Dilma e o golpismo fiscal
BRASIL – Desgoverno Dilma Dilma e o golpismo fiscal À revelia da lei, governo faz manobra para oficializar a irresponsabilidade com o gasto público ao mesmo tempo que, orientado por uma lógica política, anistia municípios comandados em sua maioria por petistas ou partidos da base aliada Foto: Moreira Mariz/Ag. Senado Postado por Toinho de Passira Não gastar mais do que se arrecada. Esse princípio básico de administração começou a ser levado a sério pelos gestores brasileiros no ano de 2000, com a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal, uma das grandes conquistas do País após a redemocratização ao lado da eleição direta e da estabilização da moeda. Mas a gastança não planejada do governo federal ameaça acabar com o mais importante pilar da gestão pública. Imersa em uma ciranda de custos crescentes e receitas estagnadas, a presidente Dilma Rousseff seria enquadrada pela Lei de Responsabilidade Fiscal no próximo ano se não usasse sua máquina política e fraudasse a própria norma que rege os gastos públicos, para obrigar o Congresso a redefinir os parâmetros do exercício fiscal de 2014. Com a alteração da meta de superávit, prevista para ser votada na terça-feira 2, o governo pretende regulamentar – ou seja, tenta dar ares de legalidade – a prática corrente de maquiar as contas públicas para elaborar um falso cenário de equilíbrio financeiro. Trata-se de um golpe. A necessidade de promover uma ginástica fiscal para que a conta feche, porém, parece não ter servido de lição. Mesmo faltando dinheiro para honrar os compromissos do governo, na quarta-feira 26 a presidente sancionou a lei que muda o índice de correção das dívidas de Estados e municípios com a União e permitiu o cálculo retroativo de débitos contraídos antes de janeiro de 2013. Para a benesse, o governo abriu mão de R$ 59 bilhões em receitas de juros das dívidas que chegam à casa dos R$ 500 bilhões. A mudança nos contratos das dívidas é um pleito antigo dos prefeitos e governadores. Quando assumiu, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi pressionado a fazer a alteração. Mesmo em um momento econômico melhor, Lula não cedeu aos pedidos. Em 2005, o então prefeito José Serra (PSDB) foi ao Congresso expor a situação financeira do município, pleiteou alterações na lei, mas voltou de mãos vazias e permaneceu com a dívida bilionária a pagar. Agora, o município de São Paulo, comandado por Fernando Haddad (PT), é o maior beneficiado pela mudança, que ganhou ares de anistia. A cidade terá um abatimento de R$ 26 bilhões no total do saldo de sua dívida graças ao cálculo retroativo. Com a margem, São Paulo poderá voltar a solicitar empréstimos a bancos públicos para tocar grandes obras. Numa clara decisão política dirigida a um partido político à custa do estouro no Orçamento, a alteração legal dará a Haddad a possibilidade de movimentar mais R$ 3 bilhões em investimentos durante sua gestão. O impopular prefeito de São Paulo é candidato à reeleição em 2016 numa cidade em que a vitória é crucial para os planos de poder petista. Foto: Dida Sampaio/Estadão
Na esfera estadual, o principal beneficiado será Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do País e também um Estado estratégico para o PT. O petista Fernando Pimentel assumirá o governo com uma boa notícia. Ele iniciará a administração com uma dívida menor do que a de seu antecessor, Antonio Anastasia (PSDB). O alívio nas contas públicas proporcionará margem adicional de pelo menos R$ 2,4 bilhões para Pimentel ampliar os gastos do governo. Além da administração estadual, 53 cidades mineiras serão contempladas com a repactuação. Foto: Gustavo Miranda/Ag. O Globo
A fragilidade da situação financeira e o hábito petista de gastar mais do que pode produziram, nesta semana, mais uma página lamentável no histórico do relacionamento do governo Dilma Rousseff com o Parlamento. O presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), apressou as bancadas para realizar sessão de votação de vetos presidenciais e deixar a pauta limpa para votar o projeto do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que flexibiliza a meta de superávit de 2014. *Alteramos o título da publicação original |
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