas do lago Sul a fragorosa derrota imposta ao PT e ao Palácio do Planalto. O novo presidente da Câmara foi recebido com gritos de “Brasil pra frente, Cunha presidente”.

Disposto a se fazer respeitar como o segundo na linha sucessória da Presidência, o vitorioso sabe que nos próximos dias deverá receber acenos do ministro chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante - visto como o chefe da desastrada articulação contra sua candidatura - para recompor a relação. Mas nas conversas com interlocutores foi taxativo: recebe Mercadante na Câmara ou onde ele quiser, mas no Palácio do Planalto “só pisa” se for para ser recebido pela presidente da República.

Os peemedebistas diziam que mesmo com 30 ministros trabalhando incansavelmente nos últimos dias, o Planalto só conseguiu agregar mais cerca de 40 votos aos cerca de 90 que o petista Arlindo Chinaglia já tinha do PT, PCdoB e outros aliados quando lançou sua candidatura.

Também comentaram muito o fato de que o PT ainda não entendeu “o tamanho da derrota”: perdeu as poderosas Comissão de Constituição e Justiça, a de Finanças e Tributação e todos os cargos na Mesa pelos próximos dois anos. Até mesmo os dois cargos que o partido negociou com o PR e PSD para postos secundários na Mesa perderam no voto para candidatos avulsos apoiados por Cunha.

— Eu não impus essa derrota ao PT. Eles é que se derrotaram — disse Eduardo Cunha.

Os aliados de Cunha diziam que Dilma já sabia que a derrota seria “humilhante”, no primeiro turno, desde cedo. A articulação de Mercadante para manter o PV no bloco de Júlio Delgado (PSB-MG), e levar a disputa para o segundo turno, também não passou despercebida e entrou na “conta” de Cunha. Na contabilidade do novo presidente, a vitória seria ainda maior se o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), não tivesse enquadrado os tucanos da Câmara.

— No inicio da semana eu tinha 40 votos no PSDB. Mas o Aécio enquadrou direito. Perdi uns 30 votos, mas ainda tive uns 10 no PSDB. O Aécio achava que iria me apoiar no segundo turno e seria vitorioso, mas não chegou lá — disse Cunha.

Na avaliação dos peemedebistas, qualquer que fosse o candidato do Planalto, a derrota aconteceria do mesmo jeito, porque “a grife PT não está muito vendável no mercado”.

— Eles ainda não entenderam que foi uma resposta da Casa contra o PT. Estamos saboreando, mas o Eduardo agora tem que ter juízo. Ele é o presidente da Câmara do Brasil, e pode fazer um estrago do c...! — disse Geddel Vieira Lima.

E a derrota, avaliam, tem de ser debitada na conta da dupla de articuladores “Pepe Legal e Freddie Mercury”, como batizaram ironicamente os ministros Pepe Vargas, de Relações Institucionais, e Aloizio Mercadante, por causa do bigode. Pepe foi comparado ao antecessor e ex-ministro Luiz Sérgio (PT-RJ), que não tinha qualquer peso na articulação.

— O Luiz Sergio acabou servindo cafezinho no Planalto. Esse agora achou que sabia cozinhar e se ferrou — ironizaram os peemedebistas.

Foto: Montagem

Comparações feitas por aliados sobre os articuladores do governo

Sobre a disposição da presidente Dilma e seus ministros de tentar uma reaproximação com Eduardo Cunha, usando as nomeações do segundo escalão do governo, seus aliados ironizaram:

— Esquece! O Eduardo vai se fazer respeitar colocando uma pauta de votações olhando os interesses do País. O governo precisa interpretar melhor o tamanho dessa derrota. Quem quer segundo escalão desse governo que está aí?

Nas rodas de conversa, presidentes de partidos que integram o blocão que venceu a eleição, parlamentares e convidados traçavam cenários da relação com a presidente Dilma Rousseff, comentavam os erros dos ministros articuladores do Planalto e até mesmo a possibilidade do aliado ter que comandar um pedido de impeachment da presidente num futuro próximo.

Sobre a esperada enxurrada de processos contra parlamentares envolvidos na operação Lava-Jato, pedidos de abertura de novas CPIs pela Oposição ou até mesmo um pedido de impeachment, Cunha , nas conversas, disse que não tem como segurar nada como Presidente da Câmara.

— A derrota do PT no primeiro turno foi um capote na presidente Dilma! A vida dela, a partir de março, vai virar um inferno! Vai vir impeachment aí, e quem vai ficar é o Temer! — bradava Levy Fidelix, presidente do PRTB, que integrou o bloco de Cunha.

— O melhor caminho da Dilma, com sua limitação de competência, era renunciar e entregar para o Michel. Ele já assumia trocando todo o comando da Petrobras e recuperando a credibilidade do empresariado — defendeu mais cedo Darcisio Perondi (PMDB-RS), dizendo que o resultado da eleição mostrava que “o populismo do PT” estava sendo enterrado.

Para não aprofundar a crise de relação com o PT, o vice-presidente Michel Temer não foi à festa de Cunha. Mas recebeu no Jaburu para avaliar a nova situação uma turma liderada pelo ex-ministro Moreira Franco, Geddel Viera Lima e outros peemedebistas mais próximos. Os aliados de Cunha, na festa, avaliaram que agora o reeleito presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que precisou da ajuda do Planalto para segurar os votos do PT, “vai virar instrumento” do governo.

Mas consideram a situação de Renan imprevisível diante da nova onda de delações premiadas dos empreiteiros. Também comentaram a possível delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, que tem ligações muito próximas com o PT .

Antes de se sentar para tomar “só uma taça de vinho” com a família, Eduardo Cunha teve que apagar um incêndio com Levy Fidelix. Muito exaltado e fazendo sinal com o dedo do meio, ele mandava “se f...” Luis Tibé, presidente do PTdoB, que integra com o PRTB o bloco de nanicos que apoiou Cunha. Queria que Cunha tirasse o PTdoB do bloco porque o partido tinha traído e fechado com Chinaglia.

— Traíra? Rua! O cara iludiu a gente, estava negociando cargo, pô! Queria levar a gente pra lá e o que eu quero é derrotar o PT — esbravejava Fidelix, dizendo que com os 17 deputados do bloco dos nanicos iam ganhar uma comissão técnica na nova gestão da Câmara.

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