É verdade, Eduardo Campos, depois de morto, doou 2,5 milhões a campanha de Marina Silva
BRASIL - Eleição 2014 É verdade, Eduardo Campos, depois de morto, doou 2,5 milhões a campanha de Marina Silva A transferência em espécie ocorreu no dia seguinte ao desastre que matou o então candidato, enquanto ainda se procurava os restos mortais do pernambucano. Basileu Margarido, coordenador da campanha e homem de confiança de Marina, defende que estranho evento foi um ato contábil legal. Pode até ter sido, mas...
Foto: Arquivo Postado por Toinho de Passira O jornal O Dia reportou o que já havia sendo divulgado pela internet informalmente: é verdade que no dia seguinte ao desastre que matou o presidenciável Eduardo Campos, mesmo antes de seus restos mortais tivessem sido recolhidos do local onde caiu o avião, seus partidários transferiram em espécie R$ 2,5 milhões de sua conta de campanha para o Comitê Financeiro Nacional, administrado pelo PSB, que, dias depois, anunciaria Marina Silva como substituta. Tecnicamente, depois de morto, e em lugar incerto e não sabido, Eduardo Campos, que por causa do falecimento estava encerrando a sua campanha, decidiu transferir o dinheiro que estava com a campanha dele, para os cofres do Partido, para ser usado posteriormente na campanha de Marina. Informa o jornal que segundo o coordenador financeiro da campanha, Basileu Margarido — homem de confiança de Marina — tudo está dentro da legalidade e justifica: “O escritório de Direito que nos atende consultou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para fazer a operação. Segundo eles, não há nada de errado”, garantiu. O TSE, porém, não confirmou a consulta e informou que ainda vai analisar as prestações de contas. Foto: Reprodução
Um parêntesis: Basileu Margarido, onde esses políticos arranjam essas figuras de nomes exóticos para cuidar das finanças das campanhas e dos partidos? Depois do celebre Delúbio Soares agora surge esse tal de Margarido. Fecha o parêntesis.
“Não deixa de ser estranho que uma campanha que se propõe a fazer a nova política, se valha de artifícios da velha”, opina outro. Os dois concordam que, neste caso, o pior que poderá ocorrer é a aprovação das contas pelo TSE, mas com ressalvas, “além, é claro, do constrangimento, já que é um subterfúgio contábil que eles por certo criticariam se fosse realizado por outro partido”. Um olhar mais acurado faz supor que a operação tem tudo para ser um jeitinho de lavar uma grana, em espécie, que estava nos cofres da campanha, compondo a contabilidade do velho conhecido Caixa 2. Não se pode ver com naturalidade os constantes flagrantes de dinheiro em espécie na posse de candidatos e campanhas, nos tempos de dinheiro eletrônico, facilidade de transferência bancária e riscos de ter os comitês assaltados. Imaginamos o pânico de Basileu Margarido, enquanto todo o resto do partido a pranteava a morte de Eduardo Campos, com esse dinheiro de reputação duvidosa a lhe queimar as mãos. Mostrou que é um sujeito hábil e frio: preferiu trazer imediatamente a grana para a luz do dia, correndo os riscos das interpretações que poderão ser dadas pelo TSE, contando que boas desculpas e explicações saneadoras poderão ser fabricadas a posteriori, do que ficar com ela, parada e clandestina, nos cofres da reputação de Eduardo Campos. Há de se perguntar se o candidato foi consultado. Se a procuração informal de tomar decisões em seu nome, estaria em vigor, naquelas circunstâncias. Sabe-se que as procurações formais perdem a validade com o falecimento. Em termos práticos, diante das circunstancias foi uma decisão malandramente sábia, que pode até encontrar respaldo legal, mas moralmente... |
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